sábado, 21 de janeiro de 2017

[2816] Aos sábados, uma capa de disco (1)

Se aos domingos não colocamos posts, aos sábados passamos a divulgar apenas uma capa de disco. Está dito e será feito ou, como falamos no nosso crioulo, dzide, fazide.

As capas de discos de Cabo Verde são até há poucos anos, com uma ou outra excepção, um enorme fiasco, em termos de qualidade estética. Na realidade, se em geral a música que foi feita e gravada ao longos dos tempos, sobretudo da segunda metade do século XX é de boa qualidade, o invólucro deixa muito a desejar. E obviamente isso terá decerto contribuído para uma menor divulgação da música das ilhas já que, como sabemos, os olhos também comem e não apenas os ouvidos...

Mas deixemos a conversa fiada e passemos à acção. 

A primeira capa a ser apresentada nesta nova secção do Pd'B é do LP de um dueto constituído por duas figuras de magna importância da nossa música: Chico Serra, pianista mindelense, e o guitarrista Humbertona, ambos executantes de grande nível. Porém, embora o disco tenha o nome de ambos, na parte frontal nem sinal do segundo, embora haja quatro fotos de Chico Serra em várias posições, pairando sobre fundo neutro em duas das imagens e sentado ou com um pé numa enorme floreira que também voa no espaço, noutras tantas. Em rodapé, diz-se em crioulo que ambos (apesar de só se ver um) são acompanhados por Toi, Morgadinho e Franck (Cavaquim?)

No verso vemos finalmente os dois artistas, mas sem indicação de quem é quem. Salva-se o facto de serem mostrados nele os nomes e autorias das músicas, fora o da editora, a "Morabeza Records" que no entanto ninguém fica a saber onde se situa. Como somos bonzinhos e já sabemos que os nossos leitores não gostam de pesquisar, sempre dizemos que o selo discográfico foi fundado por João Silva (Djunga d'Biluca)  em Roterdão, em 1965, tendo ficado para a história como a primeira etiqueta cabo-verdiana. Depois passou para Paris, sob o nome de Morabeza Entertainment.

Um disco stereo a ouvir... por quem o tiver (mas fechando os olhos, para não ver a capa...). Ah! e fiquem sabendo que foi visto à venda por 37,46€...



5 comentários:

  1. Desculpa là mas tem de haver conversa sem a qual as coisas ficam por ser definidas e sujeitas a serem recuperadas indevidamente.
    Estava eu e Tananarive e informaram-me desta iniciativa "artesanal". Dias depois tinha-o (e mais outro do Humberto) nas mãos por cortesia de um amigo holandês que chegava de férias. Guardo-o(s) preciosamente.

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    1. "Desculpa lá mas tem de haver conversa sem a qual as coisas ficam por ser definidas e sujeitas a serem recuperadas indevidamente."

      Ó Val, há que explicar esta frase que é difícil de entender.

      Por outro lado, talvez no próprio disco se diga mais alguma coisa, como a data, por exemplo, que já sabemos que tem de ser a de 1965 ou posterior, nunca anterior, devido à data de fundação da etiqueta. Ficamos à espera de notícias. E o nosso vice ficou a saber que tem aí em casa só nesse tesouro quase 40 euros. Já dá para um bom Roquefort...

      Braça com móvel pick-up e braço a girar em cima do disco,
      Djack

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  2. Esta nota explicativa do Djack é importante para conhecermos os factos e nos situarmos no tempo. De facto, o aspecto das capas antigas era um bocado "mirióde". A justificação poderá ter sido a escassez de meios, mas também a incipiência em que estas coisas aconteciam antigamente.
    Os dois músicos estão entre os meus preferidos. Volta e meia ouço as suas composições, hoje mais através daquilo que a net nos oferece, facilitando-nos a vida.

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  3. Nestas coisas de cinema, publicidade, fotografia, etc., tem de haver sempre alguém da continuidade, em geral chamado "continuista" (ou anotador), actividade que tem por fim, por exemplo, evitar que uma actriz que gravou uma cena com um colar e entretanto foi almoçar, não volte depois de almoço para o resto da cena e a faça sem o dito colar. Repara que o Chico Serra em três das quatro fotos tem os colarinhos para fora e numa os tem para dentro. Não culpa dele, claro, mas de quem estava na produção...

    Braça descolarinhado,
    Djack

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  4. È mesmo, Djack, nota~se muito amadorismo no aspecto que focalizas. O que contrasta com o mérito artístíco das pessoas em causa. Continuemos...

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