Adequado a este blogue oceânico, tal como o do post anterior, temos aqui mais um belíssimo poema de Osvaldo Alcântara / Baltasar Lopes. Juntamos-lhe foto do "Novas de Alegria", passando assim este post também a ser uma singela homenagem ao Manuel de Novas.
Capitão das ilhas
Morreu hoje o capitão de um navio das ilhas.
Não foi porque ele era bom
e puxava afectuosamente o fumo do seu cigarro
quando falava comigo
que fui ao seu enterro.
Nem tão pouco porque conheci
as tragédias náuticas
que serviram de alicerce ao único poema,
entre flores e caiado de branco,
que ele escreveu nesta vida.
Fui ao seu enterro porque sou caçador de heranças
e queria confessar a minha gratidão
pela riqueza que ele me deixou,
pela sua dimensão desmesurada do mundo
e pela incorporação no veleiro em que todos navegamos.
Primeiro, morreu o capitão e depois o seu navio.
ResponderEliminarMas não morreram as lembranças que desfilam aqui
graças a um Bote que saiu da Praia ancoradoura.
O "traquinas" da Cuptania não vai parar; nôs não
queremos, não deixamos.
Força !!!
O comentário do Val está muito apropriado e subscrevo-o. Este poema, sim, este eu conheço-o desde de diazá. Grande poema! Um poema que diz muito de nós, o povo das ilhas, cuja iconoclastia incorpora navios, salsugem, distâncias, fragas e saudade.
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