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Bem, de "apaches" (patifes) estava Paris servido nesse início de século e bem depois ("apache" era a palavra da moda para os designar na cidade-luz), tal como o Eden Park e o Park Mira Mar estiveram anos mais tarde, estes de rosto pintado e armados de arco e flecha, montando os seus mustangs em pêlo - que os peles-vermelhas não alinhavam em selas.
Mas parece que o Mindelo, por 1914, também. E a suspeita do jornalista sobre a origem santanonse do pirralho ladrão lá teria as suas razões, embora eventualmente erradas. Sabe-se lá agora!... O que se sabe é que o engenheiro da Wilson morava num desterro do raio, lá para as brenhas do Lazareto, sujeito a que lhe caísse um calhau do Monte Cara em cima do telhado. É caso quase para dizer: estava mesmo a pedi-las! E muita sorte, tiveram ele e a digníssima wife. (isto, partindo do princípio de que era britânica... ou seria de Santo Antão?)
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“Apache” ou não, com o corpo desnudado belicamente pintado ou não, que hei-de dizer sobre esta notícia? Apenas que ela me entristece porque tem como pano de fundo a triste realidade das nossas ilhas. Pobreza, abandono e desesperança. Um jovem desembarca no que para ele era o eldorado e logo se lhe depara uma realidade bem diferente do que imaginara. Um casal de europeus é para ele uma tentação irresistível e não hesita em passar ao assalto. Esta notícia é importante porque nos mostra que os caçubodis de hoje afinal têm antecessores bem remotos. Ontem, ingleses residentes, hoje, turistas estrangeiros. Secas, campos abandonados, desemprego, miséria, fome, a história das nossas ilhas tem como constante da sua narrativa todo esse cortejo de fatalidades.
ResponderEliminarEstranho imenso quando familiares me dizem que tudo vai andando normalmente por lá. Os caçubodis têm, efectivamente, de ser caçados e metidos na prisão. Mas como resolver os problemas que estão a montante? Como entender que os políticos não vejam o fundo do problema, a realidade nua e crua? Ontem como hoje, pouca gente parece interrogar a realidade de forma séria e responsável. Recambiar o jovem “apache” para S. Antão foi a boa solução do problema, imaginem. Felizmente que, apesar de tudo, não se pensa em fazer da ilha de S. Luzia o campo de concentração de Cabo Verde.