sábado, 30 de agosto de 2014

[1064] Grandioso (e nunca visto!) encontro de blogues cabo-verdianos em Lisboa: I Cimeira Bilateral Pd'B-Ed'T

Arco do Cinquentenário, Bruxelas - Foto Joaquim Saial
Após uns dias passados em Bruxelas, Pd'B volta ao trabalho. E regressa cheio de energia que será dedicada a Cabo Verde e logo num evento de extrema importância, a I Cimeira Bilateral Pd'B-Ed'T. Prevista há algum tempo e organizada com todo o secretismo, contará no lançamento apenas com dois elementos ou talvez um terceiro ou até um quarto, ainda a confirmar. Claro que os "elementos" oficiais são de alto gabarito: os blogues "Praia de Bote" e "Esquina do Tempo". O terceiro (sem blogue mas blogueiro, com estatuto de observador - participante - comedor), convidado pelo Ed'T, se comparecer, fará longa viagem desde Tomar e virá vestido de Templário, cruz ao peito e espada na mão... O quarto, cheira a atum que tresanda...

O programa previsto, para além de aprofundadas conversações sobre as gentes, vida e cultura de Cabo Verde, compreende longo e sinuoso percurso pela baixa lisboeta que culminará com almoço em lugar cujo endereço não se divulga, próximo do Teatro Nacional de D. Maria II e da igreja de São Domingos. O secretismo deriva do facto de a organização não desejar a presença de paparazzi, sempre muito atentos às coisas cabo-verdianas. A data da cimeira, ainda incerta, coincidirá com o dia 2 ou 3 de Setembro. Deste grandioso evento se dará notícia oportuna, logo que concluído, embora se duvide se haverá discernimento para a reportagem depois do opíparo almoço e de algumas libações nas "Ginjinhas" do Largo de São Domingos e da Rua das Portas de Santo Antão...

NOTA: Soubemos agora que lamentavelmente, por motivos pessoais mais que justificáveis, o Arrozcatum não poderá estar presente na Cimeira. Contudo, o secretariado da mesma far-lhe-á chegar a completíssima reportagem que será realizada pelo nosso fotógrafo oficial e as actas.



sábado, 23 de agosto de 2014

[1063] Monte Vachinton... sim, da cara de Vachinton... claro, do facies do conhecido Vachinton... obviamente, das ventas do presidente Vachinton... nem mais, do trombil do dito Vachinton (VER DOIS IMPORTANTÍSSIMOS POSTS ANTERIORES, ESPECIALMENTE O 1061)

Qual Monte Cara, qual carapuça, ao povo mindelense já nem lhe vale o Monte Cara, nada disso, gente d'morada tita durmi all day, ês ca qu'rê sabê, e lá na ponta d'baía ca tem nenhum Montcara, lá tem é um Monte da "Cara de Vachinton", mercone ca t'importá burocrata mindlense ptá na lixe papilim "bedjo". Voltá Montcara, nôs tem sodade d'bô...

Famoso Monte Vachinton, Mindelo, São Vicente, Cabo Verde... quando já nada importa, quando já ninguém quer saber...
Mas pensavam que o Pd'B estava na paródia?...

sexta-feira, 22 de agosto de 2014

[1062] Nem a propósito, repescamos um conto ainda incompleto, relacionado com o post anterior (IMPORTANTE VER!...)

Trata-se de conto de um grande amigo nosso, ainda incompleto, mas a ser continuado em breve, pois segundo ele parece que o texto não é nada despropositado, face às graves notícias que nos chegam do Mindelo - e logo do seu centro geográfico... e genético. Coisas de arquivos, de documentação "velha", de papéis que cheiram a papel e a pó, enfim, material que pobres ignorantes classificam como lixo. Do dito, ficam dois excertos...

UM DIÁRIO DO TEMPO DA GRANDE GUERRA 

CMSV - Foto Joaquim Saial
César Monteiro Fortes odiava aquela divisão do primeiro andar da Câmara Municipal de São Vicente, escura, cheia de papelada, alguma dela centenária, ressumando pó e cheiro a bafio, a qual, com razão, se chamava arquivo-morto. Incomodativa alergia fazia-o evitar o antro, onde uma vez por outra era obrigado a ir à procura de documentação necessária ao departamento em que trabalhava. Mas o presidente, um dos primeiros do pós-independência, mandara-o dar uma volta a tudo aquilo, deitar fora o que achasse que não tinha importância e arrumar o que fosse significativo. «O senhor César fica livre de todas as tarefas que tem tido até agora, mas compromete-se a pôr o buraco funcional em seis meses, tudo por ordem, fichas feitas, etc., para se poderem utilizar aqueles materiais com rapidez quando forem necessários. Em princípio, trata-se de produtos pouco aproveitáveis, mas nunca se sabe. E se virmos que há coisas que não nos servem mesmo para nada, vão para o Arquivo Nacional, na Praia. Vou mandar duas mulheres aspirarem o pó acumulado e quando o sítio estiver habitável, instala-se lá e inicia o trabalho. Você tem estaleca para aquilo e se acabar antes do prazo que lhe dou, será recompensado com férias suplementares.» O autarca sabia que César fora amanuense na tropa e reparara no religioso zelo com que ele se dedicava a arrumar tudo o que era documento, em pastas de atilhos e de arquivo, dossiers e caixas de cartão, sempre com as devidas etiquetas, escritas com a sua letra redonda, muito perfeita, aprendida na Escola Técnica. De tal modo, que já era avisado pelo dono da papelaria vizinha, quando lhe chegava material novo de arquivo. «Ó César, vieram hoje de Lisboa pastas de plástico, daquelas de que tu gostas, e umas etiquetas autocolantes que não precisam daquela coisa de goma-arábica mal cheirosa que te faz espirrar.» E lá era feita a requisição para se adquirirem as pastas e as etiquetas que vinham contribuir para o arrumo da estante que apanhava toda a parede traseira à secretária do escriturário. As prometidas limpezas foram feitas e na semana seguinte César Fortes mudou-se para a sala em que iria exercer a sua actividade arrumadora durante os tempos que se aproximavam. (...)

(...) Um mês após essa conversa, quando abriu a quarta de seis volumosas caixas com resmas de papel, umas vezes agrafado, outras agregado com argolas de metal e algumas cuidadosamente cosidas com fio de sapateiro, deu com uma pasta cinzenta, dos seus três centímetros de espessura, atada com um cordel, em cuja face superior se lia, numa tinta azul, esbatida pelo tempo: «Diário do período que passou entre 5 de Outubro de 1910 e Março de 1916, mês fatídico em que Portugal entrou na Grande Guerra – Memória articulada por Joaquim Torcato Oliveira, vereador desta Câmara Municipal de São Vicente, cuja finalidade é a realização de uma História de Cabo Verde do século XX». «Joaquim Torcato Oliveira? Esse é de certeza o avô de Manelzinho Oliveira, enfermeiro no Hospital. Ele está sempre a falar desse parente que andou lá por França e até ganhou medalha...», reflectia César, enquanto desatava os vários nós do cordel armado em cruz. Contrariando o que o título da capa indicava, o diário começava afinal em 4 de Maio de 1913 e terminava em 16 de Setembro de 1915. Compreendia realmente algum do tempo da Grande Guerra, mas iniciava-se apenas pouco antes do começo do conflito e findava antes da entrada de Portugal nele.


[1061] Na Pracinha d'Igreja, Mindelo, São Vicente, Cabo Verde, século XXI, os documentos não se arquivam. Deitam-se para o lixo!!!

Pd'B interrompe excepcionalmente o seu interregno de trabalho, dado que leu notícia assaz grave sobre São Vicente que o estarreceu. Segundo a mesma, está prestes a ir para o lixo importante documentação histórica relacionada com a ilha, alusiva aos séculos XIX e XX. Parece afinal que nós, mindelenses e aderentes, que temos a mania de lançar a culpa dos nossos males para terceiros, possuimos o cancro do desleixo e do desprezo pelo passado na nossa própria casa-mãe, aquela que mais que todas, deveria ser a guardiã da nossa memória...

Já agora, e para completar este lamento, é de referir o desgosto que tivemos quando em 1999 consultámos o arquivo da Capitania dos Portos. Ele era pó aos quilos, ele era traça aos montes, ele era livros com páginas amachucadas por cima de outros rasgados, uns sobre caixas de arquivo de gavetas abertas, dezenas pelo chão, enfim, um pavor cuja visão apocalíptica nunca mais conseguimos extrair da nossa memória. Ainda hoje, consideramos o maior milagre da nossa vida termos dado com o livro sobre faróis que procurávamos - tarefa talvez facilitada pelo nosso faro investigativo e pela extrema simpatia e empenho de uma funcionária que nos ajudou na pesquisa. Encontrava-se ali parte significativa da história do Porto Grande a degradar-se, a corroer-se, a desaparecer. Hoje, como estará?

Ver AQUI

quarta-feira, 20 de agosto de 2014

[1060] À beira das 150.000 visualizações, número que se deve cumprir hoje ou amanhã (VEJA 3 ACTUALIZAÇÕES, APÓS 2 PRIMEIRAS IMAGENS)

Pd'B, que tem um livro às costas, entra em mais um período sabático para o adiantar. Entretanto, os seus visitantes têm aqui 1059 posts à disposição, para comentários (não contando com este, o 1060). Deixamos aqui o actual top-ten de países, com Cabo Verde em terceiro lugar, logo após Portugal e EUA, países onde há milhares de cabo-verdianos. Continuamos sem perceber o que fazem ali a Rússia e a Ucrânia, mas eles lá estão, sempre a mirar a/o Pd'B...



ACTUALIZAÇÃO 1
Antes de ir para retiro, o Pd'B deixa aqui quatro imagens encontradas hoje, de dois objectos quase idênticos (frente e verso, em ambos os casos). Um deles foi feito numa empresa portuense; o outro é incógnito, talvez posterior. Trata-se de dois emblemas do P.A.I., Partido Africano da Independência, criado na Guiné em 1956, por Amílcar Cabral. O P.A.I. foi "pai" do P.A.I.G.C. e avô do P.A.I.C.V. Em que circunstâncias o primeiro emblema (ao tempo, com significado perigoso) foi feito na cidade do Porto, não o sabemos. Quanto à empresa, ainda existe.





ACTUALIZAÇÃO 2
A partir de agora, Pd'B divulgará notícias do teatro que se faz em São Vicente, nomeadamente o realizado a partir do grupo de Centro Cultural Português do Instituto Camões (pólo do Mindelo), orientado por João Branco.


ACTUALIZAÇÃO 3 (e última)


[1059] Viagem à volta das ilhas cabo-verdianas, com paisagens de cortar a respiração. 11 - A não-ilha mais ilha de Cabo Verde: Ilhéu dos Pássaros/Djéu dos Passo

Terminamos esta volta pelas ilhas de Cabo Verde com uma não-ilha: o ilhéu dos Pássaros, sentinela rochosa  que guarda o proceloso Mar d'Canal, entre São Vicente e Santo Antão. Claro que há mais ilhéus em Cabo Verde, até mais extensos que este, mas o ilhéu dos Pássaros é especial para nós, são-vicentinos, e portanto servirá de apoteose à viagem virtual que fizemos pelo arquipélago da morabeza ao longo de vários dias. Terá sido a jornada feita no "Gavião dos Mares"? Terá sido no "Senhor das Areias"? Terá sido no "Maria Sony"? Terá sido no N/M "Santo Antão"? Se calhar foi apenas na nossa imaginação. Mas que foi uma bela passeata, isso foi. Aqui fica pois, "aquel rotcha sabim"... nalguns casos em repetição, quando haja materiais escritos diferentes. Fica também um excerto de texto de um amigo nosso que escreveu sobre esse pilar que é suporte da ponte imaginária que ligas as duas ilhas irmãs...






















(...) Enquanto isso, o "Atlântida" furava as vagas com denodo, por entre nuvens de peixes-voadores, e o ilhéu foi-se aproximando a pouco e pouco, agigantando-se até ficar muito maior do que eu supunha, quando o via do cais ou da Matiota. Observando-o de perto, parecia-me agora um enorme ferro de engomar, sobre o lençol marítimo do canal. Atracar no desembarcadouro, foi difícil. As vagas empurravam o barquito violentamente de encontro à rocha, o que, apesar da molhelha, protecção que tinha à volta da amurada, lhe podia ser fatal. A custo, o Xavier e o Rocha, com a ajuda de croques, conseguiram fixá-lo o tempo suficiente para podermos desembarcar. Saltámos para terra, recebemos deles a caixa de ferramentas e os nossos sacos de mantimentos e roupa, despedimo-nos, o "Atlântida" deu meia volta e começá-mos a subida. 

O caminho era facilitado por troços de escadaria, o que o tornava bem mais acessível que aquele que levava ao farol da Ponta Machado. Passámos a cisterna e pouco depois, a meia encosta, estávamos na casa do faroleiro. Do lado esquerdo havia uma varanda de madeira em ruínas e uma cozinha, também em mau estado. A construção principal, ameada a toda a volta, apresentava-se em melhores condições. Pousámos as nossas coisas e, antes do jantar, fomos ver o farol. Ainda era necessário subir escadas de novo, antes de chegarmos ao terraço onde estava a lanterna que trabalhava a oxiacetileno industrial, para ali levado em garrafas. O Livramento deu início a algumas beneficiações, enquanto eu observava os arredores com o binóculo que levara da casa do faroleiro. (...)



[1058] Viagem à volta das ilhas cabo-verdianas, com paisagens de cortar a respiração. 10 - Ilha Brava





Já foi ilha de São João mas ficou melhor baptizada com o título de Brava ou localmente (em saboroso tom sonante crioulo) Dja Braba. Da Brava é o meu amigo e condiscípulo do Gil Eanes Donaldo Macedo, professor de Literatura na Universidade de Massachusetts, EUA. De lá é também amigo mais recente, o Viriato Barros, professor, escritor e antigo embaixador de Cabo Verde no Senegal e na Santa Sé. Dali é também o grande amigo Virgílio de Pina, antigo marinheiro da Capitania, com quem almoçámos recentemete em Lisboa. Da Brava é ainda, por simpatia, gosto e casamento, o famoso radialista e blogueiro-atuneiro Zito Azevedo. Entre os que já não são deste mundo, sobressai, o grande Eugénio Tavares, o incomparável vate local e nacional. Da Brava é, finalmente, a verdura mais verde de Cabo Verde e a Sintra mais africana - que não desdenha da europeia, embora sem castelos nem palácios mas com beleza similar.

terça-feira, 19 de agosto de 2014

[1057] No Dia Mundial da Fotografia... Do Porto Novo, Santo Antão, uma imagem documental

Porto Novo, ilha de Santo Antão, 1999, foto Joaquim Saial - Vendedeira de fruta, queijo e... monftchóde. Foto digitalizada, a partir do original em papel

[1056] Viagem à volta das ilhas cabo-verdianas, com paisagens de cortar a respiração. 9 - Ilha do Fogo



Ontem e hoje, a vulcânica Djarfogo tem longas histórias para contar. Dali veio o médico-autarca-escritor Henrique Teixeira de Sousa, dali vem o manecom (Chã das Caldeiras), o delicioso vinho local (já bebi uma de tinto e uma de clarete inesquecíveis), e dali vem um dos melhores cafés do mundo. Claro que há lava por todo lado, mas por agora quietinha, sequinha, friazinha... E inspirada no Fogo até se criou uma "Ordem do Vulcão".




[1055] Há mais de 24 horas!!! Electra coloca o Berço da Nação às escuras!!! Cidade Velha à luz do pitrol...

Desde ontem sem eletricidade, devido a um enorme “apagão” da Electra, o Berço da Nação oferece uma imagem desoladora que em muito afecta a população, o comércio local, especialmente os estabelecimentos que não disponham de geradores, e restringindo a atividade dos serviços municipais.

Apesar dos protestos que semelhante situação acarreta, ela aflitivamente prolonga-se e agrava-se, causando graves prejuízos a toda a atividade económica.

Este é um exemplo de como os organismos oficiais maltratam e descuram Ribeira Grande de Santiago, o único Património Mundial reconhecido pela UNESCO existente em Cabo Verde.