Texto em página inteira e em recorte, para facilidade de leitura. Uma entrevista conduzida pelo poeta, coisa rara, de que não conhecemos outro exemplo... o que não quer dizer que não exista. Em próximo post, voltaremos a falar do comandante Sousa Machado, homem culto e artista dotado que conviveu com a nata da intelectualidade são-vicentina, enquanto capitão dos portos local.
Muito interessante de facto esta entrevista que confirma a velocidade com que se deslizava o Areias e o dinamismo do poeta que, uma vez não é costume, se armou em jornalista.
ResponderEliminarQuando o diálogo se deu eu navegava em outras águas e nunca mais soube o destino do mastodonte que se deslocava como uma tartaruga. Mas, deixemos de má língua porque prestou serviços e possibilitou a chegada a S.Vicente do Pedro Afonso que havia de se notabilizar com a primeira Rádio na Rua de Lisboa.
Pelo que me toca "merci" ao Praia de Bote pelo valioso contributo.
Esta é uma peça preciosa que não deixará de concitar o interesse de todos aqueles que conheceram o Senhor das Areias e nele navegaram. Como já tive oportunidade de aqui contar num post sobre a memória da minha primeira viagem marítima, o Areias foi o navio dessa minha aventura. Tinha eu 6 anos e a viagem foi para S. Antão, tendo regresso sido no mesmo navio. Digamos que é como o primeiro amor, jamais se esquece.
ResponderEliminarClaro que o valor desta entrevista advém também do facto de ter sido conduzida pelo nosso grande poeta claridoso.
Dada a minha pouca idade por essa data, não me lembro deste capitão dos portos. Mas pergunto se é o mesmo que estava em funções em 1956. Se é, conheci-o muito bem porque foi meu professor de matemática no Gil Eanes.
Belas recordações, Djack!
É quase garantido, caro Adriano, pois desconhecendo a data em que a comissão terminou, sei que a mesma teve início neste ano de 53. Ora como as comissões eram de três anos... reencontraste o teu professor.
ResponderEliminarEm breve, enviar-te-ei material sobre uma homenagem que lhe foi feita pela Marinha e também aqui colocarei algo, inclusive um filme.
Braça matemática reencontrada,
Djack
Continuando o meu anterior comentário:
ResponderEliminarPode no entanto acontecer que o teu professor tenha sido o sucessor dele. É que se ele iniciou a comissão em 53, terá saído em 56 e o sucessor terá entrado nesse ano. Pode este ter sido o teu professor e não o comandante Sousa Machado.
De qualquer modo, se ainda o apanhaste em final de comissão, não me admiro nada. É que como verás no próximo post, ele tinha amizades entre o pessoal do Liceu: nhô Balta incluído, mais Chantrim e nhô Roque...
Braça duvidosa quase certa,
Djack
Mais uma peça valiosa da história SV/CV que deveria ser devidamente resgatada
ResponderEliminarUma peça jornalística, histórica, deveras interessante! Primeiro, pelo perfil do Jornalista, o nosso portentoso e belo poeta Jorge Barbosa que foi Cronista/ Correspondente do Boletim «Cabo Verde», durante o tempo que esteve na Alfândega do Mindelo e na chefia aduaneira da ilha do Sal. Os números do Boletim dos meados dos anos 50 e primórdios dos anos 60 do século passado, dão conta disso. Sem ter a certeza, creio que também da ilha Brava, enquanto lá trabalhou, enviou crónicas...
ResponderEliminarSegundo, por se tratar de um barco, já lendário, eu criança, na ilha do Fogo tenho na memória ter visto passar "inclinado" e o barco "rebolava" muito o Senhor das Areias, sobre o qual se contavam muitas histórias cuja importância pôde hoje perceber, através deste "repiscar" da entrevista, em boa hora trazida à actualidade pelo nosso Praia de Bote. Obrigada
Djack, bem à moda mindelense, tratávamos o professor por "nhô captain".
ResponderEliminarSe a comissão era de 3 anos, é mais provável que tenha sido o seu substituto, até porque a figura que o representa no desenho não me faz lembrar o professor. O comandante Sousa Machado parece ser alto, não muito avantajado de corpo e do tipo moreno, ao passo que o que foi meu professor era de estatura meã e a dar para o cheio, e não era de tez morena, pois tinha a pele bem branca e o cabelo castanho claro.
Esclareço que ele foi nomeado para substituir o professor anterior, que passou para outras turmas, pelo que, assim sendo, ele terá avançado já com o ano adiantado, portanto, em 1957, já que se tratava do ano lectivo 1956/1957, que é quando entrei para o 1º ano. A minha recordação dele é muito boa e explico porquê. Era simpático e sensível ao trato com a miudagem (eu tina 12 anos e estava no 1º ano), diferente do professor substituído (pessoa de idade já bem madura), que era carrancudo e ainda por cima tinha o hábito de amedrontar os jovens alunos com uns ruídos guturais bruscos e, sobretudo, com a aplicação de umas "rebencadas" de ponteiro na cabeça sempre que, chamado ao quadro preto, o aluno errava na expressão numérica pelo simples facto de colocar primeiro o numerador e só depois o travessão. Ele queria o contrário, sempre que estava em causa uma fracção numérica. Com toda a tensão psicológica criada, tive dificuldade em entrar nas expressões numéricas (não viesse o ponteiro desabar-me sobre a cabeça). Mas veio o "nhô captain" e num ápice passei a dominar qualquer expressão numérica. Eu e os amedrontados que estivessem interessados em aprender, claro.
Esta é a razão por que recordo o professor com grande simpatia. E com ele não havia naturalmente lugar a "rebencadas" de pau nem rugidos furiosos.
Entretanto, vi o teu mail a enviar o documento que poderá ser esclarecedor, pelo que o vou ler com interesse.
O PdB já publicou, em devido tempo, a minha larga experiencia do Areias, numa viagem S.Vicente-S.Nicolau-Sal-Brava, tinha eu os meus 17 anos...
ResponderEliminarQuanto a esta postagem considero-a, não uma pérola mas um colar de pérolas, em que são intérpretes o entrevista, o entrevistador e o objecto da conversação...Magnifico!
Recado ao Val - A primeira (e ultima) Rádio da Rua de Lisboa, foi o Rádio Clube Mindelo...A do Pedro Afonso - que haveria de ser meu padrinho de casamento - resultou de um desentendimento de carácter técnico entre o dito e o meu pai, mas que não chegou, no entanto, para obscurecer uma amizade de décadas...
Conheci, ainda criança, o Senhor das Areias fundeado na Baía e perguntava a mim próprio porque aquele navio de três mastros não navegava. Tempos depois ele fez uma viagem que ouvi dizer que foi para o porto da Praia. Passado alguns meses regressou ao Porto Grande e foi fundear no mesmo lugar. Isto foi nos finais dos anos 60.
ResponderEliminarTempos depois, mais precisamente no inicio dos anos 70, presenciei durante algumas semanas o desmantelamento do Senhor das Areias no Cais de Alfandega.
Não conseguia entender o porque estavam a fazer aquilo. Será que as padarias estavam com tanta falta de lenha para assar pão nos fornos??
Coisas e pensamentos de Criança
Grandes comentários!!!
ResponderEliminarUm 20 para todos e a respectiva braça,
Djack