quarta-feira, 2 de dezembro de 2015

[1738] O Afundamento do "Hindpool"

Ocorrência 9 - O afundamento do "Hindpool"

(ver oito anteriores ocorrências, em posts já lançados do Praia de Bote; clique na etiqueta Ocorrência, mesmo no final deste post)

Luís Filipe Morazzo
Winston Churchill, nas suas memórias, descreveu os "U-Boats" como a maior ameaça à vitória sobre o nazismo – não foi à toa que ele temia os afundamentos causados pelos U-Boats mais do que qualquer outra arma de Adolf Hitler. Apesar de os alemães já estarem na defensiva na frente oriental, após a derrota em Estalinegrado, em Fevereiro de 1943, no Atlântico ainda levavam vantagem. O primeiro-ministro inglês estava inteiramente certo, quando aludiu nas suas famosas memórias, que a ameaça protagonizada pelos U-boats durante o percurso da guerra tinha sido sem dúvida alguma a mais temível de todas as armas de Hitler. 

No final do conflito os números vieram dar razão a Churchill, a Grã-Bretanha tinha sido salva da tentativa de bloqueio naval pela Alemanha, não sem pagar um preço elevadíssimo: 37.000 tripulantes da sua marinha mercante, que representavam 30% dos tripulantes embarcados, tinham tombado a bordo dos cerca de 2000 navios mercantes, (13 milhões de toneladas) afundados, 57% de toda a tonelagem disponível no início da guerra, tudo isto obra desta magnífica arma, os incomplacentes U-Boats. No mesmo intervalo, a arma submarina alemã também pagou uma fatura elevadíssima, perdeu em toda a guerra, 29 000 dos seus melhores homens e 785 de seus 1 162 submarinos.

O Hindpool
Contudo a agonia aliada no Atlântico começou a abrandar em maio de 1943, por duas razões em particular. A primeira, a mais decisiva, o peso da máquina de guerra americana a fazer-se sentir cada vez mais nos vários teatros de operações, a segunda, e esta foi particularmente importante para a derrota dos submarinos alemães, quando John Sayers, cientista britânico, anunciou a invenção de um novo sistema de radar, com ondas curtas e tamanho compacto o suficiente para ser instalado em aviões – o radar centimétrico. Seu princípio é o mesmo dos radares convencionais; um feixe de ondas electromagnéticas é emitido. Quando um obstáculo é encontrado, o feixe retorna. Medindo o tempo entre a receção e o choque com o obstáculo, bem como o ângulo do mesmo, pode-se localizar o alvo. Com base nele, os aviadores aliados podiam, agora, localizar submarinos alemães na superfície com relativa facilidade e afundá-los com cargas de profundidade.

Continuando a seguir a ação desenvolvida pelo comandante do U-124, Wilhelm Schulz, contra o comboio SL-67, vamos ficar a saber qual foi o último dos quatro navios afundados por este temível comandante de U-boats. Tratou-se do Hindpool cargueiro de 4897 toneladas brutas, construído em 1928, para o armador Sir R. Ropner, tinha a bordo uma pesada carga de cerca de 8000 toneladas de ferro a granel. Foi a penúltima vítima de um ataque concertado por uma matilha composta por três submarinos (U-106, U-124, e U-105), contra este comboio, efetuado no dia 8 de Março de 1941.Como foi anteriormente mencionado, este comandante após ter disparado uma salva de 6 torpedos, no período compreendido entre as 5h47 e as 6h08 do dia 8 de Março de 1941, obteve um sucesso invejável, pois quatro grandes cargueiros do comboio foram afundados quase em simultâneo (Tielbank, Nardana, Lahore e por último o Hindpool). 

Infelizmente em relação a estes quatro torpedeamentos, o do Hindpool, foi o mais mortífero de todos, pois de uma guarnição de 40 homens, 27 morreram, com o comandante do navio incluído neste número. Treze sobreviventes foram resgatados pelo navio de escolta HMS Faulknor e de seguida levados para Gibraltar onde desembarcaram no dia 16 de Março.

3 comentários:

  1. Continuamos a acumular dados importantíssimos sobre o historial da batalha naval travada no Atlântico. Estou na lista dos que não perdem pitada do assunto.

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  2. A Inglaterra, sobretudo ela, devia fazer miniaturas de todos esses navios sacrificados na batalha do Atlântico.

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  3. Era criança quando a II Guerra começou mas, mesmo assim, tive o privilégio de acompanhar vàrios acontecimentos pois o meu saudoso Pai nos ia informando. Lembro-me perfeitamente dos dois funcionàrios da MI que residiam na Western onde recebiam informações que transmitiam aos barcos aliados que faziam escala no Porto Grande. Mesmo assim alguns não conseguiram passar e SonCente recebeu vàrios nàufragos que contavam as suas odisseias.
    Ao tomar conhecimento destes capitulos da Histôria, revivo factos, lamentando nunca ter podido saber quem foi realmente o Captain Sands que "funcionou" antes dos dois MI's. Era um velhinho, raquitico, pequeno, que viajava num Ford Anglia, de duas portas,da sua casa na Matiota ao escritôrio do Consulado com o seu mordomo (Nho Ludger) ao lado. Oficialmente ele era Consul de Sua Magestade mas na realidade era mesmo espião que procurava diàriamente saber do que passava na terra, do que se dizia. E informava mesmo à Head Office. Disse ele deu provas.
    Pelo que nos concerne, esse Homem merece ser lembrado e citado. Digo sem poder aqui relatar algum "mexerico".

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