quarta-feira, 19 de outubro de 2011

[0134] Patacho "Ildut". Ver poema de Adriano Miranda Lima no post 0132

Eis uma preciosidade que o PRAIA DE BOTE muito se orgulha de divulgar, por obra e graça do seu colaborador Adriano Miranda Lima que ao blogue a ofereceu: o patacho "Ildut", de velame desfraldado, cortando os mares, toda garbosa.

Grandes tempos, de coisas boas e más, como sempre. A pior de todas, o quase inevitável naufrágio. Nos últimos meses, temos conhecido, na nossa investigação diária, inúmeras escunas e barcas da carreira de Cabo Verde (EUA-CV). A maior parte naufragou, algures no vasto Atlântico, perto nas ilhas ou no regresso aos States, já perto de terra, com perda de vidas e carga. Muitos capitães se celebrizaram pelo seu heroísmo, sabedoria ou desgraça e pela tentativa quase sempre gorada de introduzir emigrantes ilegais na terra do Tia Sam. Multas e prisão eram vulgares entre eles e os seus passageiros.

Pouco sabemos do "Ildut". Os dados disponíveis são escassíssimos. Pensamos até que ela terá sido aplicada na cabotagem apenas em Cabo Verde ou eventualmente em solitária viagem a Dacar. Contudo, esta rara fotografia agora cedida por AML dá aos leitores do PB pelo menos a sua corporização, facto que muito agradecemos ao ofertante.

"Ildut" (clique na imagem)

11 comentários:

  1. Segundo ouvi a alguém, mas não me lembro quem, o Ildut era um navio de matrícula francesa e que foi adquirido por um armador cabo-verdiano.
    Gostaria de acrescentar ainda duas coisinhas. A fotografia aqui presente consta de um quadro de parede que andava pendurado na casa do capton João Pedro Martins e que hoje é pertença de um dos seus filhos, o tal que eu referi em comentário anterior que é meu cunhado e médico de profissão. Outro dos seus filhos, o mais velho, seguiu as pisadas do pai e fez o curso de capitão de marinha mercante na Escola Náutica de Paço de Arcos. Há muitos anos que ele é capitão ao serviço de uma companhia estrangeira. Mas não sei se já está aposentado ou não.

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    1. Meu pai nasceu neste barco e tem o nome do dono...José ildut Ramos

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  2. Os meus agradecimentos ao SR. Joaquim Saial pelo excelente blogue.
    A minha avó contava muitas histórias do Ildut. Que pena, era eu ainda criança e, não sabia o valor que estas narrações tinham. Ficaram no meu imaginário o nome Ildut e o Ribeira Brava, este último, parece ser um grande palha-bote que o João Lopes, comprou para ajudar a tirar São Nicolau do isolamento. No inicio dos anos 90, vi a foto do Ribeira Brava na residência presidencial em são Nicolau. Na altura, era presidente da câmara, o Sr João De Deus Lopes, mais conhecido por Di Deus. Fiquei um bocado desiludido, pois, criei a imagem de que eram, do tipo caravelas.

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  3. Obrigado pela participação, caro anónimo. Será sempre bem-vindo. Quanto ao blogue, é claro que aqui S. Vicente está em grande plano mas Cabo Verde também, obviamente.

    Braça
    Djack

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  4. O capitão João Lopes será o capitão João de Jesus Lopes da Silva que em 1932 tinha a escuna "Braford E. Jones"?

    Braça
    Djack

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  5. O Ildut não era uma escuna, era um palhabote. A escuna tem um mastro de traquete que enverga velas de arte redonda. Este erro, ou ignorância, é frequente entre os americanos, que não conhecem o palhabote (o palhabote Ernestina é conhecido nos EUA por "schooner") embora o nome do palhabote seja de origem anglófona: "pilot boat" - o navio dos pilotos. E a "desgraça" do palhabote não acaba aqui: ele é, também, confundido com o lugre, o qual além do gurupés tem três mastros, e não dois. (A. S. Magalhães).

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  6. Muito obrigado pela correcção de nomenclatura que é de facto recorrente na literatura jornalística americana.

    Apareça sempre,
    Braça,
    Djack

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  7. O palhabote ou escuna 'Ildut' era propriedade de Sr Zezinho- José manuel Lopes, armador que também respondia pelo 'Manelica'. Ambos, primeiro 'Ildut' e depois 'Manelica', fizeram por largos anos a ligação Sal-São Nicolau- São Vicente e vice versa.

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    1. Obrigado pela informação, caro Carlos.
      Apareça sempre que é muito bem-vindo, tanto mais que é um gil-eanista.

      Braça,
      Djack

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  8. A grande diferença entre um palhabote e uma escuna está na mastreação e não no velame, enquanto a escuna, pode aparelhar com dois ou mais mastros, sendo o da mezena o mais alto de todos os demais, o palhabote apresenta dois mastros complementados com mastaréus (extensões aos respectivos mastros) nos quais costumam envergar gavetopes (tipo de vela latina pequena dimensão)

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