Como anunciado neste blogue e em pelo menos mais um (o parceiro “Arrozcatum”), decorreu ontem na Associação dos Antigos Alunos do Ensino Secundário de Cabo Verde (Carnide, Lisboa) a palestra “Arte Pública Colonial em Cabo Verde”. Com uma assistência de cerca de duas dezenas de interessados ouvintes (bem menor que o habitual, em virtude do falecimento de um associado e consequente acompanhamento do funeral por outros membros da associação), passou-se cerca de hora e meia em amena conversa sobre estátuas, bustos e padrões das ilhas, mormente da de S. Vicente. O palestrante debitou o seu parlapié, o público interveio quanto lhe apeteceu e tudo acabou numa opípara jantarada de cachupa e nova conversa com memória de pirraças sanvicentinas onde foram lembradas as de Baltasar Lopes, Jorge Barbosa, nhô Djunga e outros.
Ou seja, o Mindelo esteve em Carnide, quiçá mais vivo que na ilha de que
é cidade única. Uma bela tarde, uma bela noite e finalmente o
conhecimento ao vivo entre o PRAIA DE BOTE e o ARROZCATUM com entrega do
prometido e capitaneal livro.
Posto isto, e tendo-se falado de José Inocêncio Silva, aqui vai raro
documento do nosso arquivo, para recordar um “Sam” (assim
mesmo, como se pode ler no cartãozinho) Vicente desaparecido mas ainda
hoje morabe.
Quase tudo dito sobre o histórico encotro bloguista resta-me registar o agrado de aqui recordar José Inocencio Silva, mais conhecido por Jo Feio, um personagem incontornável da história mindelense, um homem que, creio, foi injustiçado no seu tempo e parece continuar a se-lo, no presente. Gostaria que alguem com valimento nos fizesse o retrato do verdadeiro José Inocêncio...
ResponderEliminarCaro Zito
ResponderEliminarVai o que escrevi sobre ele no meu livro a Imprensa Cabo-verdiana
SILVA, José Inocêncio - Nasceu em 28 de Julho de 1894 natural da ilha de S. Nicolau e faleceu em 1967 na cidade do Mindelo, ilha de S. Vicente. Entrou para o quadro dos Correios e Telégrafos da Colónia em 26 de Julho de 1915 e trabalhou sempre naquela cidade até à sua aposentação. Era um homem dado à cultura, mas tornou-se uma figura demasiado identificada com o regime salazarista o que lhe terá valido a perda de muitas simpatias entre os intelectuais cabo-verdianos. Exerceu os cargos de Presidente da Delegação da Sociedade Histórica da Independência de Portugal, Secretário da Comissão Provincial da União Nacional e era sócio da Sociedade dos Escritores Portugueses (extinta pouco antes do seu falecimento). Colaborou no Notícias de Cabo Verde, A Colónia de Cabo Verde, Cabo Verde - Boletim de Propaganda e Informação e nos portugueses Gazeta das Caldas, Caldas da Rainha, Gazeta do Sul, etc.
Escreveu algumas crónicas de viagens e um ensaio político que publicou, além doutros que ficaram inéditos: Poeira do Oriente, (Ensaio político) Praia, I. Santiago, 1938; Notas do meu rumo, Praia, I. Santiago, 1940; Panoramas caboverdeanos, Praia, I. Santiago, [1943]; Rumo Novo, Praia, I. Santiago, 1946; Poemas de quem não tem que fazer, Mindelo, I. S. Vicente, 1961(?); Portugal Novo; etc. Anunciou a intenção de publicar um livro de contos Os meus Serões e um romance O Meu Ensaio que chegou a escrever além de mais dois livros de viagens Terras do Sul, descrição dos Alentejos e Algarve, e Além Pirinéus, todos eles livros que não chegaram a ser editados.
Em 1946 o “Grupo Académico Progredior” editou o opúsculo À volta de J. Inocêncio Silva e do seu novo livro Rumo Novo no prelo, Gráfica do Mindelo Lda, 1946, 14 p. Este opúsculo, que não sabemos se de carácter ensaístico ou satírico, é assinado por Belmiro Vieira, Raul Querido Varela, Adelino Gomes, Celso Fernandes, Jorge Ribeiro, Albertino Gomes Martins e Aguinaldo Spencer Salomão.
João Nobre de Oliveira
Obrigado pela resposta ao meu apelo...É que, por motivos que nunca consegui explicar, senti pelo JIS uma afeição especial, sobretudo, talvez, porque sempre me pareceu um homem só, refugiado nas suas convicções e nos seus escritos...
EliminarMais um "pedacim" do esperado livro do Djoman. Ontem, na AAAESCV, entre outras coisas, também se falou do outro, do monumental e imprescindível volume sobre a imprensa cabo-verdiana.
ResponderEliminarBraça para o João Manuel,
Djack
Caro Djack
ResponderEliminarParabens pela conferência. Penso que o associado que faleceu seja o meu primo Arnaldo Mariano. Pessoa de bom trato e amigo de toda a gente.
João Nobre de Oliveira
Era esse mesmo, era o Eng. Mariano. E foi feito um minuto de silêncio, após a palestra. Houve menos gente ontem, porque muitos sócios quiseram estar presentes no funeral de um dos fundadores da AAAESCV - o que é natural. Depois já era tarde para irem para ali. Mas os que puderam estar fizeram um bom ramalhete.
ResponderEliminarObrigado pelos parabéns.
Grande abraço
Djack