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segunda-feira, 5 de setembro de 2011

[0108] A amizade... de um amigo. (Mas não esquecer de ver o post 0106)

NOTA: O texto que se divulga a seguir, não foi encomendado. Disso jamais precisaria o PB, pois funcionará desde que haja apenas um leitor não no Mundo, mas em todo o universo (incluindo Marte, obviamente). No entanto, o nosso amigo e colaborador Adriano resolveu escrevê-lo pois, na sua inteligência, generosidade e interesse, percebeu que este blogue funcionará muito melhor se os cerca de 50 cliques diários (por enquanto, pois em 2023 estimamos que serão 8.382.909) se transformarem em pelo menos oito ou dez comentários. Um comentário implica outro e por ai adiante, todos ganham, no gozo que dá alimentar este pedaço de areia virado para o Monte Cara. Mas o homem escreveu, está escrito e aqui se dá à leitura.

Foto Joaquim Saial - Escada do penúltimo piso (Meteorologia) para o último (sala dos sinaleiros) da Torre de Belém, antes do restauro (clique na imagem)





















Meus caros conterrâneos, mninas e mnines d’Soncent:

«A Praia de Bote, no genuíno coração do Mindelo, é de facto a praia da cidade, onde no entanto poucos tomam banho. Sítio de catraeiros, lojas de aprestos marítimos (em desaparição), vendedeiras de fruta e legumes, botequins com cheiro a grogue, mancarra e tabaco americano, pescadores e seus botes, plurim d’pêxe, contrabandos vários, patifes de navalha afiada e também gente boa… Começa na velha Alfândega (hoje Centro Cultural do Mindelo) e acaba na Torre de Belém (ou ao contrário…). É dela, da cidade e da ilha onde se situa que o Blogue PRAIA DE BOTE trata.»

Em poucas mas sugestivas palavras, é esta a linha editorial do blogue PRAIA DE BOTE. Iniciado a 7 de Fevereiro de 2011, o seu proprietário é Joaquim Saial (mestre em História de Arte pela Universidade Nova de Lisboa). É português e reside em Almada, mas é cabo-verdiano de coração, dos mais autênticos que conheço. Viveu quase três anos da sua adolescência em S. Vicente, filho do patrão-mor da Capitania dos Portos, tendo frequentado a quarta classe, a admissão aos liceus e dois anos lectivos no Gil Eanes, tempo suficiente para aprender a falar crioulo com toda a fluência e tornar-se um genuíno mindelense. Tanto que captou e assimilou a alma da cidade e esta nunca mais dele se desapossou, antes pelo contrário, ela “cangou” o seu espírito pela vida fora. A ponto de o Joaquim a manter intacta e sempre presente no seu quotidiano, e de a redescobrir a par e passo, como poucos cabo-verdianos de nascimento o fazem.

Através do PRAIA DE BOTE, o Joaquim, carinhosamente alcunhado de “Djack de Capitania” pelos antigos colegas, tem dado à estampa muitos e interessantes factos e figuras da história da ilha de S. Vicente, alguns pouco conhecidos ou divulgados, graças ao seu interesse, empenho e constante trabalho de pesquisa. No meu caso pessoal, muita coisa sobre a minha ilha natal só passei a conhecer por intermédio do PRAIA DE BOTE.

No entanto, apesar das visitas ao Blogue serem bastantes, poucos são os comentadores. Muito poucos mesmo. Mais comentadores iriam certamente acrescentar-lhe interesse e valor.

Por isso, apelo aos mindelenses a quem envio este mail que venham espairecer no PRAIA DE BOTE, para ajudar a dimensionar o Blogue e torná-lo um espaço partilhado por mais malta.

Um grnde abraço
Adriano Miranda Lima

(abraço retribuído pelo PB)

sexta-feira, 18 de fevereiro de 2011

[0023] Navios do Porto Grande. Ou que por ele passaram deixando rasto... (002) N/M TREZIC

Para o n/m francês “Trezic”, tudo começa muito lá atrás, em Camaret-sur-Mer, na longínqua Finisterra bretã. Mais propriamente na península de Crozon, onde se situa esse porto francês atuneiro e lagosteiro. Daí partiam os barcos de pesca por longos meses para a Mauritânia. Por isso, nos anos cinquenta foi lançado um novo tipo de embarcação que se tornará característico da zona: o “mauritano”. Equipado com centenas de armadilhas cilíndricas, possuía câmaras frigoríficas de 15 a 30 toneladas e viveiros com capacidade para 30 toneladas para manter os crustáceos vivos. Os motores desenvolviam à volta de 400 cavalos. A exploração desenfreada da espécie e a entrada de outros países neste tipo de faina, trouxe o declínio dos “mauritanos” e a sua adaptação a outros tipos de trabalho nos finais dos anos 80. Eis pois um resumo da génese da família do nosso barco que pode ser encontrada no providencial site www.bateauxdepeche.net/langmaurcm.htm

O "Trezic", atracado ao antigo molhe de Morgat em Junho.1963. Estava a ser preparado para a sua primeira campanha de pesca. Foto da colecção Thomas Widemann (clique na imagem)


Conforme se conta em http://thoniers.free.fr/fiches/trezic.html, o “Trezic” (com a matrícula CM3137) nasce em 1963 na península de Crozon (Morgat), feito sob os mesmos planos do seu irmão gémeo, o “Maitena”, no estaleiro de Auguste Tertu no lugar de Rostellec. Tinha 24 metros de comprimento e era comandado por Henri Guéguéniat. Polivalente, dedicava-se à captura da lagosta de Outubro a Maio e à do atum em Morgat, entre Julho e Agosto, altura e que a temperatura das águas africanas não permitia a conservação das lagostas em viveiros de superfície.

Desgraçadamente, o “Trezic” apenas entrou numa campanha completa, aliás muito profícua. A seguinte seria passada na pesca da lagosta em Cabo Verde. Ao fim de algumas semanas de actividade foi vítima de um acidente que danificou muito o casco, sobretudo na zona de vante. Após encalhe, ainda se faz uma perícia que indiciava possibilidades de salvamento. Auguste Tertu manda vir de Morgat o atuneiro “Marie des Îles” traz carpinteiros e ferramental mas a operação acaba por não ter sucesso e o navio é abandonado. Tinha sobrevido apenas alguns meses.

Ora bem, chegamos ao ponto crucial da nossa “stóra”. Em Cabo Verde, sim, mas onde de facto se deu o acidente? Já o soube, mas agora desconheço-o pois as nuvens da memória tendem a confundir este acidente marítimo com o de outro barco belga que naufragou mesmo dentro do Porto Grande, carregado de cevada. Suponho que em S. Vicente é que se desenrolaram os trabalhos de tentativa de salvamento, pois era na altura o único porto do arquipélago com capacidade para isso. Seja como for, a superstrutura metálica do "Trezic” acabou na esplanada em terra batida que antecedia o cais acostável. E ali visitei muitas vezes essa carcaça cheia de magia que no entanto a partir de certa altura a perdeu pois passou a ser casa de banho pública da fauna local. Para aqueles cuja memória ainda mantém de algum modo esta imagem, ela aqui vai para a avivar.

Foto NJNS - 6.Maio.1965 (clique na imagem)

Finalmente, curtas notas sobre a foto: para além das três personagens, eu , minha mãe e tia-bisavó, pode ver-se o Ford Anglia que o meu pai comprou ao comandante de um barco grego que passou por S. Vicente (na hora do nosso regresso a Lisboa vendido ao Tuta Melo, dono do Cinema Park Miramar) e lá ao fundo  (alinhada com a carcaça do "Trezic") a sempre amada Capitania dos Portos, hoje Torre de Belém.

Posso portanto dizer, "Eu estive lá!"... numa quinta-feira, em fim de tarde...

terça-feira, 8 de fevereiro de 2011

[0008] Um groguim é li...

© Joaquim Saial (clique na imagem)
De há décadas, o canto mais docemente odorífero de S. Vicente, do Mindelo e da Praia de Bote. O maravilhoso  cheiro a grogue que dali se desprende não tem comparação com o de nenhum outro sítio no mundo. Grogue é nos botequins da Praia de Bote. Qual Brasil, qual Cuba, qual cachaça, qual rum... O de esquina foi do Faustino, hoje é o "Boca de Tubarão", depois o da Luz, etc., etc. Grandes escolas de vida, com milhentas "stóra" para contar... A foto foi feita de um dos andares da Torre de Belém, obviamente...

No canto da direita, do velho edifício e quintalão de Vascónia,  pode ver-se a placa toponímica da Avenida da República, nome para sempre destronado pelo mais saborosos de Rua de Praia de Bote...

segunda-feira, 7 de fevereiro de 2011

[0003] Mais Praia de Bote

© Joaquim Saial (clique na imagem)
Aqui, a Praia de Bote é vista do adarve do andar superior da Torre de Belém. Em todo o seu esplendor... e confusão.

[0002] Ela mesma... a Praia de Bote

© Joaquim Saial (clique na imagem)
A praia, os botes, o casario da marginal, a estátua do povoador Diogo Afonso e a antiga Capitania dos Portos (hoje designada como Torre de Belém). A magia total...