Praia de Bote chega neste dia de Santo António de 2017 ao post 3000. Correr por gosto não cansa, mas que dá trabalho, dá. Na verdade, trabalho que se farta... Pesquisar em profundidade, transformar lettering diverso para uniformizar visulamente (como num jornal digital), encontrar imagens que os textos nem sempre comportam ou arranjar textos para imagens que temos, fazer apresentação dos artigos, quando necessário, "inventar" outros, lutar contra os humores dos filmes que nem sempre se adaptam ao blogue e não querem lá ficar, etc., etc., etc., é coisa para gente de barba dura. Mas é isso que tem sucedido, desde o dia inicial, a 7 de Fevereiro de 2011. E continuará, até termos paciência e tempo para tal. Porque o Mindelo, São Vicente e Cabo Verde o merecem. Sobretudo, por isso.
João Serra |
Centenário de Manuel Ferreira
1 - Nota biográfica
Manuel Ferreira, nos anos 70 do século XX |
Completa-se no próximo dia 18 de Julho o centenário do escritor Manuel Ferreira. Autor de obras de ficção como Hora Di Bai (1962) e Voz de Prisão (1971), foi também um investigador qualificado da história cultural e literária dos países africanos de expressão portuguesa, tendo editado, prefaciado, antologiado e estudado a produção literária contemporânea de autores cabo-verdianos, angolanos, guineenses, moçambicanos e são-tomenses. Alguns títulos que publicou: Literaturas Africanas de Expressão Portuguesa, 1977; 50 Poetas Africanos, 1989, No Reino de Caliban, 3 vols. 1972, 1976, 1986; revista África, catorze números editados entre 1978 e 1986. Em 1974 foi convidado para leccionar a cadeira de “Literatura Africana de Expressão Portuguesa” na Faculdade de Letras da Universidade de Lisboa, iniciando então uma intensa carreira académica no decurso da qual formou e orientou estudantes de licenciatura, mestrado e doutoramento, efectuou e publicou investigação e fez conferências pela Europa, África, Brasil e Estados Unidos.
Menos conhecida é a sua condição de militar. Manuel Ferreira alistou-se no Exército, em 1933, com dezasseis anos, tendo sido colocado em Metralhadoras 2, em Coimbra. Foi afastado em 1938, devido ao envolvimento numa tentativa de revolta. Regressou em 1940, sendo colocado em Infantaria 7, em Leiria (concelho de que era natural). Foi expedicionário em Cabo Verde, na ilha de São Vicente, ente 1941 e 1946. Voltou então para Leiria. E daqui partiu para a Índia, em 1948, ali permanecendo até 1954. Colocado em seguida em Infantaria 5, nas Caldas da Rainha, com o posto de 1º sargento, prestou serviço como chefe da secretaria, em funções de substituição de um oficial, durante quatro anos. Colocado em Lisboa, em 1958 desempenhou funções no serviço de Recrutamento e Mobilização Militar. Promovido ao posto de tenente em 1965, seguiu para Luanda ali permanecendo até 1967. Passou à reserva no posto de capitão em 1974.
Quando ingressou nas forças armadas tinha o curso comercial da Escola Técnica Domingos Sequeira de Leiria. No Liceu Gil Eanes, no Mindelo, concluiu o curso liceal, letras, a que acrescentou ciências, já em Goa, no Liceu Afonso de Albuquerque. Em 1952, licenciou-se em Farmácia, na Escola Médico-Cirúrgica de Goa. Em 1974 concluiu o curso de Ciências Sociais e Politicas no Instituto de Ciências Sociais e Politicas Ultramarinas. (continua)
Sei que "Praia de Bote" não é um "serviço público". Mas presta um inestimável serviço ao público. É com prazer e honra que me associo a este projecto cultural, de memória, e intervenção cívica. Obrigado.
ResponderEliminarJoão Serra
É sempre bem-vindo mais um português que se sente cabo-verdiano. E se ainda por cima se dedicar ao estudo das coisas das ilhas, ainda melhor.
EliminarUm abraço/braça luso-cabo-verdiano,
Djack
Faz-se o que se pode, no tempo que sobra à investigação e escrita sobre Cabo Verde e outras muitas aventuras em papel. Um abraço para o nosso mais recente colaborador, ao qual já foi inoculado o bacilo cabo-verdiano. E o que é certo é que quando esse bacilo nos ataca, é para sempre.
ResponderEliminarBraça,
Djack
Parabéns pelos 3000 (bom, acho que é assim que se diz) um número redondo digno de ser comemorado. Viva o Praia de Bote, viva o Djack e vinha quel bol i quel vin.
ResponderEliminarVai haver festa rija de certeza.
João Nobre de Oliveira
Já bebi hoje a seguir ao almoço um grogue "Tropicana", de Eduíno Santos Oliveira (Campo de Cão, Paul, Santo Antão, engarrafado em Soncente por Oliveira & Oliveira), à saúde... não da minha, mas da do Praia de Bote.
EliminarUm braça de olhos em bico, aí para Macau,
Djack
Vou Fazer aqui uma basofaria de Mnin de Soncent: Nha mjer e sobrinha da mulher do Manuel Ferreira, Orlanda Amarílis. Tive o prazer de conhecer este senhor e de hospedar em sua casa. Era um homem de fino trato e de uma grande cultura, assim como a sua mulher, que erauma senhora despachada, como se diz em CV.
ResponderEliminarCaro José,
EliminarNão é nada basofaria. Tomara eu ter tido essa oportunidade. O Manuel Ferreira tem uma obra mais que digna de ser lida e estudada. Se te recordas de algum episódio curioso relacionado com ele, podes avançar.
Braça de agradecimento,
Djack
Djack tive alguma conversa com ele umas duas vezes mas já la vão 20 anos, entretanto morreu poucos anos depois de o ter conhecido. É pena pois continuei a ir à casa dele visitar a mulher, que também foi uma grande senhora. Julgo que o par completava-se lindamente. Manuel Ferreira é daquelas pessoas que impressionam pela sua cultura. De resto a casa dele era um museu de literatura e artes africanas.
EliminarEm primeiro lugar, as minhas felicitações ao Praia de Bote e ao seu indómito proprietário, Joaquim Saial, conhecido entre nós e nos trâmites bloguistas pelo pseudónimo de "Djack", que mais não é que uma forma crioulo-aportuguesada de escrever Jack. E isto aconteceu porque na ilha de S. Vicente, mais colonizada por ingleses do que por portugueses, temos aquilo que os das outras ilhas designam por "manias de inglês. Sim, em S. Vicente é vulgar nomes informais de pessoas em inglês.
ResponderEliminarSou testemunha do trabalho que o Djack tem em manter este blogue e torná-lo um útil espaço de difusão da memória antiga de S. Vicente e das notícias mais importantes da actualidade. Pena é não haver mais intervenções das pessoas a quem este blogue mais se dirige. Mas pena ainda maior é a ausência de pessoas que aqui publicam mas não partilham do nosso convívio.
Quanto ao Manuel Ferreira, tenho pena de não o ter conhecido em pessoa, o que poderia casualmente ter acontecido por eu também ser militar do quadro permanente.
Um aspecto que se tem de relevar na pessoa do Manuel Ferreira, não é apenas o seu lado de escritor, é o espírito que sempre o caracterizou de abertura ao estudo, ao conhecimento e ao saber. Veja-se o seu currículo académico. Honra à memória do Manuel Ferreira!
Cá para mim, em 2046 ainda teremos Praia de Bote. E quem está está, quem não está, estivesse. O que interessa é irmos divulgando a história, cultura e notícias das ilhas verdianas. E tudo com a praia mais típica do Mindelo por fundo, embora a sombra da Lajinha esteja sempre presente. Quanto à Baía das Gatas, isso fica lá no fim do mundo, onde o som dos festivais se sobrepõe ao das ondas do Atlântico.
EliminarViva a Praia de Bote e viva "o" Praia de Bote,
Djack
Viva o Praia de Bote e viva Nhô Djack. Era para brindar abrindo uma garrafa de grogue... Ná, fica a envelhecer até 2046! Bebido lá na Pic-Nic de Praça Nova!
ResponderEliminarViva Mindelo...Sem ofensa ás outras pérolas!
Combinado o encontro na esplanada Pic-Nic em 2046, Artur. Parece que há intenção de a reabrir nesse ano, mudando para outro sítio os urinóis que um iluminado qualquer lá construiu.
EliminarBraça para o nosso amigo bloguista, marinheiro de mar alto e ilhéu de mérito.
EliminarBraça cheio de "Ernestina" e de Porto Grande,
Djack
Antes de tudo, felicitações ao blog mais mindelense que conheço e um "hurraa" ao "mnine" que com muito amor e dedicação vem dando tudo para nos deliciar com as suas pesquisas.
ResponderEliminarObrigado, amigo Djack !
Da cara não me lembro mas do militar/escritor no Mindelo que esposou uma das nossas mais ilustres filhas e dedicou à terra grandes trabalhos.
Ê muito corrente ouvir falar de estátuas entre os nossos mas eu pediria para Manuel Ferreira lembrança na toponímia.
O Homem de letras nunca será esquecido pelos que amam a literatura e também pelos que reconhecem o amor de Manuel Ferreira a Cabo Verde
Braça pertóde para o maior cabo-verdiano de Tours, nosso fiel compagnon de route. Pd'B continuará a ser bandeira das ilhas, principalmente da do passarom.
EliminarBraça com botes,
Djack
Bom dia amigos!
ResponderEliminarJunto-me à festa dos 3000, que não podia ser mais bem comemorada do que com Manuel Ferreira e toda a sua aventura crioula. Aqui estamos, uns mais presentes que outros, é certo, mas sempre juntos neste interesse comum, Parabéns ao Djack que toma tão bem conta desta praia! Quel braça.
Um ubrigadim, pelos parabéns ao Pd'B, o que de facto interessa. Ou seja, é o Pd'B a estrela e não o "pai".
EliminarBraça agradecida,
Djack
3000!
ResponderEliminarParabéns amigo, por suas interessante e brilhantes publicações!
Muito obrigado por nos fazer a pensar!
Wilson Candeias
Um braça para o nosso novo amigo cabo-verdiano residente no Brasil e também colega bloguista. E obrigado pelos parabéns ao Praia de Bote, casa imaginada de todos os cabo-verdianos.
EliminarBraça para as terras de Vera-Cruz,
Djack
Não poderia deixar de me associar aos 3000 post deste blogue "Formativo, Informativo, e Cultural" que é o Praia de Bote.
EliminarParabéns e longa vida ao Djack
Amizade e agradecimentos para o Zeca Soares que desde o Mindelo tem sido um muito bom contribuinte para o sucesso deste espaço. Longa vida também para ti e...
EliminarUm braça d'ratchá osse do amigo
Djack