D. Fernando Sax-Coburgo-Gotha |
"Sua Magestade El-Rei, Regente em Nome do Rei"... Pois claro, neste 1855, o Regente era o Rei consorte e viúvo de D. Maria II, D. Fernando de Saxe-Coburgo-Gotha, que estava a reinar em lugar do filho D. Pedro V, o qual esperava a idade de poder ascender realmente ao trono - o que aconteceu perto desta decisão relativa ao nosso tenente-coronel, menos de um mês depois, a 16 de Setembro.
Posta em ordem a parte real do presente post, vamos à militar-monetária. Quanto a esta, há a dizer que desconhecemos se o nosso tenente-coronel reformado José Paulo Machado era de origem cabo-verdiana ou não. O que sabemos é que o ex-major, embora tendo estado uma temporada no Portugal europeu, desejou voltar a São Vicente para ali aparentemente viver o resto dos seus dias - o que revela muito bom gosto da parte do homem, diga-se de passagem. Já ali teria mulher e filhos? Não sabemos também. Fica tudo no campo das suposições. O que é certo é que viveria menos mal, com 40 mil réis mensais. Mas não recebeu um tusto durante o tempo em que esteve na Metrópole em situação de licença sem vencimento - o que foi justo, pois Estado em esbanjamento viria a revelar-se mais coisa do século XXI...
Lembremos ainda que neste mesmo ano, a 11 de Novembro, nasceria Joaquim Mouzinho de Albuquerque, militar famoso pelas campanhas africanas, depois ajudante de campo do Rei D. Carlos, aio do príncipe D. Luís Filipe e... futuro suicida.
Quanto ao Visconde de Atouguia, era um bravo do Mindelo... localidade de onde o nome do nosso Mindelo provém. Descubra AQUI a sua biografia. Enfim, como vemos, tudo anda ligado e de um modo ou de outro Cabo Verde surge quase sempre, mesmo que indirectamente.
Quanto ao Visconde de Atouguia, era um bravo do Mindelo... localidade de onde o nome do nosso Mindelo provém. Descubra AQUI a sua biografia. Enfim, como vemos, tudo anda ligado e de um modo ou de outro Cabo Verde surge quase sempre, mesmo que indirectamente.
Grande trabalho realizou o Djack para situar o nosso major/tenente-coronel José Paulo Machado no contexto da sua época e das figuras históricas que então pontificavam ou vinham ao mundo (Mouzinho de Albuquerque).
ResponderEliminarGrande estadista foi o rei consorte D. Fernando!
Militar de rara estirpe foi o Mouzinho de Albuquerque!
Figura merecedora da nossa consideração é António Aloísio Jervis de Atouguia, mais tarde conde de Autoguia, ou não tivesse ele desembarcado no Mindelo! Sim, Mindelo é eterno, seja em Vila do Conde ou em S. Vicente.
Quanto aos 40.000 reis da pensão de reforma do tenente-coronel, seria um interessante exercício estimar a sua relação com os actuais valores monetários. Só pesquisando outras pensões à época atribuídas a algumas classes profissionais seria possível uma estimativa. Intriga-me é a vetusta idade dessa Portaria (1790) em conformidade com a qual foi estabelecida a pensão. Essa portaria referir-se-ia a algum critério de equiparação entre classes profissionais ou a valores estabelecidos? Esta última hipótese não me parece provável, a menos que não tivesse havido qualquer inflação no decurso daqueles 55 anos que medeiam entre a data da portaria e a fixação da pensão.
Gostaria de saber (e talvez um dia destes me meta a esse trabalho) qual era a pensão de reforma de um juiz a essa data. E porque é que o digo? É que há uns 25 anos atrás, o vencimento de coronel era equiparada a juiz de círculo, em Portugal, claro. Entretanto, os juízes fizeram fortes e reiteradas reivindicações e essa equiparação, tá quieto… Os juízes rebentaram com essa equiparação e os coronéis ficaram a marcar passo na parada.
Na realidade, o espaço temporal a que te referes, foi de 65 anos. Mesmo assim, e descontando a inflação que deve ter existido, os 40 mil paus ainda deviam dar para uma vida razoável em São Vicente. De facto, seria interessante saber a que correspondem exactamente esses 40.000, comparados com os preços de hoje. Há quem saiba fazer essas contas. Eu, não...
EliminarBraça cruzando o real com o escudo e o euro,
Djack
Djack, na verdade, tenho dúvidas sobre esses 40 mil reis. Repara. Sou ainda do tempo em que, por exemplo, 5 mil reis correspondiam a precisamente 5 escudos. Então, por essa mesma relação, os 40 mil reis seriam 40 escudos. Mas estou a falar dos anos 50/60, em que, por exemplo, um aspirante a oficial, como fui, ganhava 1800 escudos. Ora, a quantos mil reis corresponderia essa importância? Não seria 1.800 vezes 1000? Ou seja, 1 milhão e 800 ml reis? Ná, ou estou baralhado com esses mil reis ou o tenente-coronel reformado tinha de ir rocegar carvão na Praia de Bote para não passar fome.
ResponderEliminarA única coisa que me causa algum inconformismo é a reforma do militar ser paga pelo herário da Provincia, como parece transparecer da declaração transcrita... Então devia ser os Reais do Reino?
ResponderEliminarBraça duvidoso
Zito
Acertaste. Ele era português casado com cabo-verdiana. Mas pouco gozou na ilha pois faleceu durante a epidemia de cólera de 1856/57.
ResponderEliminarJoão Nobre de Oliveira