terça-feira, 13 de julho de 2021

[5006] Um texto de Arsénio de Pina de 2016, mas actual

Eis um artigo que o nosso amigo Arsénio de Pina nos enviou para publicação, escrito em São Vicente - o que lhe dá mais sabor, é claro. Esperamos agora que ele dê sinal de vida e ponha algum comentário no Pd'B, que será obviamente bem-vindo.

AINDA A PROPÓSITO DA HERANÇA DO PORTUGUÊS

Jorge Barbosa e Fernando Pessoa

Essa estória do português como segunda língua já está sendo uma reola. Voltando à herança como responsabilidade e à declaração de A. Cabral sobre a Língua Portuguesa, deveríamos ter bem presente que o português é a terceira língua mais falada na Europa e a quinta mais falada no mundo, o que é extraordinário. O idioma de Camões, do Padre António Vieira, Fernando Pessoa, Machado de Assis, Baltasar Lopes, Aurélio Gonçalves, José Lopes, José Craveirinha, Luandino Vieira e outros, foi a melhor herança que nos deixou Portugal, como bem disse Amílcar Cabral. Devemos investir é no Português como ferramenta de comunicação, não no crioulo, o que não quer dizer que abandonemos a nossa língua, uma relíquia patrimonial para uso doméstico. Ter em conta que os nossos estudantes universitários actuais, em Portugal e Brasil, que não estudaram a sério nem falaram português em Cabo Verde, têm tido sérias dificuldades nos cursos por não dominarem a língua, não lhes servindo para nada o crioulo. Reduzir Cabo Verde ao crioulo significa confiná-lo ao mutismo, mormente agora quando o português já é língua internacional utilizada na ONU. Como escreveu o nosso Mestre Aurélio Gonçalves na década de cinquenta, “o crioulo limitaria a zona de leitura das obras cabo-verdianas à limitadíssima minoria dos curiosos deste arquipélago e, por isso mesmo, a não ser que as letras cabo-verdianas prefiram sepultar-se no próprio berço, têm de recorrer ao português, língua em que, aliás, os escritores cabo-verdianos são educados”.

S. Vicente, 2016

Arsénio Fermino de Pina

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