São Tomé foi uma descida ao inferno para si, não?
Uma descida não, um salto com os olhos completamente vendados! Mas aprendi muito e sobrevivi. Vi coisas, tragédias e dramas, que, contados, ninguém acredita. O meu livro "Hora grande" foi escrito em São Tomé. Foi de lá que o mandei para o Dr. Baltasar [Baltasar Lopes da Silva, advogado, autor do romance nacional "Chiquinho" e docente prestigiado]. Lembro-me que ele me escreveu, fui levantar a carta nos correios e, no dia seguinte, a PIDE chamou-me, para me fazer uma grande lição de moral, mas isso não me impediu de publicar o livro, algum tempo depois, em Angola.
Ou seja, o seu primeiro texto literário é enviado de São Tomé e Príncipe para Cabo Verde?
Sim. É um poema que sai na "Claridade", "Saga". O título não era "Saga", era "Êxodo", é o meu retrato da emigração para São Tomé e Príncipe, à semelhança do que acontecia aos judeus para os campos de concentração. O Dr. Baltasar, para amenizar a conotação política do poema, é que muda o título para "Saga". Aceitei, sem problema, a decisão.
Nota: o poema sai na "Claridade" n.º 8, em Maio de 1958.
É um poema que faz jus ao Movimento Claridoso.
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