Praia de Bote está a preparar a palestra abaixo anunciada. A coisa é muito divertida e entusiasmante mas requer aplicação e atenção redobrada na recta final, antes do dia marcado. De modo que se fecha a loja por uns dias, pedindo-se desculpa aos nossos "clientes" pelo incómodo. Entretanto, estes poderão ler os mais recentes posts e comentá-los. Quando estiverem fartos, que dêem uma volta ao "Esquina do Tempo" ou ao "Arrozcatum". Até breve, então.
Arte pública ao virar da esquina, diz o título do convite. Mas, que esquina?
A do palácio Almada, na capital,
obviamente, onde se reuniu clandestino grémio conspirativo para a restauração
da independência portuguesa, 60 anos extorquida ou, melhor cartografando, uma
das esquinas do Largo de São Domingos, em época manuelina ungido com sangue
judeu. Largo este com sua igreja de casamentos reais e incêndio inesquecível,
olhando o teatro mariano e nacional, palco de semelhante fogo. E cotovelo
também da Rua das Portas de Santo Antão, as da medieva muralha fernandina, com
pano ainda visível e visitável ao fundo do jardim do dito paço. De igual modo
da Estação Central (de comboios) do Rossio e de uma das duas pequenas Broadways
alfacinhas de teatros e cinemas, uns vivos, outros desaparecidos mas não da
memória colectiva, até de um Coliseu de circos de passada infância, óperas,
concertos e cantorias diversas, roqueiras ou não. E de restaurantes populares de
"Come e Bebe" ou de "come em pé" ou de luxo, activo o dos
presuntos e o "Gambrinus", liquidado o "Escorial", agora
sítio de comezainas mais chãs. E esquina de ginjinhas várias, três pelo menos
ali bem perto, com ou sem elas. E ângulo próximo do Rossio, Restauradores,
Avenida da Liberdade e Praça da Figueira, a tal sem praça nem figueira mas
ainda Praça. Com vizinhança de chapelarias já raras na cidade, lojas de sapatos
e malas, estaminés de souvenirs, um "Nicola" bocagiano, uma
"Suíça" pasteleira e turística, fora sítios de comida plastificada, ourivesarias,
uma Casa da Sorte para quem a tem e de mil e uma outras locandas, até do
B&B, mortos ambos os Brazes e a loja… encolhida. E da Rua Barros Queirós,
de peões – e pioneira nisso, antes de outras pedonais de recente promoção. E de
mil e uma nacionalidades e gentes, em particular africanas e crioulas (que não
são a mesma coisa), nos seus falares estranhos, capulanas e gindungos. E de
célebre hospital dos santos todos, que curava o corpo mas também da tenebrosa
Inquisição no Paço dos Estaus que pretendia tratar o espírito…
Esquina de tudo
isso e de muito mais e de curiosas peças de arte pública olissiponense, que
veremos, uma a uma, com vagar, em agradável passeio de fim de tarde lisboeta…
confortavelmente sentados, sob a protecção de El-Rei Rei D. João IV e do seu
fiel servidor, D. Antão de Almada (um dos espevitados 40 rapazes fidalgos
feitos genica lusa) – e… em sua casa.
Joaquim Saial
Sinceros desejos de que o interregno seja por juma boa causa - que se reflita no êxito da palestra...Obrigado pela recomendação de visitar o "Arrozcatum"...
ResponderEliminarBraça
Zito Azevedo
Amigo, satisfeito por ires falar daquilo que sabes e tratas por tu, ainda mais com a capacidade de comunicação de que és dotado. Que corra tudo bem é escusado vaticinar, porque de antemão sabemos que isso é um dado adquirido.
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