Extrema violência, muitas vezes impune, que se tem vindo a sentir nos últimos tempos na capital de Cabo Verde (e não só), atinge agora filho do primeiro-ministro de Cabo Verde, baleado na cidade da Praia.
Solidarizo-me com o filho do PM e com toda a sua família, incluindo naturalmente o José Maria. O Luiz tem razão na opinião que emite. Também em Portugal, o mais alto representante do Estado (presidência ou governo) teria ido ao funeral. Porque nestes casos o atentado transcende a pessoa singular da vítima e visa o próprio Estado. Não compreendo a ausência verificada no funeral da senhora assassinada nem o silêncio dos órgãos de soberania. É caso para supor que estão com medo e que o fenómeno da criminalidade é muito mais grave do que aparenta. Dá a ideia de que o Estado está capturado e refém de algo que cresceu insidiosamente sem se deixar notar e está hoje impregnado no corpo do próprio Estado. A experiência vem demonstrando que o fenómeno do tráfico da droga subverte capciosamente as células da sociedade e inquina as suas estruturas. É claro que a simples revisão do código penal não chega, embora seja indispensável. Cabo Verde caiu no erro crasso de assimilar códigos europeus, na senda da consagração idealística dos direitos humanos. A história da vida das nações ensina-nos que a tessitura das leis tem necessariamente de obedecer a uma visão pragmática da realidade. Porque cada realidade social é diferente em si mesma e o decalque de regras e princípios a aplicar à vida colectiva é errado e mau conselheiro. Penso que a sociedade cabo-verdiana tem de parar para pensar a fim de reflectir sobre o que de errado se permitiu ao longo da nossa vida colectiva, mormente a partir do momento em que tudo se liberalizou (economia em especial) sem se acautelar os riscos que inapelavelmente ameaçam um corpo social indefeso e impreparado contra certa estirpe de vírus. A inexperiência dos políticos se aliou à precipitação de algumas medidas e isso abriu espaços propícios à contaminação social. A sociedade tem de parar para pensar e radiografar atentamente o carcinoma que lhe corrói as entranhas. A meu ver, códigos penais mais duros e o reforço das estruturas prisionais são medidas indispensáveis e urgentes. Mas não chegam. É preciso extinguir a tropa, cuja existência no sentido clássico não se justifica na nossa terra. Apostar apenas em meios aeronavais para patrulhar as nossas águas. Pegar nos recursos gastos com a tropa terrestre e empregá-los no reforço das estruturas policiais de investigação, controlo e repressão. E não ter medo de aplicar a lei. É ver que o tráfico de droga na maior parte dos países asiáticos é punido com a pena de morte. Penso que se Cabo Verde não enveredar por aí a coisa é capaz de vir a tomar proporções catastróficas. A mim não me repugna essa medida se ela resultar na segurança e protecção de gente indefesa e inocente. Para grandes males grandes remédios, diz o povo.
O ataque traiçoeiro ao filho do PM é uma Declaração de guerra ao Estado e, em qualquer tipo de guerra, só o mais forte vence. Se continuarem no amadorismo, servindo-se dos soldados para paradas, e não decidirem pôr a tropa em cima dessa gente, vamos ter a Praia (e com ela as outras cidades e ilhas) transformadas numa pequena Venezuela onde poucos vão se safar porque incapazes de terem milícias particulares para os acompanhar ou acompanhar seus familiares no seu dia a dia. Metem-se agora com o filho do PM e brevemente será com o seu Pai e muitos outros que já andam tremendo de medo e, por via disso, fechados para não serem atingidos.
Solidarizo-me com o filho do PM e com toda a sua família, incluindo naturalmente o José Maria.
ResponderEliminarO Luiz tem razão na opinião que emite. Também em Portugal, o mais alto representante do Estado (presidência ou governo) teria ido ao funeral. Porque nestes casos o atentado transcende a pessoa singular da vítima e visa o próprio Estado. Não compreendo a ausência verificada no funeral da senhora assassinada nem o silêncio dos órgãos de soberania. É caso para supor que estão com medo e que o fenómeno da criminalidade é muito mais grave do que aparenta. Dá a ideia de que o Estado está capturado e refém de algo que cresceu insidiosamente sem se deixar notar e está hoje impregnado no corpo do próprio Estado. A experiência vem demonstrando que o fenómeno do tráfico da droga subverte capciosamente as células da sociedade e inquina as suas estruturas.
É claro que a simples revisão do código penal não chega, embora seja indispensável. Cabo Verde caiu no erro crasso de assimilar códigos europeus, na senda da consagração idealística dos direitos humanos. A história da vida das nações ensina-nos que a tessitura das leis tem necessariamente de obedecer a uma visão pragmática da realidade. Porque cada realidade social é diferente em si mesma e o decalque de regras e princípios a aplicar à vida colectiva é errado e mau conselheiro.
Penso que a sociedade cabo-verdiana tem de parar para pensar a fim de reflectir sobre o que de errado se permitiu ao longo da nossa vida colectiva, mormente a partir do momento em que tudo se liberalizou (economia em especial) sem se acautelar os riscos que inapelavelmente ameaçam um corpo social indefeso e impreparado contra certa estirpe de vírus. A inexperiência dos políticos se aliou à precipitação de algumas medidas e isso abriu espaços propícios à contaminação social.
A sociedade tem de parar para pensar e radiografar atentamente o carcinoma que lhe corrói as entranhas. A meu ver, códigos penais mais duros e o reforço das estruturas prisionais são medidas indispensáveis e urgentes. Mas não chegam. É preciso extinguir a tropa, cuja existência no sentido clássico não se justifica na nossa terra. Apostar apenas em meios aeronavais para patrulhar as nossas águas. Pegar nos recursos gastos com a tropa terrestre e empregá-los no reforço das estruturas policiais de investigação, controlo e repressão. E não ter medo de aplicar a lei. É ver que o tráfico de droga na maior parte dos países asiáticos é punido com a pena de morte. Penso que se Cabo Verde não enveredar por aí a coisa é capaz de vir a tomar proporções catastróficas. A mim não me repugna essa medida se ela resultar na segurança e protecção de gente indefesa e inocente. Para grandes males grandes remédios, diz o povo.
O ataque traiçoeiro ao filho do PM é uma Declaração de guerra ao Estado e, em qualquer tipo de guerra, só o mais forte vence. Se continuarem no amadorismo, servindo-se dos soldados para paradas, e não decidirem pôr a tropa em cima dessa gente, vamos ter a Praia (e com ela as outras cidades e ilhas) transformadas numa pequena Venezuela onde poucos vão se safar porque incapazes de terem milícias particulares para os acompanhar ou acompanhar seus familiares no seu dia a dia. Metem-se agora com o filho do PM e brevemente será com o seu Pai e muitos outros que já andam tremendo de medo e, por via disso, fechados para não serem atingidos.
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