O Arquivo Distrital de Setúbal disponibiliza o registo de baptismo de José Fernandes Leão, baptizado a 17 de Janeiro de 1816 na igreja matriz de São Julião, em Setúbal.
José Fernandes Leão foi médico da Armada, tendo exercido o seu ofício em Macau, Rio de Janeiro, Angola e Guiné. Nas ilhas de Cabo Verde destacou-se no combate às epidemias de febre-amarela e de cólera.
O referido documento integra um dos livros de registos de baptismos do fundo documental da Paróquia de São Julião, em Setúbal (PT/ADSTB/PRQ/PSTB03/001/00015).
À falta dos da selva, Cabo Verde pode orgulhar-se de alguns leões humanos que por lá andaram!
ResponderEliminarBraça leonino
Zito
Por Cabo Verde passaram vários médicos militares que exerceram o seu ofício como clínicos civis. Creio que pelas outras colónias aconteceu o mesmo.
ResponderEliminarTentei há uns meses pesquisar qual era o estatuto militar desses médicos, no sentido de confirmar se as patentes militares eram por graduação em função da penosidade de determinadas missões nas colónias, ou se eram oficiais médicos das estruturas orgânicas das forças armadas, portanto, médicos dos quadros permanentes.
A dúvida surgiu-me quando tentei obter dados biográficos sobre o Dr. Regala (que morreu com a patente de coronel médico) e não o encontrei nas listas onde figuram os seus pares nos tempos em que serviu. Fiquei intrigado e tentei esclarecer o assunto, sem o ter conseguido.
Então deduzi que talvez as patentes militares fossem efectivamente por graduação, uma espécie de distinção e também de segurança em termos profissionais para médicos que se oferecessem para serem colocados nas colónias. É que determinados postos de oficiais médicos só se enquadram (ou têm cabimento) em altas estruturas militares. Por exemplo, os batalhões que iam para o Ultramar (cerca de 700 homens) integravam apenas oficiais subalternos médicos (alferes e tenente). Por exemplo ainda, as Forças Expedicionárias a Cabo Verde na II Guerra Mundial (cerca de 20.000 homens) tinham no seu quadro orgânico, como posto máximo, o de capitão. O célebre Baptista de Sousa era capitão médico e foi director do hospital militar criado em S. Vicente. Na Metrópole, o hospital militar principal, em Lisboa, o organismo máximo na área da saúde militar, tinha como director um coronel médico. É que os oficiais médicos são obrigados, no decurso da carreira, a frequentar cursos militares e estágios para irem sendo promovidos, designadamente para capitão e depois para oficial superior (a partir de major). Além de outros.
Assim, há razão para perguntar como o célebre Dr. Regala fez praticamente a sua carreira em Cabo Verde, subindo na hierarquia até atingir o posto de coronel, se não havia praticamente tropa ali. Mas não foi só ele. Quem lê o romance Capitão de Mar e Terra do Teixeira de Sousa fica a saber que na ilha do Fogo estava colocado um capitão médico. E julgo que outros casos houve.
Se alguém souber que me explique, porque gostaria de aceder aos documentos do processo individual do coronel médico Regala, para divulgar alguma coisa menos conhecida sobre ele. Ao fim e ao cabo, tal como fiz em relação ao Baptista de Sousa. Tenho quase a certeza de que o Dr. Teixeira de Sousa sabia. Mas os mais velhos vão desaparecendo e com eles as suas memórias. Faleceu há 2 anos, aos 100 anos, em Tomar, o Dr. José Tamagnini (médico). Quando escrevi sobre o Baptista de Sousa, falei com ele e fiquei a saber que conheceu e serviram ambos num hospital em Lisboa. Ele era ainda um jovem médico e o Baptista de Sousa era já capitão e ia a esse hospital operar nas suas horas vagas, fora da actividade militar.
Estas pistas históricas aqui trazidas, tanto pelo Joaquim Djack,como pelo Adriano, demonstram como a nossa história é rica e não unívoca. Ela é feita de tantos episódios interessantes e de gente quase heróica que pugnava de várias formas. Estes são médicos militares que ficaram na memória, alguns deles, de grata memória nas gentes das ilhas.
ResponderEliminarAbraços
Ondina