Que o Zito é um sábio, já a gente sabia. E que o Zito tem olho, também é facto conhecido. Mas estas coisas de se ser sábio e de se ter olho requerem provas. E a prova provada está no último excerto do texto que escolhemos para lhe oferecer (nomeadamente na zona por nós sublinhada a negrito verde)... O Zito é mesmo um sábio!...
Furna, Brava |
O estudo da Brava, que terminou hoje, fez-me muito bem,
graças ao óptimo e cordial acolhimento que nos dispensou o simpático e zeloso
Administrador do Concelho, sr. dr. Júlio José Pinheiro. A ilha é autêntica
maravilha: parece jardim. Quando se chega ao porto da Furna, pequena enseada
com modesta ponte de desembarque, não se suspeita sequer o deslumbramento que
nos vai surpreender, daí a pouco mais de meia hora, após a subida do porto até
à Vila de Nova Sintra, por boa estrada, pela qual não obstante as dificuldades
do seu traçado, o automóvel que nos esperava desliza velozmente. (…)
Nova Sintra, Brava |
Certamente, como consequência deste meio naturalmente belo,
harmonia sem igual, e permanente encantamento, o povo desta ilha é dotado de
dotes artísticos excepcionais, que se manifestam espontaneamente, e de que as
mornas são a tradução na poesia e na música. Que delicada inspiração, que
doçura de sentimento, que arte consumada, que fina ironia se encontram nessas
composições poéticas. (…)
O tipo da população é notável pela regularidade e perfeição
dos traços fisionómicos, pela delicada cor da tez e pelo engraçado e suave
sotaque do falar crioulo. A beleza, distinção e elegância das bravenses tem
sido e será sempre tema cantado pelos poetas. (…)
Obrigado, Djack...Eu sinto-me, como meu neto Miguel costuma chamar-me, "sabichão"...Sábio? Jámé (pronuncia francesa de ...jamais)...O epistolista leu bem a terra e as gentes e, já agora, a estrada que ele percorreu da Furna à Vila, foi projectada pelo avô da Maiúca, quando foi Administrador do Concelho, bem antes do Dr. Pinheiro...Quando a ter olho, foi coisa ocorreu no Mindelo, mais precisamente, num Baile da Pinhata no ex-Rádio Clube Mindelo...Só dois anos mais tarde vim a conhecer a Brava e conferi um surdo aplauso a quem se tinha lembrado de associar o nome de Sintra para baptizar a Vila...
ResponderEliminarQuanto ao negrito verde, sempre lhe direi que não é preciso ser poeta: basta ter olhos na cara...
Finalmente, agradeço o verde que, julgo, terá a ver com a minha costela Sportinguista!
Braça de sôdade...
Zito
CLARO QUE EU QUERIA ESCREVER "MUDO APLAUSO" E NÃO SURDO...É DA IDADE!...
ResponderEliminarZito
Não conheço a Brava mas hei-de ir lá um dia se Deus quizer
ResponderEliminarA crónica do Zito está mesmo memorativo de um tempo e da ilha pequena e bela que conheci da minha adolescência, vizinha do Fogo e lá ter passado belas férias.
ResponderEliminarQuando se fala da ilha Brava vem-me também à memória as palavras definidoras das mulheres bravenses, na pena a grande Jornalista e Contista, Maria Helena Spencer (1911-2005) que numa da suas reportagens inserta no antigo Boletim Cabo Verde, descreveu-as assim: "(...) Ali cada mulher do povo é uma senhora pelos seus hábitos, pela elegância do seu porte, pela delicadeza instintiva que põe em cada palavra, cada gesto..." (1957). De facto era essa ideia que guardámos da gente da Brava, se calhar de outrora...
Eram isso mesmo, gente fina, delicada e "morabi" (a ilha Brava é o berço real do já muito estafado e generalizado para outras ilhas, do vocábulo: "morabeza". A Brava sabia receber o forasteiro que a visitasse.
Abraços
Ondina