Poema recebido do nosso amigo Arsénio de Pina, com a indicação de ser um dos que inspiraram os nossos claridosos. Que eles tinham uma especial afeição pelos brasileiros ficcionistas e poetas, não há dúvida. É coisa sabida, inegável e provada. E logo então o grande Manuel Bandeira... Ver AQUI um post do Pd'B que fala da correspondência entre Jorge Barbosa e este distinto poeta brasileiro.
O CACTO
Manuel Bandeira
Aquele cacto lembrava os gestos desesperados da estatuária:
Laocoonte constrangido pelas serpentes,
Ugolino e os filhos esfaimados.
Evocava também o seco Nordeste, carnaubais, caatingas...
Era enorme, mesmo para esta terra de feracidades excepcionais.
Um dia um tufão furibundo abateu-os pela raiz.
O cacto tombou atravessado na rua,
Quebrou os beirais do casario fronteiro,
Impediu o trânsito de bondes, automóveis, carroças,
Arrebentou os cabos elétricos e durante vinte e quatro horas
[privou a cidade de iluminação e energia:
- Era belo, áspero, intratável.
Bravo!!!
ResponderEliminarO cacto provou que mesmo o mais fraco pode vingar-se.
Agradecido, caro Jack. Realmente, os claridosos inspiraram-se nos escritores e poetas brasileiros dessa época, como te disse. Os livros encomendados vinham nos barcos brasileiros que escalavam o Porto Grande. Este poema veio-me à mente depois de reler o belo "Poema de quem ficou" do nosso Manuel Lopes.
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