terça-feira, 26 de setembro de 2017

[3173] Um galo, uma baía e um escritor (ver também post anterior)

Manuel Lopes
Ora como se pode confirmar, lendo com atenção, no post anterior apenas falei de excertos de textos, não tendo citado nenhum escritor ou escritores (o que já de si era uma pista). Reconheço que o enigma era difícil e é claro que também não o conseguiria resolver se não conhecesse a sua resolução antecipadamente

Trata-se afinal apenas de um autor e de três textos que se reportam ao mesmo tema/conto, em versões diferentes. Os escritores, quando de gabarito, costumam ser muito exigentes consigo mesmos e não são raras as vezes em que alteram os seus textos tornando-os quase irreconhecíveis quando comparados, embora se refiram ao mesmo tema.

É o caso de Manuel Lopes, um dos nossos heróis, com o conto em que fala de Tói, o guarda de alfândega, também fazedor de mornas, que depara por acaso com uma cena de contrabando de grogue, auxiliado por um galo que dá com a língua... no bico.

O que mostrámos no post 3172 foram as versões apresentadas no n.º 2 de "Claridade" (Agosto de 1936), na primeira edição do livro (Março de 1959) e na segunda (Fevereiro de 1998). Ou seja, num espaço temporal de 62 anos...

Abreviamos por agora os resultados desta constatação que nos dá conta de textos bem diversos (inclusive com parágrafos que tendo ficado iguais mudaram de sítio) e de títulos que nunca foram idênticos. Guardamos o trabalho mais profundo para a altura própria que não aqui. Agradecemos no entanto a participação do Adriano e do Valdemar, dois verdadeiros praiabotistas. Para além do post seguinte relacionado com este e com o anterior, voltaremos quando tivermos paciência, pois estamos agora numa fase de slow-posts, como já sublinhámos.

"Claridade" n.º 2 (Agosto.1936)




 1.ª edição (Março.1959)



  2.ª edição (Fevereiro.1998)


3 comentários:

  1. Obrigado, Djack, por todo este trabalho de esclarecimento, que convida o leitor a revisitar este romance do Manuel Lopes. Por acaso, ao longo da minha vida li-o umas poucas de vezes.

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  2. Adriano e o Valdemar, são praiabotistas mais activos. Mas ha os amigos de PraiaDeBote. As minhas ocupações tem-me desviado de comentar regularmente, mas tenho tentado marcar a minha presença pelo menos aos fins de semana.
    De qualquer maneira e paradoxalmente este é dos poucos blogue que abordam a cultura caboverdeana na tradição claridosa, com uma prespectiva moderna/actual, e o mais importante o olhar de outros nomeadamente estudiosos portugueses, o que enriquece ainda mais o legado. Bem haja Praia de Bote.

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    1. Caro Djosa, não há dúvida nenhuma de que fazes parte da família praiabotista por direito próprio. E eu, por experiência também própria, sei o que é a dureza da res universitária, sobretudo em altura de avaliações. É de fugir para a testa do Monte Cara e ficar lá até o temporal passar. É claro que o mesmo se pode dizer dos inícios de anos lectivos.

      Um braça d'ratchá osse,
      Djack

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