terça-feira, 8 de janeiro de 2013

[0309] “Capitania”, o livro circulante, ou uma quase tragédia em dois actos



Quando se é um escritor de alto gabarito, ao nível de um Eça ou de um Camilo, os livros do dito cujo são avidamente requestados por tudo que é leitor fanático. Mas quando se está no mesmo patamar de um Hemingway ou de um García Marquez (ou Saramago, este menos, por causa daquel stóra de pontuaçom) que é o mesmo que dizer na linha do Nobel, então tudo fica ainda mais complicado. É o que acontece agora com o prestigiadíssimo livro (152 edições em 86 países) que no momento é sujeito de feroz disputa no Mindelo e fora dele, embora sempre entre mnine de lá.

Ora o autor, que desses milhões publicados apenas conserva dois exemplares intactos e um com a lombada rota, não pode abdicar deles. E foi assim que empreendendo voltas internetais deu com um pertencente a amiga desaparecida posto à venda. Claro que o comprou logo, sem deixar acabar o gosto da sucrinha compróde lá na Rua d'Matijim que estava a deglutir e contou o estranho caso aos amigos do Porto Grande.

Foi aí que estragou tudo! Em segundos, começando pelo radialista Zito, continuando pelo monsieur le consule Valdêmarrrr e terminando (talvez) no presidente da junta de freguesia de Tchã d’Sumtere, todos demonstraram querer a propriedade do dito relato capitaneal. “Ó da guarda!”, gritou o autor (que é o mesmo que dizer “Ó d’staçom!!!”), aflitíssimo, sem saber como descalçar a bota…

Mas como um mnine de Soncente nunca se deixa ir abaixo, ele meteu-se no “Gavião do Mares” (perdão, foi no “Manelica”) desatou a navegar na Internet e depois de superar algumas ondas mais fortes do Mar d’Canal deu com outra "Capitania", desta feita à venda em Aveiro. Sem autógrafo e mais barata (7 euros), aí estava a salvação e a possibilidade de evitar uma guerra fratricida entre a Chã de Cemitério e aquela zona chique, mais ou menos indefinida entre o Palácio do Governo e a Farmácia Nena, com a ponta cimeira da Rua de Lisboa pela frente.

Os livros estão pagos, o autor espera que cheguem esta semana e se tudo der certo o general radialista receberá o autografado (foi o primeiro a avançar no pedido) no próximo sábado em Carnide durante a palestra público-artística e o almirante cemiterial recebê-lo-á em Março, em mão própria (não pelo correio porque os portes de um livro de Portugal para Cabo Verde são mais caros que os do custo de uma viagem da Terra a Marte).

Quanto ao monsieur Valdêmarrrr, como já tem livro, será condecorado com uma maravilhosa garrafa de Borba pelos seus esforçados serviços em prol da causa da PRAIA DE BOTE da próxima vez que vier até ao país desgraçado.

Ora digam lá, se aqueles sujeitos da ONU resolvessem as coisas assim, haveria tonte guerra nesse munde?...

8 comentários:

  1. Maravilha! Esfrego as mãos de contente pois vou ter o meu exemplar da Capitania, hihihi!!! O investigmento foi grande e a amizade ainda maior. Todos ficamos a ganhar. Isso é motivo para celebrarmos no Botequim Boca de Tubarão com um bom grog de SantAnton! Pago eu a primeira rodada! Um por todos e todos por um! Braça rija para os amigos Mindelenses de diazá.

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  2. Caro Capitão Blogueiro desta Praia de Bote,
    Logo de manhãzinha fiz um comentário que, entretanto, desapareceu. Espero que tenha sido uma azelhice minha e não uma censura, rsss!!!
    Ora muito bem. Felicito a saída encontrada e a justiça de Salomão do Jack de Capitania. Assim todos ficamos agradados e a ganhar :-).
    Agradeço o meu exemplar de 'Capitania' e convido os camaradas envolvidos para uma celebração no Botequim Boca de Tubarão, na Rua da Praia de Bote, claro! A rodada seguinte é por conta do mais velho, rsss!!!
    Braça.

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  3. Moral da história - Por vezes, é preciso que o "general radialista" puxe pelos galões....Mnine de Soncente daquêl temp' n´é pa brincadêra!
    Nô t'oiá na Camarate, Djak...
    Àcerca do amabilissimo convite para a celebração no Tubarão, agradecia informar se inclui passagem Lisboa/Soncente/Lisboa...De qualquer forma, assumo a próxima rodada (sem bilhete de passagem):)

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  4. Ontem fiz asneira por duas vezes com comentários do Zito, mas consegui repor a verdade. Quanto a hoje, com o desaparecido comentário do esquineiro B-S, juro a pés juntos que não sou culpado do dislate. De Sapo para Blogger, nem sempre tudo corre bem e vice-versa. O B-S nem imagina o que eu passei para colocar aqueles comntários acerca do Frank Cavaquim... Teve de ser cortado às rodelas e ficou sem graça nenhuma. Dizia sempre que estava a colocar letras a mais e era mentira... Quanto ao "Boca", é garantidíssimo. Beber um grogue (ou dois... ou três) com um amigo à sombra da minha velha casa no Botequim que foi do Faustino e onde eu só comprava laranjadas e mancarra, vai ser um marco histórico que ficará gravado nas crónicas djackianas para sempre.

    Braça com ruído de Atlântico e tchere d'grog,
    Djack

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  5. Oh da Esquina !!!

    Ê preciso muito cuidado porque quando se fala de Ponta de Praia vem logo um cheirinho a contrabando e é possível que tenha havido disto com o comentário que botou da praia, perdão, se evaporou

    Não se esqueçam do que disse o célebre Dufega quando os rapazes da miniatura da Torre de Belem o apanharam a tentar safar coisas de bordo "gatchóde"

    - O que têm o Cuptania com o Praia de Bote ?

    Também,

    Reivindico a minha qualidade de "más bedje" e... se prometerem cumprir encontra-vos-ei em qualquer dos botequins ali da zona.

    Tenho dito !

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  6. Aliviado me sinto também pela salomónica (e assaz justa) resolução do caso (ia escrever "milando", lembrando-me da minha passagem por Moçambique). Quanto ao Boca do Tubarão, espero que não falte uma moreiazinha frita, que é coisa que não dispenso. E quanto ao Capitania, vou andar por aí de olhos abertos a ver se descubro um qualquer exemplar. De certeza que vou ficar rico com a alegria de o oferecer ao Djack, para que no futuro possa ele, por seu turno, fazer a felicidade de um qualquer mindelense saudoso.

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  7. Eu acho é que em Março temos de estar todos juntos no Boca. Tudo de copo de grogue na mão e moreia frita trincada na boca até não haver um pedaço de carne marítima nem uma espinha. Isso é que seria uma grande farra!!!

    Braça,
    Djack

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  8. Veja-se como o Capitania teve o condão de nos abrir o apetite, ou não fosse ele o guardião mais autêntico daqueles lugares.

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