Estava-se a 30 de Dezembro de 1910. A República era nova, acabadinha de ser aplicada na sede do Império, menos de três meses antes, ainda vaga nas colónias do dito. Na Ribeira Bote, tudo continuava (e continuaria) na mesma, tal como no longínquo Portugal europeu onde se tinha trocado Rei por Presidente... Havia de facto um vago sinal de festa no jovem tamborileiro que aparentemente treinava para próximo Sanjom, mas outro fazia uma sesta, indiferente ao fotógrafo, enquanto as tristes mulheres da Rubera perdiam o olhar num horizonte sem esperança.
Uma imagem dos arrabaldes do Mindelo em tempos recuados. A pobreza e a secura da natureza dão as mãos e o retrato é desprovido da amenidade que poderia estar na simples presença de uma folhagem verde.
ResponderEliminarLembro-me disto !
ResponderEliminarNão se trata de uma pose para cartão postal mas uma realidade de eu vi por volta de 1938/39/40 em chão pertencente à Câmara Municipal na Rbera Bote quando ia com o meu Pai visitar o Tio José (José Joaquim Pereira como o avô, madeirense, Patrão-Mor na Brava).
A pedido, o Tio, conhecido por "Djesse", fabricou uma casa com madeira recuperada; apareceram mais encomendas e apareceram mais casas cada vez melhores. Como tudo estava nos conformes, as pessoas (que quiseram) adquiriram certificados de propriedade. E isso contribui para que desaparecesse a vergonha das casotas do bilhete posta!. E foi assim que nasceu o bairro "ILHA DA MADEIRA".
Raros são os que conhecem a origem e é bem possível que nada figure nos cadernos municipais mas figurará nos arquivos implacáveis do Praia d Bote.
Situação de miséria insuportável essa que vivia o interior da ilha para não dizer no Cabo Verde profundo. Os cabo-verdianos mereciam mais do que este estado de indigência
ResponderEliminarTiro o meu chapéu ao Val, cuja memória imensa não perde a dimensão humana das coisas...
ResponderEliminarAmigo JFL, a indigência que esta foto transpira não seria dificial, na época, de encontrar escondida pelos contrafortes do nordeste transmontano...Talvez com alguma roupa a mais que o frio sempre foi agreste...
Eu sei amigo Zito. Acrescentaria que os portugueses também . A afirmação é genérica assim como digo hoje que a situação que se encontra o país 40 anos depois da independência está muito aquém do desejado.
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