segunda-feira, 3 de maio de 2021

[4889] Onésimo Silveira, "claridoso" (ainda do livro citado no post anterior)

São Tomé foi uma descida ao inferno  para si, não?

Uma descida não, um salto com os olhos completamente vendados! Mas aprendi muito e sobrevivi. Vi coisas, tragédias e dramas, que, contados, ninguém acredita. O meu livro "Hora grande" foi escrito em São Tomé. Foi de lá que o mandei para o Dr. Baltasar [Baltasar Lopes da Silva, advogado, autor do romance nacional "Chiquinho" e docente prestigiado]. Lembro-me que ele me escreveu, fui levantar a carta nos correios e, no dia seguinte, a PIDE chamou-me, para me fazer uma grande lição de moral, mas isso não me impediu de publicar o livro, algum tempo depois, em Angola.

Ou seja, o seu primeiro texto literário é enviado de São Tomé e Príncipe para Cabo Verde?

Sim. É um poema que sai na "Claridade", "Saga". O título não era "Saga", era "Êxodo", é o meu retrato da emigração para São Tomé e Príncipe, à semelhança do que acontecia aos judeus para os campos de concentração. O Dr. Baltasar, para amenizar a conotação política do poema, é que muda o título para "Saga". Aceitei, sem problema, a decisão.

Nota: o poema sai na "Claridade" n.º 8, em Maio de 1958.

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