OCORRÊNCIA 2 - O Risanger
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Luís Filipe Morazzo |
Respeitando a linha cronológica dos acontecimentos, o segundo ataque sofrido pela marinha mercante aliada, durante a segunda guerra mundial, na área geográfica de Cabo Verde, teve lugar no dia 27 de Dezembro de 1940, pelas 11h30 da manhã, quando o cargueiro de bandeira norueguesa
Risanger, em viagem de Newcastle para Alexandria via Cidade do Cabo, com um pleno carregamento de carvão e automóveis, foi atingido por um torpedo lançado a meia-nau, pelo submarino
U-65, comandado por Von Stockhausen. O ataque deu-se a cerca de 200 milhas a SE da ilha do Maio.
Para acabar com este navio, Von Stockhausen com o intuito de poupar os seus torpedos, uma vez que só tinha embarcados 22 destes engenhos, preferiu utilizar a sua artilharia de convés, tendo para o efeito disparado cerca de 70 rodadas da peça de 105mm. Toda a tripulação do Risanger depois de ter passado alguns dias nas baleeiras, foi salva pelo petroleiro da mesma nacionalidade Belinda, que após alguns dias de navegação, os deixou na Cidade do Cabo em 10 de Janeiro de 1941.
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O Risanger |
O
Risanger era um cargueiro clássico dedicado ao
tramping internacional, construído nos estaleiros ingleses William Pickersgill & Sons Ltd., (Sunderland), em Abril de 1921, com o nome
Hisco, para o armador norueguês Henrik Østervold, de Bergen. Apresentava um deslocamento bruto da ordem das 5455 toneladas, com um comprimento de 116m e uma boca (largura) 16m. A sua máquina de tripla expansão a vapor permitia-lhe uma velocidade média de 10 nós. Ao longo dos seus quase 20 anos de muitas singraduras pelos sete mares do globo, foi conhecendo vários armadores, que por sua vez lhe foram atribuindo nomes diferentes:
Hisco, 1921;
Huftero,
1921 a 1923;
Tananger, 1923 a 1929; e
Labelle County, de 1929 a 1934.
Quando a guerra eclodiu na Noruega em 9 de Abril de 1940, fazia parte da frota do armador norueguês Westfal-Larsen & Co. A/S, desde 1934, que o batizou como Risanger. Durante o conflito, embora tendo navegado como independente várias vezes, fez parte da organização de vários comboios navais, nomeadamente do HX-50 (Halifax – Weymounth Bay), em Junho de 1940, e do SC-5 (Sydney – Clyde), em Setembro de 1940. Na altura em que foi interceptado pelo U-65, navegava independentemente, depois de ter abandonado a protecção do comboio OB253 (saída de Liverpool a 2 de Dezembro de 1940).
E vem-me à memôria as vezes em que o meu Pai falava dos barcos afundaos pelos alemães e de outras noticias. De detalhes pouco ou nada me lembro pois em 1940 tinha apenas sete anos mas andava intrigado e procurava saber quais as ùltimas que provinham dos dois agentes do MI sedeados na Western.
ResponderEliminarFaz prazer ver agora os detalhes.
Obrigado
É simplesmente delicioso ler estes relatos da autoria do Luís Filipe Morazzo, que em boa hora se alistou na tripulação do nosso bote. Os pormenores permitem-nos colocar mesmo no cenário do afundamento. Registo a particularidade de o comandante do submarino, para poupar torpedos, ter utilizado disparos da peça de 105mm para dar o golpe de misericórdia. Em princípio, os projécteis de 105mm (do tipo perfurante, ou seja, entra e sai deixando um buraco) não seriam muito eficazes a não ser com o efeito cumulativo de inúmeros disparos (realmente, foram 70) ou então atingindo algo no navio que provocasse uma explosão abaixo da linha de água. Este caso normalmente acontece se é atingido o paiol, o que não era o caso deste navio mercante. Depreendo também que o paiol do submarino devia ter uma boa provisão de granadas do calibre em causa.
ResponderEliminarEm Paranaguá no Paraná existe um homem com este nome Risanger, ele trabalha no material de construção Carvalho.
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