Adriano Miranda Lima |
A apresentação caberá à Dr.ª Ana Cordeiro, historiadora e antiga directora do Centro Cultural Português do Instituto Camões (Pólo do Mindelo) e o autor, Adriano Miranda Lima, será representado pelo seu primo Carlos Soulé.
APRESENTAÇÃO DO LIVRO “FORÇAS EXPEDICIONÁRIAS A CABO VERDE NA II GUERRA MUNDIAL”
Já quase se perde na memória do povo das ilhas que, entre 1941 e 1945, durante a II Guerra Mundial, forças militares de 5820 homens, destacadas pela então Metrópole, desembarcaram em Cabo Verde e distribuíram-se por S. Vicente (3015), Sal (2100) e S. Antão (705), onde prepararam posições defensivas contra um eventual invasor. Tudo aconteceu porque Portugal, embora neutro no conflito, foi pressionado pela Inglaterra e pelos EUA a reforçar a defesa das suas ilhas atlânticas (Açores, Cabo Verde e Madeira) para evitar que a Alemanha as ocupasse e tirasse proveito do seu potencial estratégico.
É de tudo um pouco que fala o livro. Da actividade militar e seus envolventes e vicissitudes de ordem operacional e logística, mas também do alvoroço que a presença das tropas representou para a rotina e a pacatez das ilhas. A narrativa debruça-se sobre a interacção dinâmica das forças militares com as circunstâncias concretas que as envolveram no quadro da sua missão, e abre espaço, e bastante, para pôr em evidência as múltiplas situações em que os militares interagiram com as populações e a sociedade civil.
Daí que haja muitas histórias para contar, e algumas de grata memória para as populações, como a acção médica e o apoio sanitário que as tropas disponibilizaram para os civis, em que se destaca sobremaneira a figura grandiosa do capitão médico José Baptista de Sousa, cuja imagem ainda perdura na memória do povo de S. Vicente. Para não falar também das sobras de rancho que mataram a fome a muitas pessoas carentes, iniciativa em que se destacou o comandante de companhia capitão Fernando Marques e Oliveira.
Relevo merece igualmente o pano de fundo social em que se desenrolou a missão das Forças Expedicionárias. As nossas ilhas foram à época assoladas por uma seca prolongada que, agravada pelo descaso ou pela inoperância do governo central, vitimou 24.463 criaturas, sobretudo aquelas que dependiam exclusivamente da agricultura para a sua sobrevivência. Do lado das Forças Expedicionárias reveste significado estatístico a circunstância da morte de 68 militares, trágica ironia porque as mortes não resultaram de acções violentas ligadas à actividade militar mas de doenças infecciosas que poderiam ter sido debeladas caso a penicilina estivesse já disponível em território nacional. Nesta particularidade, o quadro de carências era comum à população civil e à militar.
Portanto, nas 250 páginas do livro a historiografia cruza-se com a sociologia e conta histórias reais de homens fardados e de vidas humanas.
Sinto arrepios.
ResponderEliminarTenho lembranças que me marcaram pela vida e ainda hoje bendigo ter nascido nesse espaço e nesse tempo.
O livro que fala da tropa merece ser lido por todos, civis e militares. Poucos são os que se lembrarão de factos. A obra é um testemunho que chega em boa altura onde alguns ainda poderão reviver lembranças.
Estou certo que todos apreciarão e não vai haver livro para todos.
E ainda hà mais, brevemente.
Viva! Viva! Já não era sem tempo! Há muito que esta obra já devia ter saído da gaveta! Como todos os leitores do PdB sabem, foi neste blogue que o Adriano publicou, em 2012, os primeiros textos sobre as tropas expedicionárias em Cabo Verde. Aqui temos, finalmente, em forma de livro (numa versão revista e aumentada) o resultado dessa grande empreitada. Uma obra valiosa que vem colmatar uma lacuna inexplicável na investigação histórica do arquipélago!
ResponderEliminarParabéns ao Adriano! E parabéns ao PdB por ter divulgado os textos do Adriano no passado e por fazer agora a divulgação da publicação.
Braça pa bocês tud!
Parabens por este livro histórico. Que seja útil ao país CV e especial a SV e não mais uma pérola oferta a indignos Queseja mais uma lufada de ar fresco no meio de tanto sufoco cultural e informativo.
ResponderEliminarPara o bem e para o mal, CV era território administrado por Portugal. O Mundo não acaba na visão estreita em que conformaram todo o país, pelo menos enquanto a nossa geração viver. Há mais história para além do que os de menos de 50 anos aprenderam, aopesar de CV já não ter nada a ver com o país em que nascemos e criamos
abraço