Cabo Verde deve receber, a 20 deste mês, 15 mil toneladas de milho, a primeira produção oriunda do terreno comprado em 1985 pelo Estado cabo-verdiano no Paraguai para a produção de cereais que chega ao arquipélago.
O projecto, denominado "Ilha Verde", nasceu em 1985, quando Cabo Verde comprou um terreno no Paraguai para a produção agrícola fora do país, com vista a suprir as necessidades internas de cereais devido à fraca produção nacional.
Além do milho, estão a ser cultivados no Paraguai produtos como trigo, arroz, soja, cana-de-açúcar, mandioca, feijões e frutas, entre outros, que serão transportados posteriormente para Cabo Verde, onde servirão de matéria-prima para outras unidades de transformação agroindustrial.
Durante uma visita à Unidade de Armazenamento de Cereais, instalado no Porto da Cidade da Praia, o primeiro-ministro cabo-verdiano destacou que o "Ilha Verde" é uma "grande referência para o empresariado cabo-verdiano", virado para o país, mas também com ambições de transformar os produtos agrícolas e exportá-los para o mercado oeste-africano.
"O que se está a projectar à volta desta propriedade no Paraguai é trazer cereais e desenvolver um pólo industrial no domínio agroalimentar para o mercado nacional e para a diáspora", afirmou.
"Mas também há a intenção de Cabo Verde se poder inserir no espaço da CEDEAO (Comunidade Económica dos Estados da África Ocidental), aumentando a nossa capacidade industrial e de exportação e, consequentemente, gerar milhares de postos de trabalho e garantir mais rendimentos para as pessoas, além do efeito fundamental na nossa soberania alimentar", disse.
Para José Maria Neves, o projecto "Ilha Verde" contém "uma visão e uma grande capacidade" de empreendimento, constituindo-se como uma iniciativa "ousada", mas também de "grande persistência e paciência" dos empreendedores.
Esta produção de bens em regime extraterritorial tem o seu quê de "lança em África (!)" mas suscita-me uma duvida que gostaria de ver resolvida: o milho, o arroz, o feijão e o que quer que seja, há-de chegar às ilhas em navios que, lógicamente, vão cobrar um frete de ida-e-volta pois, assim à primeira vista não vislumbro o que é que poderão carregar, de volta...É como fazer uma corrida de taxi ao quilómetro: como não haverá passageiros para o regresso, tem que se pagar os dois percursos...Será isso rentável?!
ResponderEliminarEstava a gizar um comentário bem favorável quando li o do Zito. O meu comentário, que mantenho, vai no sentido de aplaudir uma ideia que tem muito de original, cabendo perguntar se é exclusiva de Cabo Verde. Que é uma ideia capaz de oferecer solução para o suprimento das necessidades de abastecimento em cereais, parece evidente que poderá ser. Mas claro que são pertinentes as interrogações do Zito, muito pertinentes mesmo. É que para lá da originalidade e, porventura, virtude, da ideia, todos os custos têm de ser sopesados. Isto significará perguntar se o custo de transporte compensa mesmo ou se por trás da ideia estará o primado de algum interesse privado com lucros chorudos e inadmissíveis para certo empresariado. É desconfortável colocar dúvidas perante uma solução desta natureza e de outras que visam resolver o grave problema alimentar de Cabo Verde, mas elas são legítimas e só podem contribuir para o esclarecimento cabal a que o povo tem direito. Mas oxalá tudo tenha sido bem pensado e equacionado e estejamos perante uma solução tão luminosa nas suas vantagens económicas para Cabo Verde que até causa estranheza nunca ter sido antes ponderada.
ResponderEliminarBom em relação a este assunto estou tão perplexo que não consigo comentar. Para além desconheço os pormenores desta operação ou investimento, que data dos anos 80 quando o primeiro ministro era Pedro Pires, pelo que as minhas duvidas são imensas. Como é possível que só agora falem desta questão?
ResponderEliminarTirando isso dou o benefíco da dúvida a este projecto, esperando que não seja outra publicidade enganosa ou propaganda política mas sim algo que beneficiará todo Cabo Verde. Se tal for o caso boa sorte a esta iniciativa
Lembro-me de ter ouvido a noticia de compra de terrenos na América Central pelo nosso Governo e, desde então, tive dúvidas sobre se seria rentável. Isso ficou na minhas abissais e agora aparece.
ResponderEliminarLi os três comentários acima e... continuo a ter dúvidas, precisamente sobre o custo dos cereais na medida em que os barcos so têm cargo num sentido.
Não sento técnico não condeno mas, se fosse chamado eu diria "fabriquem a "bombas eólicas, como as que fabricava o Toi Bintim e exploram terrenos. Não terrenos arroz mas teremos milho, feijões, etc."
Como não temos petróleo devemos ter ideias. E falar não é proibido.
Já agora, não me parece despiciendo perguntar o que é que as "nossas" terras do Paraguay produziram nestes ultimos mais de...vinte anos!!!
ResponderEliminar'That is the question' Zito. Já chegamos no ponto. Obviamente que essas terra devem ter produzido um pouco, a pergunta que se coloca é quem geriu os benefícios e como foram distribuídos durante mais de vinte anos. Mas como dificilmente em Cabo Verde se questiona sobre as finalidades das coisas e se prestam poucas contas ninguém vai-se lembrar de questionar isso. Continuo perplexo
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