quarta-feira, 17 de agosto de 2011

[0083] CPC, PSP, POP, PN, tudo polícia...

PSP - Crachá de guarda
PSP - Crachá de graduado
CPC, PSP, POP e PN são siglas que consubstanciam o mesmo organismo de apoio à ordem civil e portanto aos cidadãos cabo-verdianos honestos, com historial de cerca de 140 anos.

O texto que se pode ler depois do quinto parágrafo é da Wikipedia (remete-se a devida vénia a quem o escreveu) e as imagens têm vindo a ser pacientemente recolhidas por mim ao longo do tempo no site eBay. 

Lembro-me bem dos "pliças" que passavam todos os dias mesmo em frente à janela do meu quarto, na Capitania, a caminho da "staçom", com a sua característica farda de caqui. Curiosamente, não havia grande familiaridade entre eles e os marinheiros cabo-verdianos da Capitania, pese embora a proximidade de aquartelamentos. De facto, quase nunca via dois deles juntos, a conversar ou a beber um grogue. Do mesmo modo, o patrão-mor tinha relações muito ténues com o comandante da PSP. Coisas estranhas e algo incompreensíveis...

Quanto ao Fortim d'el Rei, a prisão da ilha, talvez única no mundo de portas abertas, fotografei-o já muito decadente em 1999. A sua história posterior é de colocar os cabelos em pé a quem ama o património sanvicentino e portanto nem nela toco, para evitar síncopes cardíacas...

Relativamente à "staçom", em 99 era sede da Polícia de Choque mas as suas instalações estavam dramaticamente degradadas, como se pode ver pela foto que junto. Agrego também uma já aqui divulgada, de mulheres à espera da hora de abertura da Ferro & Cia. "Vascônia", junto das quais se pode ver um polícia. Repare-se que a mancha na parede, mais de 30 anos depois estava lá ainda... Hoje não sei como se encontra aquele edifício. Talvez o nosso amigo Odair Varela nos possa esclarecer sobre o assunto. Lembramos no entanto que esse crioulo de "staçom" tem a ver com reminiscências que ficaram do tempo dos ingleses... vide a expressão Police Station.

Um braça d'pliça pa tude munde
Djack

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A Polícia de Ordem Pública (POP) era a principal força de segurança uniformizada de Cabo Verde, responsável pela ordem pública e policiamento ostensivo, até 14 de novembro de 2005, quando foi criada uma nova corporação, a Polícia Nacional. Vinculava-se ao Ministério da Administração Interna.

Fortim d'El Rei, em 1999 (clique na imagem)
"Staçom", em 24.Junho.1965 (clique na imagem)
HISTÓRIA

A POP tem a sua origem no Corpo de Polícia Civil criado pelo governador Caetano Albuquerque em 1872. Esta polícia teria uma organização semelhante à Polícia Civil da metrópole portuguesa, actuando na cidade da Praia.

Em 1880, o Corpo de Polícia é reestruturado em companhias de polícia com uma organização de cariz militar, passando a existir uma companhia na Praia e outra no Mindelo.

"Staçom", em 1999 (clique na imagem)
Em 1962 dá-se uma nova organização da polícia de Cabo Verde, que é transformada na Polícia de Segurança Pública (PSP) de Cabo Verde, de carácter novamente civil, modelada na Polícia de Segurança Pública da metrópole.

Na sequência da independência de Cabo Verde em relação a Portugal em 1975, a PSP foi transformada na Polícia de Ordem Pública, sendo afastados os seus quadros de origem portuguesa.

Devido às relações históricas e ao facto de vários dos seus oficiais serem formados em Portugal, a POP continua a manter uma ligação estreita com a PSP portuguesa, mantendo, por exemplo, organização e uniformes semelhantes.

* O Comando Nacional da Ordem Pública é o serviço central da Policia Nacional, responsável pela coordenação, controlo e emprego dos meios operativos afectivos aos Comandos Regionais.

* O Comando Nacional de Ordem Pública inclui a Policia Florestal e é dirigido pelo Comandante Nacional de Ordem Pública.

Atribuições

    * Direcção de Formação;
    * Ordem Pública;
    * Guarda Fiscal;
    * Polícia Marítima;
    * Estrangeiros e Fronteiras;
    * Polícia Florestal e Ambiental.

Organização

A Polícia de Ordem Pública inclui:

    * Comando-Geral;
    * Comando de Unidades Especiais, incluindo: Corpo de Intervenção e Corpo de Protecção de Entidades;
    * Comandos Regionais: Praia, São Vicente, Santa Catarina, Sal, Fogo Santo Antão;
    * Esquadras Políciais e Postos Policiais, dependentes dos Comandos Regionais.
    * Escola de Polícia;
    * Serviços Sociais (SES).

6 comentários:

  1. Enfim, jack, passou o susto, mas ainda estou a tremer. No entanto, quando vi que era nôs plica, vi que não havia razão para tanto susto e apetece-me dizer “coitód de nôs pliça”, que de pouca serve na nossa terra. Quando estive em Cabo Verde chocou-me a postura pública da Polícia, e tanto que escrevi um artigo sobre o tema da segurança pública de que recupero o seguinte excerto para ilustrar que não havia de facto razão para as cautelas recomendadas pelo Joaquim:
    “Quando olho para a polícia de ordem pública de Cabo Verde, algo me diz que ela está algo desencontrada com as exigências da sua vocação. Reconheça-se nela uma boa apresentação física e aprumo nos seus fardamentos e, dum modo geral, um nível aceitável de correcção de atitudes perante o exterior, isto é, uma pose civilizada e consentânea com os valores das sociedades modernas. Mas, ao mesmo tempo, não passa despercebida uma imagem de apatia, viciosa rotina e passividade entre agentes que fazem os seus giros. E, em alguns casos, uma indisfarçável e excessiva familiaridade com os transeuntes, com quem conversam pachorrentamente, brincam e trocam humores ridentes. E tudo isto quando a poucos metros provavelmente se evidenciam situações de pré-delinquência ou de potencial interferência com a ordem pública. Em abono desta impressão, vários testemunhos confirmam que algumas infracções de gravidade variável, normalmente com prejuízo directo de terceiros ou da comunidade em geral, frequentemente não são objecto de pronta e eficaz intervenção repressora, ou mesmo dissuasora, com o argumento de que não adianta porque “levados os infractores ao juiz são logo postos em liberdade por alegada insuficiência de prova ou pela menoridade dos infractores”. É evidente que tudo isto contribui para passar a ideia, porventura exagerada, de que a polícia de ordem pública mais não faz que passear a farda pelas ruas, o que é um juízo devastador da confiança e da credibilidade que uma tal instituição deve merecer aos olhos dos cidadãos. Na verdade, a polícia deve ser mais do que símbolo e adereço, é instrumento para a acção concreta e consequente.”

    Bem, repito, coitód de nôs pliça em Cabo Verde. Sem leis adequadas pouco pode fazer, razão por que no mesmo artigo escrevi também o seguinte:
    “Ora, aqui está um ponto de discussão a remeter-nos para os conceitos atrás aflorados. A saber, a eficácia da acção da polícia versus a adequabilidade das leis em vigor. Pois bem, se uma polícia se reconhece incapaz de garantir a ordem e a segurança públicas por ineficácia dos instrumentos legais que enquadram e deviam tornar consequente a sua acção, então teremos de interrogar se as leis não devem ser reformuladas e pensadas conforme a realidade do país concreto. Caso contrário, será um paradoxo inaceitável que um Estado gaste dinheiros públicos para sustentar uma polícia que fica depois tolhida na sua acção pelas próprias leis que o Estado concebe. E tratando-se de um país pobre, como é o caso, o sentimento público será naturalmente de repúdio e indignação.
    Os direitos e garantias individuais não podem constituir um cavalo de Tróia contra a segurança da sociedade; a acontecer, têm de ser revistos e adaptados à realidade. Não pode haver qualquer tibieza nas medidas de prevenção e de combate à delinquência e ao crime. É preciso ter presente que no jovem delinquente pode estar um criminoso em estado larvar. Se a delinquência não for objecto de punição atempada e suficientemente dissuasora, cria-se o convencimento da impunidade e gera-se uma escalada de práticas delituosas que pode culminar no crime mais violento.”

    Joaquim, com este cenário em que vegeta a nossa pliça, bem seria preferível que tivéssemos realmente apanhado um susto valente só com a simples presença da staçom e do pliça na rua. Isso significaria que os caçubodi, os gangs e os salteadores de nôs casa não andariam por lá com tanta rédea livre.

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  2. Adriano disse, está dito. E quem fala assim, não é gago.

    Um grande obrigadim e um braça de ratchá osse.
    Djack

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  3. Bastante simpático (não me admiro do Djack) falar aqui de uma corporação mal vista em quase toda a parte. Pessoalmente acho-lhe a Policia "un mal nécéssaire" e tenho muito respeito para aqueles que fazem o seu trabalho com seriedade. Precisamos, precisaremos, deles neste mundo conturbado onde cada um quer fazer a sua ordem sem nenhum respeito os outros.
    Infelizmente em S.Vicente tenho ideia de muitíssimo poucos que mereceram estima. Uns até foram amigos. Nessa altura de que falo e, de um modo geral, os agentes eram mal formados (muitas vezes sem nenhuma formação para o oficio; bastava terem feito a tropa) eram arrogantes e não tinham capacidade para exercer o que deles se esperava. Exceptos os Sub-Chefes, quase todos vinham do exército e "nadavam" num mar estranho, multiplicando asneiras sobre asneiras, criando antipatia em todas as camadas.
    Não vou entrar em detalhes que hoje é dia de homenagem.
    Mas para rememorar ou contar aos mais novos, vou contar duas estorinhas diferentes:

    (a) Em determinada altura, por volta de 1946/47 (?), nomearam um furriel que durou uma semana. As Forças Vivas, que na altura tinham peso e viva força, reclamaram veementemente junto do Governador que exonerou o tirano. Quando soube de tal decisão, o furriel foi ao Grémio chorar porque lhe estragaram a vida. (Pode ser que alguém se lembre mais pormenorisadamente deste episódio. Eu só tinha 13 ou 14 anos).

    (b) O outro é do mais castiço dos policias de que tenho ideia e que era conhecido por "Bubista". Homem de quase 50 anos, pequeno, de físico desajeitado e - o mais extraordinàrio - os meninos de Soncente, que brincam com tudo e com todos, tinham para com ele uma certa simpatia e, quando o conheceram, nunca mais o procuravam.
    Quando ele devia exercer ordem sobre um menino ele dizia: - "Corê, Corê, pa mo 'm ti ta ba panhôbe!!!"
    Agora, meus amigos...

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  4. Valdemar falou, está falado. E quem fala assim, sabe do que fala.

    Más um grande obrigadim e um braça de ratchá osse.
    Djack

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  5. Alguem sabe como encontrar para venda o cracha de agentes e de oficiais da psp em cabo verde no tempo do ultramar? Se souberem de alguem poderia vir a fazer negocio

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    1. Caro anónimo, vá vendo no OLX, no Coisas e no Custo Justo.

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