segunda-feira, 12 de junho de 2017

[2998] No centenário da Grande Guerra, surpreendemos Eugénio Tavares num jornal de Lisboa

Ver a partir do post 2997
Era a guerra, primeira mundial e Grande, demasiado grande. Nhô Eugénio interessava-se pela coisa e escrevia sobre ela num dos seus opúsculos intititulados "Cartas Caboverdeanas", de que um excerto surgiu a 25 de Maio de 1916, em "A Capital", de Lisboa. Lembremos que tal como no Continente, haviam sido apresados navios alemães em Cabo Verde (72 no total), um dos motivos que levaram os alemães a declarar guerra a Portugal. Encontrado o texto por nós há dias, precisamente no jornal lisboeta, ele aqui fica para os nossos leitores.





8 comentários:

  1. Eugenio o nosso génio !!!

    Lembro-me do dia da declaração da Segunda Guerra Mundial.

    Mas isto é outra estória que, de certo, se falarà aqui.

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  2. Creio que já conhecia este texto patriótico do Eugénio Tavares. O que diria ele em relação à II Guerra, caso tivesse liberdade de expressão?

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  3. Mais patriótico do que este texto só em Lisboa. A prova da lealdade dos caboverdianos a Portugal, nem sempre retribuida nos momentos aflitivos, está aqui patente. Mas não estamos aqui para recriminações, mas sim para olhar para um futuro contrutivo entre as duas nações hoje irmanadas e que o Praia de Bote sabe incarnar muito bem

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  4. Do meu ponto de vista, o que aqui mais sobressai não é a questão do patriotismo de Eugénio Tavares que tanto adorava Cabo Verde como Portugal. O que é mesmo estranho é que quem escreve as três linhas e picos introdutórias não cita o seu nome (embora revele o título da obra de onde é retirado o excerto), apelidando-o apenas de "distinto filho de Cabo Verde". Que motivo estará na origem desta omissão é que eu gostaria de saber. Pode no entanto ter sido puro lapso do jornalista...

    Braça eugénica,
    Djack

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    1. Coisa esquisita, respondi ao Djack mas o comentário não apareceu. Repito-o.
      O que eu disse é que a omissão talvez tenha sido por uma mera e saloia presunção do redactor da notícia. Sim, ele provavelmente não admitia que houvesse nas nossas pobres e ignoradas ilhas quem fizesse jus ao destaque do nome.

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  5. É muito interessante ler e estudar o lado atento e patriótico, sempre muito presente na obra (poemas, cartas e artigos de Jornais) de Eugénio Tavares. Por vezes, leio de gente entre nós, com responsabilidade em matéria histórico-literária, que tenta irrelevar ou omitir, com alguma intencionalidade ou parcialismo, este lado tão presente do poeta e compositor bravense. Sem querer dizer a mais, deixo aqui expresso a minha modesta forma de analisar a dualidade sem conflitos, do seu cabo-verdianismo e do seu ser português aos quais, Eugénio Tavares deu igual valor, ao longo da sua escrita. Vamos aqui recordar que em momento algum, nos escritos publicados, Eugénio Tavares – sem deixar de ser cabo-verdiano – renegou o seu ser português ou melhor, a sua metade portuguesa. Bem pelo contrário, exaltou-o em vários textos, alguns felizmente também insertos nos três volumes publicados pelo ICL em 1999 (onde se publicou a obra completa de E. Tavares) e trazidos ao leitor, como forma de melhor conhecer a obra do versátil e polígrafo, jornalista, poeta, compositor, contista e dramaturgo, que foi Eugénio Tavares.
    Para começar seria como negar o próprio pai, na simbólica e na real perspectiva, já que Eugénio Tavares (1861/1930), nascido na ilha Brava, é, segundo Félix Monteiro, um dos biógrafos mais sério e informado sobre o poeta, este, filho de «Francisco de Paula Tavares, natural de Santarém, Portugal e de Eugénia Rodrigues Nozoliny, natural da ilha do Fogo, de ascendência espanhola. A mãe morreu de parto e o pai morreu na Guiné, três ou quatro anos depois, «lutando contra indígenas insurrectos.» (escrito por E. Tavares) O filho, poeta e jornalista, a propósito do seu fabuloso alcance, jura sob memória do pai, o seguinte: «Evoco a memória do meu pai, morto na Guiné, há cinquenta anos, pela honra portuguesa; evoco a memória de meu pai para afirmar ao meu amigo a seguinte verdade; eu nunca estive alcançado.»
    São inúmeras as passagens, os excertos e os textos em que Eugénio Tavares deixa de forma explícita a sua «costela» portuguesa – que me seja permitida a utilização deste semantema anacrónico, mas então usado – o seu grande amor «à Pátria», que é como ele trata Portugal. Este devotado amor, «amor pátrio» como ele próprio o definiu, nunca brigou, nunca conflituou com o seu incomensurável amor às ilhas de Cabo Verde.
    Abrigo-me, para esse efeito, mais nas declarações do Poeta e Jornalista Eugénio Tavares, aliás secundadas neste particular e na mesma linha, pelo seu homólogo da pena, Pedro Cardoso, do que nas eventuais omissões de outros cabo-verdianos ilustres da sua geração que escrevendo também, o não fizeram, para não ter de justificar, sem completo conhecimento, do contexto e dos circunstancialismos históricos e sociais da época.
    Isto tudo, a confirmar o tom de exaltação naturalmente exarado no texto de Eugénio Tavares aqui publicado.
    Abraços
    Ondina

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    1. Se o Tavares estivesse vivo, seria ele a agradecer este excelente texto da Ondina. Como não está, sirvo-lhe a ele de secretários e faço uma sentida reverência à prosa ondiniana.

      Braça com palmas,
      Djack

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    2. Seja bem-vinda, Ondina? Foi realmente um regalo ler esta bela e útil prosa de quem sabe do assunto. Eu do Eugénio conheço muito pouco. Quando digo conhecer pouco, não quero com isso significar que não li alguma coisa do que escreveu. Simplesmente, nunca tive tempo e possibilidade de reflectir profundamente sobre a sua produção literária e as suas intervenções de carácter mais político.
      Mas fico com uma dúvida sobre um aspecto. Esse amor acrisolado à "mãe-pátria", tirando talvez um Pedro Cardoso, nativista por excelência, não seria partilhado na altura pela maioria dos nossos intelectuais? Estou a pensar, por exemplo, no poeta José Lopes.

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