segunda-feira, 9 de maio de 2011

[0062] Navios do Porto Grande. Ou que por ele passaram deixando rasto... (004) N/M SANTO ANTÃO

Neste regresso do PRAIA DE BOTE, o seu administrador pensou retomar o tema da espionagem em Cabo Verde durante a II Guerra Mundial. Contudo, o assunto requer algum trabalho e portanto, por agora, voltamos aos barcos.

O "Santo Antão"

O navio de carga e passageiros "Santo Antão" era um mimo. Branco, limpo, relativamente elegante, perfilava-se como o mais veloz em actividade no arquipélago, naqueles anos iniciais dos 60 em que o conheci, colocando os muitos veleiros da cabotagem a enorme distância, em termos de rapidez e eficiência de transporte de passageiros e carga. Vendo-o  atracado no cais acostável a partir da Capitania, cá de baixo ou lá do topo onde se içavam as bandeiras e o negro balão dos pilotos, só se confundia com os "marus" japoneses de pesca, seus concorrentes mais próximos...

Ficam as especificações do malogrado navio que se afundou a 8 de Janeiro de 1966 junto a Santa Maria, na ilha do Sal (bebidas no nosso colega blogue Finisterra), uma nota do site Morabitur, uma portaria do Diário do Governo de 14.Novembro.1970 (assinada pelo antigo Governador de Cabo Verde Leão Sacramento Monteiro) e um documento do nosso arquivo.


Tipo ... Navio de carga
Construtor ... C.U.F. - Companhia União Fabril
Local construção ... Estaleiro Naval da A. G. P. L. (Agência Geral do Porto de Lisboa) - Lisboa
Ano de construção ... 1957
Registo ... Capitania do Porto de Lisboa, em 2 de Novembro de 1957, com o número H 448
Sinal de código ... C S D L
Comprimento fora a fora ... 53,30 m
Boca máxima ... 9,02 m
Calado à proa ... 3,35 m
Calado à popa ... 3,63 m
Arqueação bruta ... 543,31 Toneladas
Arqueação Líquida ... 253,92 Toneladas
Capacidade ... 450 m3
Porte bruto ... 585 Toneladas
Aparelho propulsor ... Um motor diesel, de 5 cilindros, construído em 1955 por Burmeister & Wain, em Copenhague, Dinamarca.
Potência ... 500 cavalos
Velocidade máxima ... 11,0 nós
Velocidade normal ... 9,0 nós
Tripulantes ... 14
Armador ... Sociedade Geral de Comércio, Indústria e Transportes - Lisboa

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Site Morabitur (acerca da possibilidade de mergulhar ao largo da ilha do Sal)

"Constituem referência e objecto de enorme fascínio os destroços de inúmeros barcos naufragados neste mar. Destaca-se o navio Santo Antão, partido em dois, que se encontra dos 2 aos 11 metros de profundidade. Visitas a galeões e/ou a navios mercantis afundados, tudo pode fazer parte de uma cativante sessão de mergulho."

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"Diário do Governo" Portaria n.º 574/70 de 14 de Novembro

Manda o Governo da República Portuguesa, pelo Ministro do Ultramar, nos termos do artigo 13.º do Decreto n.º 35770, de 29 de Julho de 1946, conjugado com o artigo 5.º do Decreto n.º 40712, de 1 de Agosto de 1956, abrir um crédito especial da importância de 197250$00, a inscrever em adicional à tabela de despesa extraordinária do orçamento geral da província de Cabo Verde para o ano em curso, destinado a ocorrer aos encargos com a tentativa de desencalhe do navio Santo Antão, tomando como contrapartida o saldo das contas de exercícios findos.

Pelo Ministro do Ultramar, Leão Maria Tavares Rosado do Sacramento Monteiro, Subsecretário de Estado da Administração Ultramarina.

Para ser publicada no Boletim Oficial de Cabo Verde. - Sacramento Monteiro.

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Este é mais um documento "cabo-verdiano" que guardamos religiosamente, há décadas. A história é curta e simples: o patrão-mor da Capitania de S. Vicente precisou de ir à Brava para tratar de assunto premente relacionado com faróis. Era necessária uma viagem rápida que só o "Santo Antão" podia satisfazer. Assim, a Capitania tratou de comprar o bilhetinho (sim, que a Capitania não sacava bilhetes de borla... pagava-os!) e lá foi o dito cujo cumprir os deveres profissionais a bordo do alvo navio-motor. O recibo foi passado pela Junta Autónoma dos Portos do Arquipélago de Cabo Verde, custou  369$60 (ida e volta, bilhete de segunda classe, aquela que um sargento vencia, apesar de ser patrão-mor)  e a viagem iniciou-se em S. Vicente a 30.Abril.1965. 46 anos...

(clique na imagem)

4 comentários:

  1. Muito interessante este blog. Já agora podem colocar fotos e informaçao sobre outros barcos caboverdianos como o Eugenio Tavares, Nova sintra ou o Queen Patricia que 30 anoa atraz passaram pelos Açores em viagens de e para a América.
    João M. Moura, Ponta Delgada

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  2. Difícil, caro anónimo. Não sabemos nada desses barcos, infelizmente.

    Obrigado pela participação.

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  3. ha alguma informaçao ha cerca do rebocador damao?

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    1. O Damão foi construido pelo estaleiro Navalis, Lisboa. Desloca 185 ton, tem cerca de 30 m de comprimento e 1 potencia de 1200 cv. Respondendo a questao anterior o Nova Sintra era cargueiro tipo FS do exercito americano e deslocava 500 ton e 50 m, 2 motores -11 nós;o Eugenio Tavares era 1 antigo navio-farol canadiano com 40 m e 521 tons O Queen Patricia era o antigo draga minas canadiano Manitoulin de 600 ton e 52 m.

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