Maurice (que estava no Mindelo, talvez a bordo de um paquebot, sabe-se lá...) comprou o postal editado por Giuseppe Frusoni com a Pracinha da Igreja na frente ("Praçinha", lá se lê), registou no verso a data de 24 de Julho (de 1909), disse um "Até breve!", enviou a sua amizade, assinou e meteu-o no correio para... Mademoiselle Gény, no 46 do Boulevard de Montparnasse, Paris. Hoje está lá o estaminé de comes e bebes "Les Zazous" nome que expressa uma certa subcultura dos tempos da II Guerra Mundial, de gente com roupas fora do comum e amiga do jazz. O postal foi carimbado nos Correios de São Vicente a 25 e a 8 do mês seguinte estava em Lisboa. Gény tê-lo-á recebido na cidade-luz lá para meados de Agosto. Terá suspirado?...
Lindo postal de Soncent de temp Canequinha!!!!
ResponderEliminarTão interessante como o postal é a stóra que através dele se adivinha. E nesta altura o coreto da Pracinha da Igreja ainda não tinha a cobertura que se vê em imagens posteriores... até que desapareceu o coreto, ficando os das Praças Nova e Estrela. Mas o que eu gostava mesmo era de saber o que aconteceu ao Maurice e à Gény...
ResponderEliminarBraça enigmática,
Djack
O Joaquim não cessa de nos surpreender com as suas pesquisas lá onde o tempo cobriu a memória com grossíssimas camadas de poeira. É lá que encontramos o Mindelo que fervilhava de vida cosmopolita, apesar da sua insignificância como urbe.
Djack, quanto au Maurice e à Gény, terão sido vistos a comer uma valente cachupada au 47 Rue Hérold, 06000 Nice, para onde foram viver depois de casados. Parece que ele provou a dita cuja no Bar Estrela, ali ao pé do liceu Gil Eanes, e tanto apreciou que pediu a receita à nha Maninha de Marco. E acabaram por montar uma boa tasca onde não tinham mãos a medir para satisfazer a clientela que se enamorou do prato cabo-verdiano. Andei à procura da tabuleta da tasca mas por enquanto estou de mãos a abanar.
Então é isso, então é isso mesmo. Há tempos o Valdemar disse-me que tendo ido a Nice para fazer diversos workshops no Théâtre National local, um dia foi almoçar a um restaurant dessa cidade gaulesa em cujo menu estava um prato de seu nome "cachupe de maïs". Aquilo pareceu-lhe de tal modo irreal que pediu o prato e sai-lhe uma cachupa com todos os matadores, deliciosa e odorífera como se impõe o prato nacional das ilhas verdianas. Perguntou então ao garçon como tinha chegado a iguaria ao estaminé e ele disse-lhe que era neto de um casal que tinha estado em São Vicente em lua-de-mel na diazá e que de lá tinha trazido a receita. Chamavam-se de facto os avós do garçon (que servia à mesa mas era dono do estabelecimento) Maurice e Gény e o franciú imagine-se - disse-me o Valdemar - chamava-se Pierre Matiote e era filho de um Ambrose Anticonformiste, nomes de tradição familiar que os avós citavam nas suas conversas e serviram no seu baptismo e no do pai.
ResponderEliminarLes tours que le monde donne...
Djack
Ñão tem nada a ver com o postal, mas sim com o comentário do Adriano e a sua citação do Bar Estrela...Nunca confirmei se ali se comia cachupa, para ser franco, mas o que tenho a certeza é de que, no bar do Herculano se comiam as melhoires sandes de carne de porco assada do Mundo!
ResponderEliminarSucedeu em Amsterdão numa esplanada escolhida ao acaso. Estava eu com a minha irmã mais nova (ex-Vice Cônsul de Portugal em Clermont Ferrand) e um primo que ali vive há muitos anos. A solicitação em neerlandês o garçon trouxe-nos o cardápio que Vitorino ia traduzindo sob o olhar curioso do profissional que, às tantas nos disse "Mdjor ê esse prote li".
ResponderEliminarPerante o nosso espanto soubemos que ele tinha ido por quinze dias fazer wind surf no Sal e... ficou seis meses, prometendo voltar. Tinha sido alojado por colegas, que nada receberam e lhe ensinaram o crioulo
Munde ê piqnim !!!
De vez em quando temos de meter umas "pirraças" para animar a malta.
ResponderEliminarNão sei se no Bar Estrela se servia cachupa nos fins do século XVIII ou princípios do XX. Nem sei se o estabelecimento já existia sequer. Mas dá para fazer de conta.
O que eu sei é que aos 18 anos apanhei no Bar Estrela o que terá sido a minha única experiência em matéria de bebedeira (fusca). Mas que não o foi propriamente. Tinha 18 anos e dava explicações à noite a um adulto que se preparava para fazer o 2º ano do liceu. Um dia, ou melhor, uma noite, ele convidou-me para ir jantar e fomos ao Bar Estrela. O prato foi galinha de caril. Ele mandou servir vinho tinto e bebi talvez mais do que devia. Quando saímos do estabelecimento a minha cabeça andava à roda, mas sentia-me apesar tudo sob controlo. Só que quando me deitei vomitei a valer. Pudera, eu não estava habituado ao vinho. A minha mãezinha ralhou comigo mas lá percebeu o excesso episódico do seu filho mais velho. Que por sinal era bem comportadinho.