terça-feira, 9 de dezembro de 2014

[1156] "Coração de Lava", novo livro de poesia e fotografia de José Luiz Tavares e do português Duarte Belo, já está na rua (com actualização)

Clique nas fotografias, para as poder ver melhor

Foi hoje lançado na Associação Caboverdeana de Lisboa, na presença de númeroso público - que incluía as honrosas figuras da Sr.ª Embaixadora de Cabo Verde, Dr.ª Madalena Neves e do Presidente do Município de Mosteiros (Fogo), Sr. Carlos Fernandinho Teixeira -, o livro de poemas e fotografia "Coração de Lava", de José Luiz Tavares e Duarte Belo.

Excelente trabalho a nível de conteúdos, grafismo e aspecto exterior, o livro tem a particularidade de referir o vulcão do Fogo que nos últimos dias tem sido motivo de notícias a nível nacional e internacional, por ter entrado mais uma vez em erupção com arrasamento para já de duas localidades e inúmeros prejuízos em que não é menor a desaparição de largo espaço de terra de cultivo.

Simpatia dos autores
Mas não é disso que a obra fala, pois a mesma ficou pronta dos trabalhos da gráfica precisamente no dia em que os fatídicos acontecimentos tiveram início. Como disse o apresentador, Dr. Alberto Carvalho, trata-se de uma espécie de diálogo do autor com vários interlocutores (inclusive o próprio vulcão e o fotógrafo co-autor), orientado num trabalho complexo e profundo em que o vulcão é personagem principal. Não é fácil falar deste livro, escrito em verso livre, longo e tortuosamente "sabe". Digamos que é mesmo um livro para ser lido e não comentado e que vivamente se recomenda - e que, é garantido, fará longa companhia ao Praia de Bote neste final de ano.

Deixamos aqui, para os nossos leitores, a reportagem do evento, excepto a da derradeira parte, em que Duarte Belo reproduziu algumas (dos milhares de) fotos que realizou no Fogo - muitas das quais plasmadas em "Coração de Lava", retratando uma realidade tão recentemente engolida pela lava, pedras e cinza do guardião e frequente carrasco da ilha. A excepção deve-se ao facto de fotografias feitas a um ecrã não terem qualidade, excepto se obtidas com máquinas muito especiais. De qualquer modo, prometemos que em próxima oportunidade revelaremos mais algumas do vasto acervo que nos foi oferecido por José Luiz Tavares e Duarte Belo.

Resta citar a grande surpresa da tarde, a declamação de um poema de temática cabo-verdiana da Sr.ª Embaixadora de Cabo Verde que surpreendeu pela inesperada novidade e qualidade. Praia de Bote gostaria de aqui o mostrar mas pelos vistos, nesse particular poético, pelos lados da diplomata salense a coisa promete, pelo que ficamos a aguardar desejados desenvolvimentos.


Dr.ª Madalena Neves (esquerda) e José Luiz Tavares

Presidente da Câmara Municipal de Mosteiros, Carlos Fernandinho Teixeira

Tchicau interpretando uma morna alusiva ao Fogo

O grande mindelense Armando Tito, nosso vizinho almadense

Mário Rui, interpretando uma morna

José Luís Hopffer Almada, na apresentação dos membros da mesa

O deputado português José Ribeiro e Castro, grande amigo de Cabo Verde

Aspecto do numeroso público

Parece um copo de leite, parece...

O Dr. Alberto de Carvalho, na apresentação do livro


Não, não é um copo de leite... é um copo com uma vela decorativa

José Luís Hopffer Almada apresenta o fotógrafo Duarte Belo

2 comentários:

  1. Para as reportagens e divulgações o Praia de Bote se desloca a velocidade do som. Botes e remos e "aquês motozim" continuam a servir, claro, mas para nos levar na sabura do "devagarim, devagarim" que também tem o seu encanto e que muito bem fica nos moldes de nôs terra.
    O lançameno do livro deste ilustre autor não podia ser em melhor altura. Assim faço votos para que a obra tenha grande sucesso e que sirva para despertar muita gente pois a Ilha do Fogo precisa de toda a espécie de ajuda para se reconstruir.
    Com os votos de muita coragem aos irmãos do Burcam, um Obrigado a todos os que se encontram na feitura do livro e, também, que o propagam.

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  2. Ainda não li todos os poemas deste livro, mas ouso dizer que o diálogo só aparentemente é com o Vulcão. Este é simplesmente o meio instrumental. O diálogo é ontológico e abarca toda a dimensão do ser, é-o com o poeta consigo próprio (introversão) e é-o simultaneamente com o meio envolvente, convocando a matéria (lava e pedras) e os seres que a habitam. Há um efeito polifónico na estrutura narrativa, que faz da cumplicidade entre a materialidade da natureza e a existencialidade dos seres o imo de uma linguagem que não explica ( já que não pode ou não deve) por que a lava escorre para atingir o grau zero, sem memória do espaço e do tempo, sem trégua e sem destino. Tal como o ser que, impotente, a contempla.

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