O meu arquivo de Cabo Verde contempla os mais variados materiais, escritos, fotográficos e de outros géneros, alguns deles com 50 anos. Um grupo numeroso é o de epistolografia e cartões de visita. Possuo dezenas, de ambos. Hoje, por via do falecimento do Zizim, lembrei-me que ainda conservo um cartão que ele deu ao meu pai. Não percebo porquê, pois o mesmo tem apenas aquilo que era essencial - que é o mesmo que dizer: servia para pouco. Melhor explicando, como se pode ver, mostrava apenas o nome do ofertante e os da ilha e arquipélago onde o mesmo vivia. Digamos que só se tratava de uma espécie de lembrete para que a outra pessoa se recordasse de que a que o entregava existia.
E, verdade se diga, sempre que eu pegar nele, do cronista do Mindelo me hei-de lembrar, sem dúvida alguma.
Meio século depois, a pequena cartolina ainda cumpre a sua função.
NOTA POSTERIOR À ESCRITA DESTE POST: é possível, quase certo, que o cartão seja do pai do Zizim (José Figueira) e não dele (José Figueira Júnior). De qualquer modo, aqui fica, em honra da família Figueira.
Que descanse em paz.
ResponderEliminarJoão Nobre de Oliveira
Djack, quero lembrar aqui que o nosso falecido Zizim tinha o mesmo nome que o pai, que era Shipshandler e tinha a sua firma na Rua da Praia. Pode ser que esse cartao de visita tenha sido dado ao teu pai pelo Jose Figueira Senior.
ResponderEliminarNita
Nita,
ResponderEliminarDesde ontem para hoje, pensei nisso mesmo. E agora quando aqui entrei vi a tua mensagem - que é mais que plausível. Ora vejamos: imaginemos que o Zizim deu este cartão em 1963, 64 ou 65. Teria ele nessas datas 24, 25 ou 26 anos, o que seria cedo demais. Talvez até nem estivesse em Cabo Verde, na altura, encontrando-se a estudar fora. O mais provável é que o cartão seja mesmo do pai e não dele. E mais... se fosse do Zizim, o cartão teria decerto o apelido Júnior.
Fica no entanto uma memória da família Figueira, nestes dias tristes.
Djack
Quanto ao comércio da família Figueira, nem é preciso falar. Foi casa das mais importantes do ramo e ainda lá está o edifício, com indicação, bem perto de onde morei. Uma saudosa memória do Mindelo. Esperemos que se aguente, pois faz parte integrante do skyline da Praia de Bote.
ResponderEliminarDjack
Djack, já em Portugal, onde desembarquei ontem à tarde, cabe-me deixar aqui uma palavrinha sobre este post. Tenho a certeza absoluta de que o cartão é do pai do Zizim, José Figueira também de seu nome (Senior). Creio que àquela data o Zizim estaria noutra, talvez ainda longe destes detalhes de etiqueta social. Eu próprio me equivoquei quando, há uns 10 anos, li pela primeira vez uma das suas "estórias". Não sabia se o autor era ele ou pai,dado terem o mesmo nome, mas não tardei a desfazer a dúvida.
ResponderEliminarQuero deixar aqui expressa a profunda mágoa que me causou o desaparecimento do Zizim, "nha broda", que, no entanto,é apenas físico, pois a sua alma permanecerá sempre viva e presente nas ruas e ruelas do Mindelo, constantemente evocada através dos inúmeros textos em que ele descreve e relembra a cidade e o seu povo de outrora com uma mestria inigualável, estribada numa memória rica de episódios e pormenores os mais variados.