Ora tendo feito o blogue onze anos e chamando-se "Praia de Bote", parece-nos que a melhor maneira de o recomeçarmos será com um poema alusivo, desenterrado no blogue irmão "Arrozcatum" do saudoso Zito Azevedo, da autoria do indefectível "praiabotense" Adriano Miranda Lima. E sai com fotos de outro amigo nosso, o José Carlos Marques, condiscípulo do Gil Eanes, que regressou a São Vicente em 2010 para matar as profundas saudades habituais de quem bebeu a água de Vascónia ou do Madeiral...
Foto José Carlos Marques |
REPOUSO DOS BOTES
Os botes são os restos postergados
Da faina tumultuosa de outros tempos.
Sobram, avulsos, ensimesmados,
Na vasta enseada materna
Onde encalham sonhos.
Uns, insepultos, não desesperam
De uma anunciada ressurreição.
Outros, mais desatinados contra o destino,
Aguardam o som do apito longínquo,
Já refeitos do eco enganoso do mar,
Para rumarem ao costado da fortuna.
O lume que alimenta seu sonho
Crepita entre destroços queimados
Da resignação da última espera.
Adriano Miranda Lima
Foto José Carlos Marques |
Obrigado, Djack, por assinalares a passagem do aniversário do blogue com um texto de intenção poética que escrevi "diazá". Na verdade, quis ilustrar a simbologia intrínseca ao blogue, e os botes só o são como representação instrumental dos seres humanos que habitavam o lugar, tendo o mar da baía como a única fonte do seu sustento. E quantas vezes foi vã a sua espera, adiada a expectativa de uma viagem lucrosa ao costado de um navio visitante.
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