sexta-feira, 20 de novembro de 2015

[1733] Mais um barco afundado, mais um ataque alemão em águas das ilhas cabo-verdianas

Ocorrência 8 - O afundamento do "Lahore"

(ver sete anteriores ocorrências, em posts já lançados do Praia de Bote; clique na etiqueta Ocorrência, mesmo no final deste post)

Luís Filipe Morazzo
A Batalha do Atlântico foi um confronto marítimo que marcou a Segunda Guerra Mundial, travado no Atlântico entre as potências europeias do Eixo (Alemanha e Itália) e os Aliados. Inicialmente, os Aliados Reino Unido e França exerceram um bloqueio naval contra a Alemanha Nazi, com os eventos decorrentes da queda da França, a marinha britânica estendeu tal bloqueio à Itália fascista. A partir de 1941, as potências europeias do Eixo através de suas frotas de submarinos, progressivamente iniciaram tentativas seguidas de bloquear as rotas navais aliadas no Atlântico; visando impedir a chegada de suprimentos ao Reino Unido, especialmente (a carne da Argentina e o petróleo da Venezuela), à União Soviética, a chegada de tropas americanas no Teatro Europeu de Operações, bem como a utilização do Atlântico como rota de abastecimento para os Aliados nos Teatros de Operações da Ásia, e do Pacífico.

O Lahore
Durante os primeiros anos da Batalha do Atlântico, por motivos acima explicados, os Aliados pouco ou nada puderam fazer para conter a ameaça submarina nazi, mesmo com seus navios navegando em comboios. Karl Doenitz (Comandante da Kriegsmarine marinha alemã) também orientou seus capitães a fazerem uso da tática de "matilhas" (em alemão, Rudeltaktik): um comandante de submarino que localizasse um comboio aliado transmitia, por rádio, a sua rota a submarinos vizinhos, que se reuniam para atacar, à noite, o malfadado comboio de diferentes direcções e infligir-lhe pesadas perdas. Por conseguinte, um número assustador de navios mercantes e de combate foi posto a pique por hábeis comandantes alemães. Tanto que, por momentos, o ritmo no qual os navios aliados eram afundados superava a capacidade dos estaleiros em substituí-los

A acção que temos vindo a seguir envolvendo o comboio SL-67, é um bom exemplo da terrível tática de “matilhas”, utilizada por grande parte dos comandantes de submarinos alemães, que continuavam a obedecer escrupulosamente à ordem do seu chefe Nesta acção como temos vindo a acompanhar, destacou-se Wilhelm Schulz, comandante do U-124, só à sua conta acrescentou mais quatro marcas no periscópio do seu submarino, correspondentes aos sucessos representados pelos quatro navios afundados, durante o decorrer desta campanha.

Depois de termos abordado os dois primeiros ataques, respetivamente contra os navios Narrana e Harmodius, o foco aponta agora para o grande cargueiro Lahore, torpedeado quase em simultâneo com os anteriores, na medida em que, todos foram vítimas do mesmo lançamento de uma rajada de seis torpedos, efetuado entre as 5h47 e as 6h08, do dia 8 de Março, a NNE das ilhas de Cabo Verde.

O Lahore era um robusto cargueiro de 5304 toneladas de deslocamento bruto, construído em 1920, em Sunderland e pertencia a um grupo de quatro navios gémeos, todos encomendados pelo famosíssimo armador inglês, Peninsular & Oriental Steam Navigation Co. a fim de reforçar as ligações entre os portos da Grã-Bretanha com os das colónias do império, em particular os que ficavam mais a oriente, onde se destacava a Índia.


A carga a bordo era composta em especial por grandes partidas de madeira e chá, além de várias tonelada de correio e minério de ferro. Após o torpedeamento parte desta carga de madeira incendiou-se, obrigando a tripulação a abandonar o navio no dia seguinte. Todos os 82 tripulantes foram salvos pelo contratorpedeiro da escolta HMS Forrester que os transportou de seguida até Gibraltar.

2 comentários:

  1. Mais um relato emocionante, que eu li com todo o interesse que estas coisas do mar me suscitam. Obrigado, Luís Morazzo!

    ResponderEliminar
  2. Caro Adriano Lima

    Apareça sempre, são os leitores como você que mais motivam aqueles que escrevem.


    Saudações marinheiras

    Luís Filipe Morazzo

    ResponderEliminar

Torne este blogue mais vivo: coloque o seu comentário.