domingo, 31 de maio de 2015

[1539] Falar da morna

"Cartas de Cabo Verde" (1948) – Eng.º Luíz de Saldanha Oliveira e Souza

(Ilha Brava)

(…) Certamente, como consequência deste meio naturalmente belo, harmonia sem igual, e permanente encantamento, o povo desta ilha é dotado de dotes artísticos excepcionais que se manifestam espontaneamente, e de que as "mornas" são a tradução na poesia e na música. Que delicada inspiração, que doçura de sentimento, que arte consumada, e, por vezes, que fina ironia se encontram nestas composições poéticas!

Eugénio Tavares
Um dos grandes poetas cabo-verdianos foi Eugénio Tavares, natural da Brava, onde viveu, e célebre pelas mornas que compôs. Recitadas na harmoniosa linguagem crioula, em que foram escritas, fazem vibrar a nossa sensibilidade lusíada, não só pela vaga saudade que transparece nas suas quadras, mas também pela beleza e verdadeira poesia que encerram. Não é nada que se pareça com a deprimente letra do fado cantado nas vielas de Lisboa; mas qualquer cosia muito mais artística e elevada, que muito se assemelha ao estilo do conhecido poeta Catulo Cearense.

A morna é acompanhada por música sentimental, mas inspirada e melodiosa; nada, contudo, que possa comparar-se com o monótono acompanhamento do fado. Executada com estilo e mestria pelos violinos e violas locais, ouve-se com o maior agrado. (…)

2 comentários:

  1. Aprendi quão sentimental é a morna depois de deixar Mindelo e tudo quanto não podia levar comigo. Foi então que apercebi-me o significado de sodade e o estado em que se fica por estar longe sem bilhete de regresso.
    Só vivido...

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  2. A quem o dizes, meu amigo...A quem o dizes!

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