terça-feira, 4 de fevereiro de 2020

[4462] Livro de Adriano Miranda Lima sobre os expedicionários dos anos 40 a Cabo Verde será lançado a 6 de Fevereiro no Mindelo

Adriano Miranda Lima
A obra “Forças Expedicionárias a Cabo Verde na II Guerra Mundial” será lançada no dia da 1ª Região Militar de Cabo Verde, em 6 de Fevereiro próximo, pelas 18h00, com a presença do Chefe de Estado Maior das Forças Armadas de Cabo Verde. 

A apresentação caberá à Dr.ª Ana Cordeiro, historiadora e antiga directora do Centro Cultural Português do Instituto Camões (Pólo do Mindelo) e o autor, Adriano Miranda Lima, será representado pelo seu primo Carlos Soulé.


APRESENTAÇÃO DO LIVRO “FORÇAS EXPEDICIONÁRIAS A CABO VERDE NA II GUERRA MUNDIAL”
 
Já quase se perde na memória do povo das ilhas que, entre 1941 e 1945, durante a II Guerra Mundial, forças militares de 5820 homens, destacadas pela então Metrópole, desembarcaram em Cabo Verde e distribuíram-se por S. Vicente (3015),  Sal (2100) e S. Antão (705), onde prepararam posições defensivas contra um eventual invasor. Tudo aconteceu porque Portugal, embora neutro no conflito, foi pressionado pela Inglaterra e pelos EUA a reforçar a defesa das suas ilhas atlânticas (Açores, Cabo Verde e Madeira) para evitar que a Alemanha as ocupasse e tirasse proveito do seu potencial estratégico.

É de tudo um pouco que fala o livro. Da actividade militar e seus envolventes e vicissitudes de ordem operacional e logística, mas também do alvoroço que a presença das tropas representou para a rotina e a pacatez das ilhas. A narrativa debruça-se sobre a interacção dinâmica das forças militares com as circunstâncias concretas que as envolveram no quadro da sua missão, e abre espaço, e bastante, para pôr em evidência as múltiplas situações em que os militares interagiram com as populações e a sociedade civil.

Daí que haja muitas histórias para contar, e algumas de grata memória para as populações, como a acção médica e o apoio sanitário que as tropas disponibilizaram para os civis, em que se destaca sobremaneira a figura grandiosa do capitão médico José Baptista de Sousa, cuja imagem ainda perdura na memória do povo de S. Vicente. Para não falar também das sobras de rancho que mataram a fome a muitas pessoas carentes, iniciativa em que se destacou o comandante de companhia capitão Fernando Marques e Oliveira.

Relevo merece igualmente o pano de fundo social em que se desenrolou a missão das Forças Expedicionárias. As nossas ilhas foram à época assoladas por uma seca prolongada que, agravada pelo descaso ou pela inoperância do governo central, vitimou 24.463 criaturas, sobretudo aquelas que dependiam exclusivamente da agricultura para a sua sobrevivência. Do lado das Forças Expedicionárias reveste significado estatístico a circunstância da morte de 68 militares, trágica ironia porque as mortes não resultaram de acções violentas ligadas à actividade militar mas de doenças infecciosas que poderiam ter sido debeladas caso a penicilina estivesse já disponível em território nacional. Nesta particularidade, o quadro de carências era comum à população civil e à militar.

Portanto, nas 250 páginas do livro a historiografia cruza-se com a sociologia e conta histórias reais de homens fardados e de vidas humanas.

3 comentários:

  1. Sinto arrepios.
    Tenho lembranças que me marcaram pela vida e ainda hoje bendigo ter nascido nesse espaço e nesse tempo.
    O livro que fala da tropa merece ser lido por todos, civis e militares. Poucos são os que se lembrarão de factos. A obra é um testemunho que chega em boa altura onde alguns ainda poderão reviver lembranças.
    Estou certo que todos apreciarão e não vai haver livro para todos.
    E ainda hà mais, brevemente.

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  2. Viva! Viva! Já não era sem tempo! Há muito que esta obra já devia ter saído da gaveta! Como todos os leitores do PdB sabem, foi neste blogue que o Adriano publicou, em 2012, os primeiros textos sobre as tropas expedicionárias em Cabo Verde. Aqui temos, finalmente, em forma de livro (numa versão revista e aumentada) o resultado dessa grande empreitada. Uma obra valiosa que vem colmatar uma lacuna inexplicável na investigação histórica do arquipélago!
    Parabéns ao Adriano! E parabéns ao PdB por ter divulgado os textos do Adriano no passado e por fazer agora a divulgação da publicação.
    Braça pa bocês tud!

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  3. Parabens por este livro histórico. Que seja útil ao país CV e especial a SV e não mais uma pérola oferta a indignos Queseja mais uma lufada de ar fresco no meio de tanto sufoco cultural e informativo.
    Para o bem e para o mal, CV era território administrado por Portugal. O Mundo não acaba na visão estreita em que conformaram todo o país, pelo menos enquanto a nossa geração viver. Há mais história para além do que os de menos de 50 anos aprenderam, aopesar de CV já não ter nada a ver com o país em que nascemos e criamos
    abraço

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