Trata-se de um pedido de Amante da Rosa a um colega bloguiste. Pelo interesse da coisa, aqui fica também registado o texto
"Caro Luis Miguel Correia,
Há muito que venho acompanhando o seu blog pois sou um admirador das fotos que tem vindo a publicar. Recorro aos seus préstimos, para o seguinte:
Nos inícios de 1940, com a II Guerra Mundial um navio italiano piróscafo Gerarchia, ex-Pietro Gori, que fazia a rota Argentina, carregada de cereais, para Génova, teve um avaria nas máquinas e foi socorrida pelo rebocador Matiota e uma outra lancha, ambos do Porto de Mindelo, durante três dias e noites. No fim do conflito foi rebocado, em 1945, pelo navio Bailundo, e deu entrada no Tejo semanas depois.
Não pude obter outras informações mas terá sido registado pela CNN, em 1947, com o nome de Lunda. Por acaso terá alguma foto do Lunda? Ou poderá indicar-me, se puder, algum site onde possa localizar uma foto do Lunda? Tenho os planos detalhados do Gerarchia que consegui de um site italiano. Mas não tenho foto. Seria também uma forma de saber se um era o outro.
A minha intenção é mandar fazer uma pintura a óleo do rebocador Matiota a rebocar em mar cavado o Gerarchia. O rebocador Matiota foi depois levado para o Porto de Lisboa e teria sido o último rebocador a carvão em Portugal. Tenho foto que vou ver se junto a esta mensagem.
Na expectativa de uma sua resposta aproveito para lhe enviar os meus melhores cumprimentos e saudações.
Manuel Amante da Rosa"
Uma pintura do MATIOTA seria a maior homenagem que se pode fazer ao célebre rebocador que salvou outros barcos (de cujo nome não me recordo jà) além do Gerarquia que fez parte da paisagem portograndense durante a II Guerra e... pelo recorde que bateu ao transportar (anos depois) 14 clandestinos para a Argentino. Todos ficaram pois foram recebidos por familiares.
ResponderEliminarEra voz corrente que esse rebocador da Shell (o mais potente que por ali andou) não pagava impostos portuàrios desde o dia em que "salvou" um barco português que que se encontrava jà pertinho da Galé. Verdade ou conto não importa. Matiota era querido por todos porque era o maior e o mais elegante.
Quanto ao outro rebocador, so podia ter sido o "Mindelo" (da Miller's)ou o "Nacional" (justamente da C° Nacional). Neste trabalhou o meu avô materno como fogueiro, o que me proporcionou umas voltinhas.
Seria bom se aparecesse alguém comooutros dados.
Caro Valdemar Pereira, como se dizia história, puxa história. Pelo menos na Guiné de onde nasci e criei. Uma investigadora portuguesa que se debruçou sobre o "Gerarchia" indica que teria sido a lancha motor "Concha II" a auxiliar o "Shell Matiota" na árdua tarefa de rebocar o enorme navio e ainda por cima carregado até dentro do Porto Grande. Eram ambos da Shell que terá querido tomar em mãos o salvado. Caso tomemos em consideração que teriam iniciado a jornada de reboque em S. Nicolau e só completaram a tarefa ao fim de três dias e três noites vislumbramos o quão difícil terá sido. Sabendo o mês talvez pudéssemos encontrar o estado do tempo e do mar. Mas abre-me outras perspectivas com o seu comentário. Ainda bem! Que havia um rebocador da Millers de nome "Mindelo". Não consegui ninguém que me dissesse saber de um rebocador com esse nome. E o "Nacional"? Seria bom caso pudesse ter fotos destes rebocadores. Deveriam ser a carvão certamente. Um forte Abraço.
EliminarInfelizmente, não posso ajudar. Mas fico com o proveito das informações prestadas pelo autor da carta e pelo Val.
ResponderEliminarCaro Manuel Rosa
ResponderEliminarLonge de mim querer substituir o Luís Miguel Correia, de quem eu sou amigo pessoal e considero que é na atualidade, um dos maiores escritores e fotógrafos de assuntos náuticos em Portugal.
Todavia, como me considero também um entusiasta destas coisas ligadas ao mar, acredito que poderei dar algum esclarecimento sobre a pergunta que fez ao Luis Miguel. O meu amigo quer saber, qual o destino dado ao vapor italiano “Gerarchia”? Retido durante largo período no Porto Novo, durante a segunda guerra mundial, e de seguida rebocado para Lisboa, após o término do conflito.
Depois de ter acedido a algumas fontes, fiquei a saber que o cargueiro “Gerarchia” foi construído em 1912, como holandês “Sturmfels”, deslocava 5660 toneladas brutas.
Teve vários armadores que lhe foram mudando o nome: 1916 “Ferrara”, 1924 “Nazareno”, 1926 “Gerarchia”. Após a guerra em 1947 ainda aparece com os nomes de “Giuseppa Mazzini” e “Rosolino Pilo” e foi com este nome que foi abatido em 1958 para sucata em Osaka.
A hipótese de ter sido registado em Lisboa como “Lunda”, em 1947, na CNN, não é verdade, porque o único vapor com o nome de “Lunda “ a incorporar a marinha mercante portuguesa, tratou-se do pequeno cargueiro americano “Luther Hurd”, construído em 1944, comprado pela Companhia Colonial de Navegação e não CNN, como foi dito na peça, em 1947, com um deslocamento reduzido de 1896 toneladas.
Este navio navegou com pavilhão português até 1956, altura em que foi vendido para Cuba, com o nome de “Bahia de Tanamo”, abatido para sucata 10-10-75.
Resumindo o histórico “Gerarchia” nunca fez parte da lista da marinha mercante portuguesa.
Saudações marinheiras
Luis Filipe Morazzo
Caro Luís Filipe Morazzo, os meus agradecimentos sinceros pelas novas da vida, certamente atribulada, do "Gerarchia". Já lhe tinha respondido a agradecer mas devo involuntariamente feito algum erro e o meu comentário acabou por não sair. Na realidade, quando pude obter a foto do "Lunda" vi que a armação do casco, do desenho que tenho, de um não era de outro. Mas finalmente acabei por conseguir uma foto do "Gerarchia". Agora para a pintura a óleo só me falta foto da pequena lancha a motor "Concha II" que auxiliou o rebocador "Shell Matiota" na epopeia de levar o "Gerarchia" a bom porto. O Porto Grande. Desconhecia por completo da continuação da vida deste navio no pós-mindelo. Das pessoas contactadas em S. Vicente, atrás de uma foto do "Concha II", dizem-me que com a ampliação do cais teria desmantelado todo a velharia que ali existia ainda. Mas prometeram-me ir à Shell, hoje com outro nome, ver se ainda possuem algumas fotos da frota portuária deles. Um forte Abraço e votos de um bom ano de 2016. Manuel amante
EliminarEncontrei este relato interessante do "nosso" navio cargueiro - La seconda era il piroscafo Gerarchia (ex Pietro Gori) appartenente alla Soc. An. Cooperativa Garibaldi (in origine il nome di questo piroscafo era di un anarchico livornese, Pietro Gori, un nome che dopo l'avvento del fascismo non poteva piu' essere accettato. Di qui il cambio in Gerarchia, un nome che era agli antipodi del filone anarchico a cui apparteneva la figura politica di Gori). Alla data dell’entrata in guerra, essendo in navigazione dall’Argentina diretto a Genova con un carico di grano, si rifugiò nelle isole di Capo Verde, dove rimase fino alla fine della guerra44.
EliminarResumindo, quem fala assim não é gago: é gente oceânica e roedora de recheio de bibliotecas e arquivos.
ResponderEliminarBraça ao Morazzo,
Djack