Gabriel Mariano |
Segundo o nosso amigo Arsénio de Pina, o poema abaixo é garantidamente de Gabriel Mariano, mas ele nunca o viu publicado em livros desse autor (e o Ad'P tem vários). Aqui o Pd'B também possui dois, sendo que um é de prosa ("O rapaz doente") e o outro, "Capitão Ambrósio" é um longo poema, mas estes versos não constam lá. O Arsénio que explique melhor a dúvida que tem.
Por árvores, braços erguidos
por ribeiras, o choro
e era a planície bebendo
o sangue morno do povo
Massacrado povo,
espezinhado povo,
retorcido povo.
A paz virá um dia
cadenciar os passos.
Borboleta, voa.
Não faço ideia se o poema foi ou não publicado.
ResponderEliminarO poema exprime a angústia humana perante o infortúnio e o sofrimento. É a angústia colectiva de um povo que se sente "massacrado e espezinhado", com a alma presa por grilhetas invisíveis, mas que não abdica do sonho da liberdade de um “voo de borboleta”. Carregado de cores sombrias a exaltar um anseio de paz, será que este poema se insere na temática cabo-verdiana da fome secular e do abandono? Se é o caso, não me parece que as metáforas se conjugam, se bem que a mensagem contida num poema esteja a mais das vezes mais dedutível na música, no ritmo e no efeito estético das palavras do que na sua conjugação articulada. Mas sempre tem de aceitar-se que uma fome lenta e prolongada pode equiparar-se à mais sangrenta das derrocadas humanas.
Pena não ter durado a dupla "Gabriel Mariano & Jacinto Estrela"
ResponderEliminarAs letras de "Sina de Cabo Verde" e de "Mudjer bonita" foram e serão provas que muito ficou por fazer.
E se a Familia Mariano pensasse em musicar alguns poemas do Gabriel?
Há dias emoldurei um desenho a lápis sobre tela, cujo título "O Mulato Ambrósio" que começou a ser feito nos anos 70 do século, tendo sido terminado em 2020 passado
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