Mostrar mensagens com a etiqueta poesia. Mostrar todas as mensagens
Mostrar mensagens com a etiqueta poesia. Mostrar todas as mensagens

domingo, 19 de agosto de 2012

[0239] LIVRO "MORNAS - CANTIGAS CRIOULAS" DE EUGÉNIO TAVARES (4 - NÁ, Ó MENINO, NÁ...)

Ná, ó menino, ná...
À alma do malogrado comandante Adelino de Oliveira

Ó rosto doce de ojo maguado,
Es bo cudado
Botal pa traz!
Nhor Des ta dano um bida de paz,
Ó nha Pecado
De ojo maguado!

Ná, ó menino, ná,
Sobra rum fugi de li!
Ná, ó menino, ná,
Dixa nha fijo dormi...

Sono de bida, sonho de amor,
Ou graça, ou dor,
Es é nós sorte...
Se Deus, más logo, mandano morte,
Quem que tem medo
Ta morrê cedo.

Toma nha ombro, encosta cabeça,
Ja'n dabo peto,
Amá ragaz!
Ó esprito doce, ca bo tem pressa:
Deta co geto,
Dormi na paz...

terça-feira, 31 de julho de 2012

[0229] LIVRO "MORNAS - CANTIGAS CRIOULAS" DE EUGÉNIO TAVARES (3 - FORÇA DE CRECHEU)

Força de Crecheu

Ca tem nada na es bida
Más grande que amor.
Se Deus ca tem medida,
Amor inda é maior…
Amor inda é maior,
Maior que mar, que ceu:
Mas, entre otos crecheu,
De meu inda é maior.

Crecheu más sabe,
É quel que é de meu.
El é que é chabe
Que abrim nha ceu…
Crecheu mas sabe
É quel
Que q´rem…
Se ja´n perdel,
Morte ja bem…

Ó força de crecheu,
Abri ´n nha asa em flor!
Deixa ´n alcança ceu
Pa´n bá oja Nós Senhor
Pa´n bá pedil semente,
De amor coma es de meu
Pa´n bem da todo gente
Pa todo conché ceu!

domingo, 22 de julho de 2012

[0220] LIVRO "MORNAS - CANTIGAS CRIOULAS" DE EUGÉNIO TAVARES (2 - MORNA DE AGUADA)

Morna de Aguada

Se é pam vivé na es mal
De ca tem
Ma'n q're morré sem luz
Na nha cruz
De dâ nha bida
Na martirio de amor!

Amá, se é pam morré,
Pam dixâ,
Ai, quem que'n q'ré,
(Pa oto gente bem q'ré!)
Ma'n q'ré vivé na es martirio!

Se é pa es tristeza de q'ré
Sem esperança,
Sem fé,
Ma'n q'ré destino di bai ,
De morré,
De esquicê
Num momento de amor,
Uma bida intero de dor!


segunda-feira, 9 de julho de 2012

[0204] LIVRO "MORNAS - CANTIGAS CRIOULAS ", DE EUGÉNIO TAVARES (1 - ENGETADINHA)

O saboroso livro de Eugénio Tavares (Brava, 5.11.1867-1.6.1930) é de Fevereiro de 1932 (20 exemplares apenas, editado postumamente por J. Rodrigues & Ca., Lisboa, por iniciativa do seu amigo Osório de Oliveira) e foi reeditado pela Liga de Amigos de Cabo Verde, em Luanda, em Novembro de 1969.  Não vamos perder mais tempo com o historial da obra ou do bardo bravense que está contado com bastante detalhe em http://www.eugeniotavares.org/index.html. Lembramos apenas que a mesma é dedicada "Ao altíssimo espírito de João de Deus", poeta que Tavares venerava - abrindo o livro com uma versão crioula de "Enjeitadinha", desse popular autor português do século XIX.

Eugénio Tavares is one of the most well-known poets of the Cape Verdean literature
Eugénio Tavares
Sendo o PRAIA DE BOTE um blogue de S. Vicente, incluir esta matéria nele só pode significar uma coisa: Tavares é universal e fica bem seja onde for. E mais! É que os seus versos foram e são mais que cantados na ilha do Porto Grande, bem como no resto do arquipélago e por todo o mundo onde haja alguém que entoe música di tera. Dando pequena volta pela nossa discoteca, encontrámos uma amostra em Fernando Quejas "Carta di nha cretcheu" (CD "Cape Vert: Anthologie 1959-1992", música inicialmente gravada em 1959), Celina Pereira, "Força de crêtcheu" e "Mal de amor" (CD "Nos tradição", 1994) e Gardénia Benrós "Canções aladas" (CD "Kryola d'encantar", 1995).

Portanto, aqui vai...

A Enjeitadinha (de João de Deus)

- De que choras tu, anjinho?
"Tenho fome e tenho frio!"
- E só por este caminho
Como a ave que caiu
Ainda implume do ninho!...
A tua mãe já não vive?
Nunca a vi em minha vida

Andei sempre assim perdida,
E mãe por certo não tive!"
- És mais feliz do que eu,
Que tive mãe e... morreu!

Engetadinha (de Eugénio Tavares - copiado sic)

- Cusa é bo tem, nha figinho?
- 'N tem fome, a má'n tem friu.
- Ma bô sô na es caminho,
Que jâ escapâ de sê ninho!...
Nha fijo, bô ca tem Mai?
- Na nha bida'n ca conchel...
Desde que'n necê'n perdel...
Parcê'n ma'n ca tema Mai...
- Bô é mas feliz que mi,
Que temba de meu, e el morré...

O nosso colaborador Valdemar Pereira comentou o presente post com duas quadras alusivas. Para que elas tenham maior visibilidade, puxámo-las aqui para cima, devidamente enquadradas pela "carinha" (manera d'dzê foto diazá)  do mais cabo-verdiano dos habitantes de Tours, ele próprio uma "torre" de sabedoria e de memórias.



Impiedosamente os anos vão passando
mas nós relembramos o que foi ficando;
os que foram nossos mestres valentes,
colegas, amigos, parentes e aderentes.

Esquecemos esses textos menos usados
mas ficam todos os factos mais badalados.
Vale sempre a pena fazer a escapadinha
como esta leitura do poema "Engetadinha".

PRAIA DE BOTE APENAS COMENTA POSTS DE BLOGUES QUE COMENTAREM OS SEUS