quinta-feira, 9 de janeiro de 2014

[0679] A cara que guarda o Porto Grande

Foto José Carlos Marques
É o "monte". Não há outro como ele. Se o Monte Cara se desmoronasse, o melhor era o Mindelo mudar-se para Santa Luzia que a cidade perdia toda a graça e já não valia a pena existir ali. É a ultra-hiper-suprema maravilha cabo-verdiana (imediatamente abaixo dela está a Praia de Bote, claro!...), deixando a milhas (marítimas ou terrestres, como se queira) todas as outras que o país tem. Guarda do Porto Grande e seu deus protector, é motivo de bastos souvenirs e variadas mornas. Enfim, os mindelenses amam-no, fazendo parte de todas as famílias da ilha, espécie de avô sábio ao qual se pede conselho ou para o qual se olha em momentos de aflição. Mas ponto final nos elogios que o leitor se começa a fartar de tanto encómio...

Almirante Horatio Nelson
Praia de Bote, que já estava a par do seu nominha de "Monte Washington" (designação que em 1917 ainda aparece no jornal americano "Hyannis Patriot" de Massachusetts e até mais tarde em postais ilustrados como no que abaixo se pode ver, de 1922), acaba de descobrir que o britânico e heróico almirante Nelson também foi achado parecido com a horizontal face. E portanto aqui fica a frase sobre a "montanha Cara". Está a coisa na revista "Occidente" de 1 de Março de 1891, em longo artigo alusivo à nossa ilha, da autoria de Manuel Barradas.



6 comentários:

  1. Para mim, o Monte Cara é parte de um conjunto em que entra a baía do Porto Grande. Acho que as duas obras da natureza estão uma pela outra, congeminadas que foram num único acto criador.

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  2. Monte Cara e o Porto no qual se insere Praia de Bot é sem dúvida a Maravilha de Cabo Verde

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  3. Estou de acordo. Mindelo sem a sua baia e sem o Monte Cara, perderia toda a graca. O escultor maximo do Universo fez esse mimo para a ilha; esculpiu o Monte Cara e fez essa reentrancia que alem de linda tem muita historia para contar, desde a noite dos tempos.
    Bons one pa tude gente.
    Nita

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  4. Primeiro, confesso-me muito honrado por poder contar com a reprodução da belíssima foto, no cabeçalho do "Arrozcatum"...Segundo, confesso que nunca tinha ouvido chamar-lhe Monte Nelson...Terceiro, não consigo conceber a Baía do Porto Grande sem o Monte Cara, nem o Mindelo sem a sua baía, nem a ilha sem Mindelo, nem Cabo Verde sem S.Vicente...O resto...é paisagem!

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  5. Estive a olhar para essa fotografia antiga e senti que, apesar de então bem mais pequena e modesta, a cidade do Mindelo já tinha qualquer coisa de mística ou de mágica, como queiramos. Isso talvez tenha sido devido ao nascimento da urbe sob os auspícios dessa baía onde ancoravam inúmeros navios que vinham de todo o mundo. Um bafo de modernidade precoce oriundo de longínquas paragens parecia contrariar a pequenez e a modéstia da cidade, mas ao mesmo tempo insuflava-lhe um halo de mistério. Tudo diferente da então vetusta e atrasada cidade da Praia.
    Olhei para as casas e entretive-me a verificar que muitas delas tinham quintais. Todas as casas onde vivi em S. Vicente tinham quintais, uma espécie de prolongamento do espaço coberto, de muita utilidade para as servidões domésticas. Lembro-me de que a minha mãe construiu um pequeno canteiro no quintal da última casa em que lá vivi e nele semeou flores. Recordo bem os girassóis, de entre outras flores. Procurei descobrir nessa foto se já existiam os 4 prédios grandes que um meu bisavô (Alfredo Miranda) construiu, um para cada filho. Um é o que tem em baixo o Café Portugal, que herdou a tia-avó Bia. Outro é o que incorporava no rés-do-chão a Casa Miranda, que herdou o tio-avô António (médico cirurgião). Outro é o que faz esquina entre a rua conhecida por Papa Fria e a que descende para a Praça Nova. Prédio geminado (dividido em dois), uma parte para a minha avó e outra para o tio Djim. Embora prédios modernos e citadinos, tinham no interior um pequeno quintal. Mas o da minha avó e o do tio Djim tinham um enorme terraço. Não me parece que esses prédios já existissem, pois foram construídos no início do século XX e esta foto antiga parece ser de data anterior. Mas o que mais me seduz é a contemplação destas casas que figuram em primeiro plano, não só pela vista privilegiada sobre a baía e a cidade descendente como pela noção de liberdade que transmitem. Enfim, breves ruminações saudosas de um mindelense.

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  6. O primeiro nome dado ao Monte Cara, foi-o suponho pelo Sr. que está ao lado da "Capitania velha"

    de pé, estático, o navegador Diogo Afonso. Fê-lo, também suponho, em homenagem ao seu

    mentor, o na altura falecido Infante Dom Henrique. Portanto chamando-o "Cara do Infante". Mas,

    como A Ilha ficou cerca de 3 Séculos por habitar a denominação mergulhou no esquecimento...

    Quanto ao nome anterior mais conhecido, depois da Ilha ser povoada defitivamente pelas pessoas

    trazidas da Ilha do Fogo, pelo Sr. João Carlos da Fonseca Rosado a partir 1795..., o de George

    Washington, este foi- certamente dada pelo primeiro capitãob de balleiro-americano ao deparar

    com a semelhança deveras que existe entre as figuras citadas com o Monte da Ilha de São

    Vicente, do Arquipélago de Cabo Verde, mais célebre e celebrado... Acho que já é altura de se

    fazer as pesquisas para tirar tudo isso das brumas do esquecimento. A História das ilhas, dos

    elementos mais marcantes que marcam o imaginário do povo, agradecem.

    Um obrigado, junto com abraço d'Morabeza e desejos de 2014 com Sáude e muitas alegrias.

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