(...) "Maxilar Desdentóde" era mais conhecido entre a família dos esqualos simplesmente por Max. Mas não só por estes. Tudo o que era bicharada nadadora do mar de São Vicente (até de aquários domésticos do Mindelo, onde a sua fama também chegara) assim o designava – e por ele tinha enorme consideração, desde o dia aziago em que o predador arruinou a totalidade dos dentes da sua enorme bocarra. O motivo do infeliz acontecimento vê-lo-emos mais adiante, com o desenrolar desta história. E lá lhe pôs o povo do mar o inevitável nominho, em substituição do de Lâmina Tavares com que fora baptizado, daí para diante definitivamente esquecido.
Max, que nascera na Baía de Salamansa, passou os primeiros anos a nadar entre essa enseada, a Baía das Gatas e o Porto Grande. E de tal maneira gostou desses sítios que nunca mais dali saiu. Os seus onze irmãos, mais afoitos, começaram desde cedo a cruzar os mares de Cabo Verde. Por isso, Faquinha, Sabre, Canivete e Naifa, ainda inexperientes, haviam sido apanhados por um pesqueiro que andava ao largo de Santa Luzia e Cutelo também tinha tido um final trágico, feito em postas pela hélice do patrulha "Delfim" da Guarda Costeira, que andava em viagem de vigilância das águas nacionais. Os outros seis haviam-se deslocado para mais longe: dizia-se que uns pairavam por Santiago, Brava e Fogo, que outros estavam na América, perto do delta do Mississipi, e que os restantes, entre os quais se contava Bisturi, faziam parte de um cardume que se tinha fixado na zona do Recife, nas imediações da Praia da Boa Viagem, onde pregava enormes sustos aos turistas que faziam da zona brasileira local de vilegiatura. Mas Max, como atrás se disse, preferia a costa reconfortante "daquele país" que é São Vicente e dela fez seu lar. (...)
Venha o título e o nome do autor.
ResponderEliminarO tubarão que se apercebe na foto andava à solta porque nem NhôFula nem Jorgim andavam por aqueles lados.
ResponderEliminarSafado !!!