Durante o seu percurso de dois anos e meio, o Pd'B tem desenterrado um pouco da história de Cabo Verde, sobretudo da ilha de S. Vicente, através de materiais de arquivo físicos ou digitalizados (postais e envelopes, entre outros) aos quais na maior parte dos casos ninguém tem dado importância mas que são essenciais para a construção dessa mesma história, por exemplo na vertente comercial.
18 de Agosto de 1940. A Casa Ribeiro de Almeida, do Mindelo, então de luto, como se pode ver no envelope reproduzido, escreve para a firma N. V. Polak & Schwarz Essencefabrieken, em Zaandan na Holanda, ocupada pelos nazis desde Maio. Um dos Ribeiro de Almeida, o Vitor, ainda foi meu colega no Liceu Gil Eanes e recordo que nos anos 60 a firma do pai era uma das mais prósperas da ilha, ao lado de Serradas, Leão, Benvindo e Casa Luso-Africana, por exemplo.
Quanto à empresa de essências contactada para um qualquer negócio que desconhecemos, o caro leitor poderá saber mais dela e do sumptuoso edifício que ocupava, clicando AQUI.
Curiosos são os carimbos do Obercommando der Wehrmacht (Alto Comando do Exército), mostra da arrogante sobranceria do ocupante do país dos moinhos. Colocamos o mesmo envelope em duas posições, para esses carimbos terem melhor legibilidade.
Recordo, com imensa saudade, o Eurico Ribeiro de Almeida, que morreu muito jóvem, deixando esposa e dois filhos. Era um "gentleman" em toda a acepção da palavra, alegre, comunicativo, amigo do seu amigo. Poucas mortes me marcaram tanto como a deste ente humano exemlar...
ResponderEliminarZito
E este senhor "M." (Manuel?) seria o pai dele, eventualmente a pessoa falecida que a tarja negra representa?
ResponderEliminarMeu caro, eu só cheguei a S.V. em 1943 e a minha amizade com o Eurico, reporta aos anos 60/70...O "M" creio que é, efectivamente, de Manuel e leva a crer que seja ascendente do Eurico, embora por via extra-matrimonial...
EliminarAbraço,
Zito
É possível que o luto seja por morte de alguém da família, mas não creio que tenha sido o Manuel Ribeiro de Almeida. Se não estou em erro, ele faleceu bem mais tarde. Foi um empresário de relevo em S. Vicente (fundou a fábrica de tabaco), além de grande activista cívico e jornalista. É pai da Lourdes Chantre, esposa do professor Guilherme Chantre.
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