quinta-feira, 20 de outubro de 2011

[0135] Dezembro de 1939. Quem diria? Cabo Verde território colonizador da Guiné... assim se matando dois coelhos de uma cajadada!

O governador de Cabo Verde era Amadeu Gomes de Figueiredo, o mesmo que em 1933 mudou o nome de Porto Carvoeiros em Santo Antão para Porto Novo e que em 1940 mandou colocar uma lápide no túmulo de Eugénio Tavares, inserindo-o em discurso no panteão dos heróis da língua portuguesa. Foi também durante a vigência do seu governo, em 7 de Junho de 1934, que se deu a famosa revolta de Nhô Ambrose contra a fome que grassava no arquipélago, nomeadamente em S. Vicente.

O governador da Guiné, nesta altura, era Luís António de Carvalho Viegas, oficial do Exército, como o anterior.

(clique na imagem)

5 comentários:

  1. Uma ideia que já vinha do século XIX e que foi defendida na I República por Juvenal Cabral, o pai de Amílcar Cabral. Juvenal disse acreditar que quatro mil cabo-verdianos empregues na agricultura na Guiné resolveriam o problema alimentar de Cabo Verde.
    Digamos, que todos defendiam que a solução dos problemas económicos de Cabo Verde podia estar nesta espécie de "colonização" da Guiné.
    Mas, note-se um pormenor e não de pequena importância: ninguém se lembrou perguntar aos guineenses se concordavam com estes planos.

    João Nobre de Oliveira

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  2. No bom sentido do termo "colonização" registe-se que este "esquema" com a Guiné acabou por acontecer, de forma natural e não por decisão administrativa, creio eu, em Angola e nas outras então Provincias Ultramarinas, onde havia profissionais caboverdianos até às mais altas esferas da administração publica, como Governadores Distritais, bem como nos Serviços de Finanças e Aduaneiros. Creio que este assunto é capaz de merecer um mais profundo tratamento...

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  3. ESQUECI-ME DE ASSINAR O QUE ANTECEDE...
    Zito Azevedo

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  4. Curiosamente, nunca ouvi falar nos retornados cabo-verdianos - que terão sido algumas centenas ou até milhares e cuja actividade terminou por altura das independências das colónias onde trabalhavam.

    Com mais ou menos injustiças (como sempre acontece nestes casos), Portugal conseguiu o feito de absorver cerca de 500.000 retornados das ex-colónias. Poucos anos depois de 1974-75, já ninguém falava deles. Tinham sido absorvidos. E os retornados cabo-verdianos? Que lhes terá acontecido? Bom motivo de trabalho para estudantes cabo-verdianos das licenciaturas em História.

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  5. Emprega-se nesta notícia o termo “colonização” sem a carga política que viria revestir décadas depois. Em rigor, colonizar significa povoar e explorar os recursos de um território a que se é estranho. Mas o termo passaria mais tarde a ser anatematizado, associando-se-lhe a noção de exploração desumana e escravizante, de usurpação, repressão e violência social. Como, na verdade, aconteceu na maior parte das colonizações europeias do século XIX, designadamente a britânica e belga. No entanto, a história universal da antiguidade fala-nos de outros casos de colonização que não têm a marca da negatividade. Veja-se a colonização grega e fenícia no litoral do Mar Mediterrâneo.
    Como se sabe, a colonização da Guiné foi realizada com mais cabo-verdianos do que metropolitanos, por razões históricas que são conhecidas e que, aliás, justificam o conteúdo desta notícia. Mas ela foi mais materializada em cargos da administração pública e em serviços estatais do que na exploração propriamente dita de terras e de mão-de-obra local. E foi assim que os naturais da Guiné guardaram sempre na memória mais ressentimento em relação aos cabo-verdianos do que aos metropolitanos. E, se virmos bem, essa reminiscência nunca foi extinta e foi a causa real do fracasso da associação política dos Estados da Guiné-Bissau e Cabo Verde, como pretendia o visionário Amílcar Cabral. Isto para não se falar nas motivações que levaram ao assassinato do líder. Trágica ironia, convenhamos.

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