quinta-feira, 7 de agosto de 2014

[1014] Ainda da mesma memória de morada do post anterior

Foto Joaquim Saial
(...) Atrás da Vascónia, está a Praça Estrela, assim designada devido à configuração dos canteiros das árvores que lhe fornecem sombra. É quadra desafogada, por onde as pessoas passam mas raramente param. Ninguém se senta naqueles bancos, ninguém toca no coreto, não há um quiosque, um desprezo total por um dos locais mais bonitos do Mindelo. Por vezes, é ali que a Maria Salema e um ou outro maltrapilho dormem a sesta, sempre cobertos de moscas, debaixo das árvores mais frondosas. O eterno freguês da praça é o descobridor Diogo Afonso, ali em pé desde 1955, em forma de estátua, querendo vislumbrar o mar que o levou às ilhas de Barlavento, mas disso impedido pelo muro da Vascónia. Adivinho-lhe as aventuras antigas e consolo-o dizendo-lhe que pode ser que um dia o levem para a ilharga da Capitania. Mal sei eu que para que isso se concretize será preciso que Cabo Verde se torne independente e que alguns exaltados o atirem ao chão para depois finalmente outros mais sábios o erguerem frente ao Atlântico, onde ele sempre deveria ter estado. (...)

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