sexta-feira, 30 de outubro de 2015

[1724] O ataque ao comboio marítimo SL-67 durante a segunda guerra mundial, nas águas de Cabo Verde

Ocorrência 5 - O ataque ao comboio marítimo SL-67

(ver quatro anteriores ocorrências, em posts já lançados do Praia de Bote; clique na etiqueta Ocorrência, mesmo no final deste post)

Início do relato do famoso ataque ao comboio SL-67, que teve lugar a 8 de Março de 41, a NNE das ilhas de Cabo Verde. Foram seis os navios atingidos, Tielbank, Harmorius, Narrana, Lahore, Himpool e Meekeerk. Para não se tornar fastidiosa, a crónica foi dividida pelo autor em seis partes. 

Praia de Bote gostaria que os leitores que aqui vêm comentem os trabalhos que vamos divulgando, isto é, dêem o seu contributo participativo, de molde a tornar estas crónicas ainda mais animadas. Ao mesmo tempo, agradecemos mais uma vez ao pequeno núcleo de amigos que, com espírito de militância, vai colocando as suas sempre interessantes opiniões nesta praia de São Vicente.

Luís Filpe Morazzo
Continuando a seguir a ordem cronológica dos factos que temos vindo a relatar, chegamos ao histórico dia, 8 de Março de 41. Este momento ficou particularmente sinalizado nos anais da segunda guerra mundial, como a data do maior ataque ocorrido a comboios de navios mercantes aliados em águas de Cabo Verde, durante todo o conflito.

Estou a reportar-me ao importante comboio SL-67, que zarpou de Freetown, em 1 de Março de 41, com destino Liverpool e era formado por 55 navios mercantes de várias nacionalidades aliadas, tais como, holandesa, norueguesa, francesa, grega e obviamente a inglesa, esta em muito maior número.

O Tielbank
Devido à sua extrema importância este comboio estava protegido por uma fortíssima escolta de oito navios do melhor que a Royal Navy podia dispor na altura, onde figuravam os poderosos cruzadores Malaya, Renown e Kenya, quatro contratorpedeiros e o famosíssimo porta-aviões Ark Royal, que iria sucumbir mais tarde, a 13 de Novembro de 41, vítima de uma salva de torpedos lançados pelo U-81, a cerca de 30 milhas de Gibraltar.

Foram seis os navios mercantes torpedeados (Tielbank, Narrana, Harmodius, Lahore, Hindpool e Meerkerk) por várias salvas de torpedos, lançados por uma “matilha de submarinos”, atraídos para aquela zona do Atlântico, pelos serviços secretos alemães, onde se destacaram o U-105, U-124 e U-106. Como resultado deste ataque, dos navios atingidos, cinco afundaram-se rapidamente, infelizmente com a perda de 50 homens das suas tripulações, tendo um sexto navio com grande dificuldade, conseguido retornar ao porto de partida (Freetown).

O primeiro navio a ser atacado foi o Tielbank, um belo cargueiro inglês com um deslocamento de 6000 toneladas brutas, construído em 1937, para o famoso armador Bank Line. Transportava um carregamento pleno de cerca de 7000 toneladas de amendoim, casca de amendoim e mais 997 toneladas de lingotes de manganês. Este navio foi uma das quatro primeiras vítimas de um ataque maciço executado pelo submarino U-124, da famosa classe (IX-B) que entre as 5h47 e as 6h08 do dia 8 de Março de 41, lançou várias salvas de seis torpedos na direção do comboio SL-67, que navegava na altura a NNE das ilhas de Cabo Verde. Quatro tripulantes morreram, tendo o comandante William Broome e os restantes 61 homens da equipagem, sido salvos pelo contratorpedeiro Forrester que os desembarcou sãos e salvos em Gibraltar a 16 de Março.

O comandante do U-124, Wilhelm Schulz, foi sem dúvida um dos grandes ases de Karl Doenitz, comandante da Kriegsmarine, depois de ter efetuado oito patrulhas de longo curso a comandar vários submarinos, após ter passado cerca de 270 dias em navegação, durante os quais afundou 19 navios com uma tonelagem total de cerca de 90 000 toneladas. Por toda esta folha brilhante de serviços prestados em combate, foi condecorado com várias das mais altas condecorações da marinha alemã, tais como, as cruzes de guerra de 1.ª e 2.ª classe e a cruz de ferro. Em Outubro de 43, foi promovido a comandante da 6.ª flotilha de submarinos, sedeada inicialmente em Danzig e mais tarde em St. Nazaire. O final da guerra foi encontrá-lo a comandar a mais importante flotilha de submarinos da marinha alemã, a 25.ª flotilha sedeada em Travemunde (Lubeck).

5 comentários:

  1. Ê de facto desagradàvel ver que muitos passam (se passam é que o artigo interessa) e não deixam uma palavrinha de reconhecimento a quem se dà ao trabalho de pesquisar para relembrar a uns e informar a muitos.
    Pessoalmente vou deixando um sinal mas pensando que até posso ser considerado impertinente ou "fominha" mas... vou continuando porque o trabalho merece uma homenagem e porque me faz recordar um tempo conturbado na nossa terra. Com efeito, em S.Vicente, e atravez dos serviços MI (dois résidentes), iamos sendo informados de muita coisa quando não recebiamos os nàufragosnque eram logo recambiados.

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    1. E nem é concordar ou deixar de concordar, é deixar um sinal, uma piada, uma achega, uma fala. Fica bem a quem lê e sabe ainda melhor a quem deste lado trabalha de borla para a comunidade leitora.Textos como este, cheios de acontecimentos interessantes, merecem. E não é preciso participar sempre, mas uma vez por outra, para desenferrujar as teclas...

      Braça com capacete, por causa dos óbuses, PAMMMMMMMMMM, PAMMMMMMMMMM
      Djack

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  2. Seguindo o raciocínio conforme a narração do conto, os 55 navios partiram dum país oeste Africano portanto, nossos vizinhos e navegavam NNE o que quer dizer no mar Arquipelágico entra Cabo Verde e o Continente, certo?
    Isto quer dizer que os que entravam no porto grande para abastecer de combustível e víveres, são os que rumavam para o atlântico sul como Brasil e outros,e vice-versa.
    Um abraço de dúvidas

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  3. É realmente mais um episódio importante da série com que o autor, Luís Filipe Morazzo, tem feito as delícias dos que apreciam as coisas do mar. Claro que o assunto é trágico, sem dúvida, mas hoje olhamos para esses acontecimentos já recuados no tempo apenas numa perspectiva meramente histórica. Na actualidade, outros são os conflitos que acompanhamos com um sentimento de angústia, convencidos de que o ser humano jamais conseguirá viver em paz e harmonia com o seu semelhante.
    Abstraindo do lado filosófico-moral do meu comentário, mais uma vez registo que o autor descreve os acontecimentos com um rigor e excelente ilustração.
    Quem vivia na pacatez das nossas ilhas, onde por sinal as populações passavam por dramática situação de carência alimentar, não imaginava o que se passava a algumas milhas pelo oceano fora.

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  4. Gostaria de agradecer a alguns dos leitores deste blogue os simpáticos comentários aqui postados. Este trabalho que neste momento estou a desenvolver, como facilmente devem acreditar, exige algumas horas de muita pesquisa e estudo. Contudo quem corre por gosto não cansa, estou-me a divertir imenso, pois esta tarefa está na lista dos meus hobbys. Aproveito para dizer também, que acho normal serem poucos leitores a postarem comentários, pois acredito que seja um assunto em que a maioria não domine o tema, embora possam gostar de ler sobre ele. Para finalizar, continuarei a responder a todas perguntas que queiram colocar sobre este meu trabalho com muito gosto.
    Saudações marinheiras
    Luis Filipe Morazzo

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