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O PRAIA DE BOTE divulga hoje um postal ilustrado editado pela Associação de Solidariedade Cabo-Verdiana (França) em 1989, ano da morte de Baltasar Lopes.
Trata-se de uma oferta do nosso amigo cabo-verdiano Luiz Silva (França) que nos conta a história do mesmo. Ela aqui vai:
«A nossa Associação organisou na altura na Cité Universitaire em Paris um homenagem a Baltasar Lopes, certamente o intelectual cabo-verdiano que melhor soube compreender o sacrificio dos nossos emigrantes por Cabo Verde a todos niveis, sem deixar de referir o seu romance Chiquinho, com a presença de muitos lusófonos e em especial cabo-verdianos. Sobre a obra de Baltasar Lopes falaram Alfredo Margarido, Michel Laban e Luiz Silva. Declamaram os seus poemas, Conceição Legot, de Angola. Também esteve presente o conjunto Voz de Cabo Verde dirigido por Paulino Vieira que acompanhou a nossa diva de pés nus, a Cesária Evora, e ainda Morgadinho, Jovino dos Santos, Dulce Matias e outros. Foi seguida dum cocktail pago pela delegação da Fundação Calouste Gulbenkian de Paris, dirigida na altura pela Doutora Maria de Lourdes Belchior que fora colega e amiga de Baltasar Lopes, durante os seus estudos em Portugal.»
Ao Luiz Silva, uma das vozes de Cabo Verde que mais têm divulgado a cultura das ilhas em França, o nosso agradecimento.
Trata-se de uma oferta do nosso amigo cabo-verdiano Luiz Silva (França) que nos conta a história do mesmo. Ela aqui vai:
«A nossa Associação organisou na altura na Cité Universitaire em Paris um homenagem a Baltasar Lopes, certamente o intelectual cabo-verdiano que melhor soube compreender o sacrificio dos nossos emigrantes por Cabo Verde a todos niveis, sem deixar de referir o seu romance Chiquinho, com a presença de muitos lusófonos e em especial cabo-verdianos. Sobre a obra de Baltasar Lopes falaram Alfredo Margarido, Michel Laban e Luiz Silva. Declamaram os seus poemas, Conceição Legot, de Angola. Também esteve presente o conjunto Voz de Cabo Verde dirigido por Paulino Vieira que acompanhou a nossa diva de pés nus, a Cesária Evora, e ainda Morgadinho, Jovino dos Santos, Dulce Matias e outros. Foi seguida dum cocktail pago pela delegação da Fundação Calouste Gulbenkian de Paris, dirigida na altura pela Doutora Maria de Lourdes Belchior que fora colega e amiga de Baltasar Lopes, durante os seus estudos em Portugal.»
Ao Luiz Silva, uma das vozes de Cabo Verde que mais têm divulgado a cultura das ilhas em França, o nosso agradecimento.
Baltasar
ResponderEliminarEssa fina saudade de Passárgada
que percorreu teus dias
ninguém a entendeu senão tu
como algo entretecido por mãos de anjo
quando o sol, a terra e a chuva fizeram as tréguas
Alguns pensaram que era simples desejo de evasão
fuga contumaz sem rasto de remorso
trancando a porta de regresso
Mas como poderia evadir-se
quem estava preso no ventre de sua mãe?
E depois filho de coração terno
quem poderia mais tarde acalentar a dor de sua mãe
e cuidar-lhe um dia de uma mortalha lavada?
Alguns fingiram não perceber que apenas sonhavas com
um Beijo
um beijo da mãe-água no seio da mamãe-terra
depositado na esquina da eternidade
selando promessa de felicidade
Este poema que o não é
pode ser remissão do meu pecado
ou tardia poção sacrificial
por não ter também compreendido
ou partilhado
a veemência da tua fina saudade
Baltasar
Hoje não é já a Parssárgada que nos persegue
nas nossas intermináveis noites de vigília
É esta infinita saudade que nos deixaste.