terça-feira, 5 de abril de 2016

[2107] Camões do Mindelo... finalmente encontrada a data de nascimento!!!

Pensava que a coisa tinha acontecido lá para trás no tempo, mas eis que descobri há minutos que o busto de Luís de Camões foi colocado na Praça Nova exactamente a 10 de Junho de 1942

Escavar, nem sempre traz bons frutos, mas este é uma papaia (ou uma manga) de grande sabor. 

Presidiu à cerimónia o Dr. Luis Terry, então reitor do Gil Eanes, e foi orador um familiar do Adriano, o professor João Manuel Miranda. Ah, e o busto foi feito em Lisboa, não sei ainda por quem, mas talvez um dia lá chegue.

Implantado nesta data, derrubado por altura da independência e de novo reposto, o busto é significativo sinal em São Vicente da língua portuguesa que é a nossa, de portugueses e cabo-verdianos, e mãe orgulhosa do crioulo ilhéu.

10 comentários:

  1. Com isto tudo onde entra o Dr. Luiz Terry (Reitor do Liceu, Presidente da Câmara, Advogado, fundador da Académica) e o prof. João Manuel Miranda (também representante do Racionalismo Cristão em S.Vicente) queria dizer ao "mnine d'Ponta d'Praia" que, em crioulo de Soncente, não se diz "escavar" mas "esgrovêtà (moda galinha)".
    Ahahahah !!!

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    1. Ó mnine, m'sabia, mas m´ta flá bilingue, ahahahahaha

      Braça esgrovetóde,
      Djack

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  2. Aliás, "esgrovêtá" não é palavra esquisita em crioulo, pois decerto vem de "esgravatar" ou "esgaravatar" que é mais ou menos o mesmo que escavar, rebuscar, procurar, etc,. Por exemplo, em crioulo, podemos dizer: "M´'esgrôvetá na Tours e m'encontrá um vice-cônsul gatchóde au Jardin des Prèbendes-d'Oé", ahahahahaha

    Braça à la française,
    Djack

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  3. Mas não nos desviemos do verdadeiro assunto do post que é o busto mindelense do poeta zarolho. Eu quero é saber quem assistiu à inauguração, isso é que eu quero.

    Braça inaugural,
    Djack

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  4. É muito importante seguir o curso da nossa História, através da estatuária(?) dos bustos, no caso. Aqui colhi duas informações com interesse, a saber: uma, a data da colocação inicial do busto de Camões na Praça Nova. Outra, o derrube do busto (1974/75?) a época conturbada da independência. Houve discursos e assistência na altura? Seria interessante saber-se...
    Do acto inaugural temos a notícia da oração feita pelo ilustre ascendente do Adriano.
    Oh! Djack, seria pedir muito conhecer a data da reposição do nosso grande vate de volta à mais simpática praça das ilhas?
    Abraços camonianos

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    1. O que aconteceu por altura do derrube, está descrito em "Entre Duas Bandeiras" (Publicações Europa-América, Lisboa, 1994), do nosso amigo comum Henrique Teixeira de Sousa, aludindo ao período entre o 25 de Abril de 1974 e o 5 de Julho de 1975: «No jardim da Praça Nova decorria uma algazarra dos demónios em volta do busto de Camões. Já só restava o plinto. A cabeça do vate havia sido arrancada e atirada para um canteiro. No pedestal lia-se: ‘Liberta o teu escravo Jau, seu escravocrata’».

      No mesmo livro, o escritor refere-se a idêntica situação sofrida pelo busto de Sá da Bandeira e o Germano, no seu "Testamento do Sr. Napomuceno da Silva Araújo" faz o mesmo, no que concerne a dois grandes vultos da cultura e política cabo-verdiana: «Reparava [Napumoceno] por exemplo, que aqueles que pretendiam uma federação com Portugal procediam com a mesma intolerância daqueles que só viam mar para os seus adversários. E em semelhante clima, ninguém de senso poderia optar em consciência e por isso quando vira os bustos de pessoas respeitáveis como o grande poeta José Lopes ou o Prof. Duarte Silva serem arrasados ou arrastados pelas ruas da cidade, como se em vez de dilectos filhos desta terra fossem grandes criminosos a merecer a mais ignominiosa punição, decidiu fechar-se em sua casa, redigir o seu testamento em sossego e esperar com paciência pela morte.»

      Quanto à reposição da estátua de Diogo Afonso e dos bustos retirados, perguntei a algumas pessoas, quando lá estive, em 1999, e todas me disseram que tinha sido feita durante o período de Onésimo Silveira (que aliás, em 99 ainda era presidente da CMSV).

      Braça estatuário-explicativo,
      Djack

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    2. Exactamente, Ondina, e outra coisa não se esperava de si. De facto, o que se refere a estátuas é "estatuária"; porém, há gente que escreve "estatutária" que é coisa alusiva a "estatutos".

      Braça gramatical, para quem não precisa dele,
      Djack

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  5. Pois foi...A malta sabia que eu ía chegar no ao seguinte e, claro, toca de por o Vaz na Praça Nova, andava eu a aprender a lingua com que ele tanto brincou e brilhou!
    Braça decassilábico,
    Zito

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  6. Presumo que o acto de vandalismo deve ter nascido da cabecinha de um desses “trotzkistas” que saltaram para a ribalta logo a seguir ao 25 de Abril. Uns valentões!
    Esse acto sugere-me a imagem de uma galinha de “cabéça deçapod”, que, aliás, decepou a sua própria cabeça, andando depois à roda sem saber o que lhe aconteceu. Sim, renegar Camões tem de ter para o cabo-verdiano o significado de um suicídio cultural.
    Onde andarão hoje esses "valentões", esses palermas? O que é que pensam hoje do seu desvario? Terão algum remorso, ante a consciência de terem contribuído para a ruína da sua ilha, ao abrirem o caminho para o PAIGC e a sua política centralista e de marginalização de S. Vicente?
    Espantou-me ver que, no ano transacto, houve pessoas que se vangloriaram (no facebook) do seu passado revolucionário, sem que aparecesse alguém a vergastá-los e a mandá-los àquela parte. Não o fiz porque não uso o facebook, pois soube de tudo por outra pessoa.
    Depois de ler Mulheres de Pano Preto, de Armindo Ferreira, marido da nossa Ondina, completei a minha informação sobre aqueles conturbados e trágicos tempos por que passaram as gentes da Guiné e Cabo Verde, e desde então sinto que os responsáveis não merecem qualquer contemplação.
    A reposição das estátuas foi feita pelo Onésimo Silveira, enquanto presidente da câmara de S. Vicente. Sim, só podia partir de uma pessoa culta, lúcida e inteligente. E corajosa.

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  7. Amigos as forças armadas portuguesas, elas próprias estavam num caos, ninguém mandava mais em CV e como a natureza têm horror do vazio gerou-se a situação de desacatos e intolerância, alimentada por esquerdistas recém-convertidos, tais cristãos novos. De ignorância a ignorância fomos perdendo, primeiro a nossa alma e depois o bom senso. Nós nem sabíamos o que nadávamos a fazer. As massas quando deixadas sozinhas tornam bestas ferozes. Uma coisa me salvaguardo, apoiei o PAICV, mas desacatos não de resto. A minha educação caseira e cristã nunca me permitiria envolver-me em bandos que pululavam um pouco pela cidade. Passados 40 anos Cabo Verde recolhe tempestades dos ventos que a juventude semeou.

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