Lomb D'jom (Alto Bomba) Monte Sossego, dias actuais. Restos de artilharia da época colonial, destinada a defender a ilha de S. Vicente de eventuais investidas alemãs durante a II Guerra Mundial. C. anos 40 do século XX.
Sem comentários nossos, porque eles não são necessários... excepto este, para os que ainda não perceberam a coisa: isto também é a História de Cabo Verde!!!
Elucidativas fotografias enviadas pelo nosso colaborador Zeca Soares. Copiá-las e divulgá-las é um imperativo cultural tendente a contrariar a inércia, o laxismo, o desinteresse...
Há gente que acredita que o passado envergonha e por isso deve ser esquecido e que tudo quanto possa recordar "a noite colonial" deve ser banido das memórias...A isso eu chamo, com todas a letras, RACISMO!
ResponderEliminarCompletamente de acordo com o que dizes, Zito. Se destruiram o Fortim porque não haviam de abandonar este capitulo da Histôria da Segunda Guerra Mundial?
ResponderEliminarPosso afirmar outra coisa porque lembro-me bem: - A chegada da tropa portuguesa em Cabo Verde foi a salvação em muitos aspectos. Quantas vidas foram salvas? Quantos postos de trabalho foram criados? Quantos bocas passaram a receber uma alimentação diària? E isso não foi so em uma ilha porque muitos vieram para se instalar em S. Vicente enquanto outros vinham e regressavam à sua ilha.
O que se vê é antes do mais ingratidão.
Val
EliminarMeu tio Manuel José era sargento vago-mestre do Regimento de Infantaria 7, de Leiria, um dos primeiros a chegar a S.Vicente. Foi ele quem escreveu a meu pai, que era joalheiro e relojoeiro, incentivando-o a ir, também, pois havia, na altura, muitas centemas de homens do exercito com relógios que se avariavam e pouca gente ou ninguém para os reparar...Meus pais, filhos e netos haveriam de regressar a Portugal, em 1974 (24 de Dezembro) fugindo à sanha dos caçadores de "cathor di dôs pê"...
Salvo erro, a presença da tropa portuguesa em S.Vicente chegou a ser de 5.000 homens o que, decerto, proporcionou à ilha e aos seus naturais e residentes significativo aumento do volume das actividades comerciais, industriais e agricolas pois, contando às vezes, com mulheres e filhos, eram muitas mais bocas a alimentar e corpos para vestir, pés para calçar e, portanto, incremento da economia e do emprego, por via das muitas construções de aquartelamentos e outras a que a tropa deitou mão durante anos...O mínimo que se podia fazer seria preservar as suas relíquias!
Um abraço amigo...
Ora
ResponderEliminarÉ o mesmo laxismo e desinteresse pelo passado que levou a destruição da Casa do Dr. Adriano. Podiam ao menos vender os canhões aos orientais. Neste lado do mundo conservam todas estas reliquias e aproveitam-nas bem para o turismo. Podemos ver canhòes tanto nos fortes originais como nos museus. Por lá, nem uma coisa nem outra ... e depois admiram-se de os orientais avançarem enquanto em Éfrica parece que andam para trás.
João Nobre de Oliveira
Todas as reliquias que pertencem ao passado fazem parte da Historia: um objecto, uma placa, uma casa de um personagem muito conhecido e nesse caso restos de artilheria. Tudo isso é cultura. Porque eliminar-la? E' importante para um pais conservar vestigios do seu passado. Fernando
ResponderEliminarCaro Zito,
ResponderEliminarNunca mais esqueci da chegada da Infantaria 7 e da paragem dos "camionete de 2 roda colode pa trás" na Rua do Telégrafo, lado Miller's. Registei (logo) as figuras de dois soldados que se tornaram muito estimados: era o estafeta com a sua Harley Davidson conhecido por "aviador" e um latagão que conduzia o primeiro auto tanque que vimos, o Zé Nicolau. Estes dois rapazes, muito populares, haviam de notabilizar-se com a morte involuntário de uma criança imprudente (o Zé Nicolau) e o outro por outro acto que não convém frisar aqui.
Lembro-me de ti e de teus Pais e do Tuta, chegados depois, e da vossa instalação na Rua de Lisboa. Falaremos disso depois.
Outras figuras marcaram-me nessa altura porque ouvia tudo quando de BEM fse dizia dessa gente que foi a salvação de Cabo Verde como já disse algures. Ninguém me paga por dizer isso; pelo contrário são boas lembranças de menino que acho justo contar para os implacáveis. Meu Pai era o único concertador de raquetes e, devido a sua prontidão e disponibilidade, tinha direito a dentista de graça (Dr. Zenha) e consultas sem pagar com o famoso Dr. Lisboa, ajudante do celebérrimo Dr. José Baptista de Sousa. Por serviços prestados, comprávamos alguns produtos na messe.
Milhares de pessoas trabalhavam pelo Exército, desde as lavandeiras aos "impedidos" ou meninos do povo que faziam recados e escreviam as cartas (de alguns que não podiam) para as famílias. Em muitas coisas era maná.
Mas este teu amigo, um saudosista inveterado, tem a mania de falar destas coisas quando o assunto é a preservação.
Por todo o lado onde passei pertenci a grupos de voluntários para a preservação do que se podia. Só vou citar Madagáscar onde fui membro activo dos "Amigos da Natureza e do Folclore Malgaxe" e é com imensa màgua de vejo que em S.Vicente (pelo menos) nada disso existe. Se houvessem pessoas interessadas na preservação do "antigo" (a que uns tratam de "bedje") a Casa do Dr. Adriano estaria de pé, o Fortim estaria arranjadinho e talvez tivéssemos quem defendesse o Éden Pak e mais coisas.
Em Madagáscar, médicos, professores e alunos se ajoelhavam para "esgrovetà tchom" à busca tesouros que iam para museus, etc. Aqui, profissionais aposentados dão horas infindas para renovar carros velhos, comboios a carvão, barcos reformados, castelos abandonados e muitas relíquias mais para a posteridade.
Isso para te dizer que, em qualquer outro lugar, ninguém marchariam "contra" os canhões e para arranjar os arredores.
Dizem que cada um tem a gente que merece mas... será ?
Mantenha
Ó meu amigo, as coisas que V. recorda...Meus pais foram, com o Tuta (eu só cheguei no ano seguinte pois estava na escola) morar na Rua de Senador Vera-Cruz, ao lado de Botequim de Bia Gatcha, mãe de Jorge Humberto com quem joguei com bola de meia no Canalim de João Bento...
EliminarMantenha tcheu!
Zito
Outra vez Eu:
ResponderEliminarOs canhões eram pertença da Artilharia da Costa estacionada no Monte Sossego, João d'Evora e Lazareto, onde deve haver outros tesouros vilmente abandonados, o que constitui um crime.
Obrigado, Amigo Saial e Praia de Bote, pela ideia de aletar por estevandalismo.
É deveras triste ver aquilo que se passa com a conservação das referidas peças, mas posso adiantar que as do Morro Branco encontram-se em grande estado de conservação se comparadas com as do Monte Sossego, das quais possuo fotos recentes. Gostaria inclusive de obter mais informações/fotos (se possível)sobre a instalação das mesmas. Sei que foram oferta da Inglaterra e retiradas num navio de bandeira do referido país , mas não possuo o nome do mesmo, nem fotos da época.
EliminarOra, este post remete-nos ao que enviei ao Djack e foi inserido com o título "Quando a artilharia anti-aérea vigiava os céus do Porto Grande". Falei da bateria de artilharia anti-aérea que foi instalada no Monte Sossego e a sua finalidade. E referi também o seguinte, que transcrevo: "... Eu fui lá em 2003, e pela primeira vez na minha vida. Não estavam lá soldados nem equipamentos, à excepção das referidas peças enferrujadas. Estavam, sim, pessoas a viver no que resta daquelas instalações construídas em subsolo. Disseram-me que eram pessoas de S. Antão que chegavam a S. Vicente à procura de trabalho e não tinham outra hipótese de abrigo senão os bunkers. Mas penso que actualmente essas instalações estão desocupadas, conforme parecem demonstrar fotos de data mais recente que tive oportunidade de ver mas que não possuo. Tenho de dizer que me impressionou o estado deplorável em que vivia aquela gente. Cheguei ao local acompanhado de um tio e de um primo e fomos imediatamente rodeados por um rancho de crianças, que nos olhavam como se fôssemos extra-terrestres."
ResponderEliminarÉ uma pena, para não dizer um crime, o desprezo a que foram votadas as baterias de artilharia do Monte Sossego (anti-aérea) e do João Ribeiro (de costa). Tudo enferrujado, amputado de componentes, calcinado. Abandonadas e completamente degradadas as instalações enterradas daquelas unidades.
Isto, se me permitem, só num país onde não há consciência histórica, como, infelizmente, temos vindo a comprovar com outros factos que são do domínio público. Estou a falar mais de S. Vicente, pois em Santiago houve preocupação de acautelar alguma coisa, como bem sabemos. É natural que, entre outras motivações negativas que levaram à marginalização política da ilha de S. Vicente, qualquer vestígio da presença militar portuguesa seja tida como um opróbrio.
Como bem diz o post, tudo o que se passou é também história. E que história, meus senhores, a da presença das Forças Expedicionárias Portuguesas no período da II Guerra Mundial! É, aliás, um assunto a que voltarei em breve no Praia de Bote.
Amigos
ResponderEliminarEntre outros problemas este é um dos grandes que nos revolta. A memória e a história da Ilha completamente votada ao abandono total ou entregue ao vandalismo social ou financeiro. Estes e outros motivos constituem as razões da nossa luta. Tomar conta dos destinos da nossa Ilha, cuidar dela, mimá-la e resgatar ainda o que rest, é um voto caro de muitos dos seus filhos. Como é possível tanta insensibilidade por tanta coisa, ou é porque estão situados em S. Vicente ilha que deve se castigada, por razões Fundamentalistas. Permitam-me este desabafo politicamente incorrecto: Cabo Verde está governado por incompetentes ou desgovernado?
José F Lopes
Devemos dar tempo ao tempo, pois é apenas uma questão de sensibilidade e de autoridade.
ResponderEliminarAqueles senhores que lá no "lombo d'sanjon" instalarão aqueles antenas de telecomunicações, tem muito dinheiro, e devem ter celebrado julgo eu, algum acordo, para se instalarem naquele espaço, pois se ao instalarem antenas nos terraços das casas privadas pagam, ali ao menos deveria constar qualquer coisa que incluísse a requalificação daquele espaço; não é necessário por os "canhões" a funcionar, mas sim melhorar o visual.
Penso que isto não é pedir muito!!
UM ABRAÇO