quarta-feira, 31 de março de 2021

[4825] Em 1959, era assim, com o café de Cabo Verde

A notícia foi veiculada através da agência noticiosa France-Presse para o "Correio da Manhã" do Rio de Janeiro, no qual saiu a 19 de Julho de 1959. E diz tudo... No Alentejo, era a mesma coisa, com o trigo ou o azeite, por exemplo.


terça-feira, 30 de março de 2021

segunda-feira, 29 de março de 2021

[4818] "Verde que te quero verde..."

O postal é de 1992 e tem imagem de Santiago, mas foi remetido de São Vicente para Toulouse, França. Queixam-se a Simone e o George que Cabo Verde não está tão verde como a fotografia indica e que as ilhas são o deserto sobre o oceano... No entanto, e muito bem, acham as paisagens soberbas e a temperatura ideal. Despedem-se à espanhola, com "un abrazo", em vez de "um abraço" ou "um braça". Mas nós desculpamo-los, coitados... Enfim!...



sábado, 27 de março de 2021

[4817] Nancy Vieira e Rui Veloso na Sociedade de Geografia de Lisboa, em 2010

[4816] "Ilha dos Outros", com Manuel Paulo e Nancy Vieira

DISCO PÁSSARO CEGO

E se nascêssemos nus, de olhos fechados, sem saudade, sem o outro, sem o reconhecimento da fala, sem a descodificação do medo, sem os signos do amor, sem uma rosa-dos-ventos no bolso?

Andamos de ilha em ilha, à procura de nós próprios. A nossa identidade não é apenas o somatório dos sentimentos e dos afectos, mas, e acima de tudo, o que conseguimos com eles fazer pelos outros e por nós. É esta a viagem do Pássaro Cego.

São canções do Manuel Paulo. O registo orgânico das suas composições fazem dele o meu parceiro deste voo desamparado. A Nancy arrisca connosco a descoberta do outro, a descoberta das vozes, a descoberta do medo, a descoberta do amor e da felicidade... A Nancy Vieira, que canta as ilhas como ela sabe, é a nossa asa da frente. 

A condição humana é uma sobreposição de camadas. Desde a emergência do choro primordial até à eloquência do que arriscamos criar. É assim a pintura de João Ribeiro. Exactamente por camadas até à revelação do quadro.

São canções, claro que são canções! Canções para ouvir e ver pela mão de Manuel Paulo, Nancy Vieira e João Ribeiro. Quem sabe a cegueira residual, que a todos contamina, não será apenas a revelação do que ainda temos para caminhar. Deixem o Pássaro Cego tentar...

Nascemos Humanos. E agora? 

João Monge (autor das letras)

[4815] A grande Nancy Vieira, uma das melhores vozes de Cabo Verde, em "Amor di mundo "

[4814] Mindelo em 1907, ano em que o príncipe real D. Luís Filipe por ali passou, no regresso da sua viagem a África


sexta-feira, 26 de março de 2021

[4813] Degredados

Colaboração do nosso amigo Artur Mendes que teve a amabilidade de nos enviar este texto e esta imagem.

Imagem ilustrativa
Foi numa madrugada de janeiro melancólica e lúgubre com um carme dantesco. Sob uma chuva miúda e fugida entre duas filas de guardas de baioneta armada, marcham para o cais os degredados.

Na rua erma e gélida, qual catacumba em que a romper o silêncio apenas ressoava o passo regular da soldadesca, um taberneiro madrugador abria a loja, especava-se depois entre portas a ver desfilar aquele cortejo de desgraça e, erguendo o braço espalmando a mão suja murmurava rindo alvarmente:-- “São vadios…”. E eles os párias que a justiça proscrevia, passavam cabisbaixos e andrajosos, dardejando olhares de fome.

Eu, quedei-me a examinar esses presos dos quais apenas uns seis, de melenas e ar gingão inspiravam asco; a maioria dos da leva, uns vinte talvez, tinham o tipo d’operários sem trabalho e caminhavam com uma atitude de verdadeiras vítimas da imperfetibilidade social.

Horrorizava ver, numa selva de baionetas, marchar para a morte lenta ou para o vício, esse contingente do grande exército dos sem pão; e levavam o sinete do vilipêndio, esses desgraçados que poderiam ser cidadãos honestos e generosos. O taberneiro o dissera! Eram vadios…

****

Chegada ao cais, a força fez alto, uniu as fileiras e as coronhas da Mauser batendo pesadamente no solo produziram um som cavo e profundo como um dum rumor subterrâneo; as águas barrentas e revoltas do rio batiam numa fúria impotente contra a muralha do molhe e, de lá em baixo, fortemente atracado, o rebocador bambaleava-se galhardamente de popa à proa, esperando fumegante o momento de conduzir os presos para o paquete.

Agora, no cais procedia-se à chamada; um sujeito grave, de certa idade bradava já em voz irritante o último nome da lista que tinha na mão: “João Maria”, pronto! Disse um rapaz ainda imberbe que chorava em silêncio.

Uma mulherzita sua conhecida que chorava a meu lado contou-me a sua história. Ele era enjeitado, aprendiz de carpinteiro, um dia despediram-no e o pobrezito, depois de procurar em vão em que ganhar a vida, viu-se sem dinheiro e sem abrigo e passou a dormir nas praças públicas; foi preso várias vezes; por último deram-lhe parte e agora lá o mandaram para essas áfricas …

Afastei-me confrangido, ao ouvir esta história que tinha tanto de singela como de trágica.

E enquanto os clarins dos navios de guerra tocavam a alvorada n’um tom plangente e triste como uma marcha fúnebre, a bordo do rebocador, esse contingente do grande exército dos sem pão dispunha-se de lágrimas nos olhos e coração opresso a partir para a morte ou para depravação se não morressem pelas febres aprenderiam a ser criminosos! 

Eram vadios….

Armando D’Aquino

Em “A luz”, Lisboa, 25 janeiro de 1909

Nota: A deportação portuguesa para Cabo Verde parece ter sido verdadeiramente significativa no século XIX. De acordo com os dados de António Carreira, foram deportados para o arquipélago 2433 condenados, dos quais 81 mulheres”.


[4812] Sónia Lopes, em "Pinuria" (ver post anterior)

[4811] 27 de Março, dia da Mulher Cabo-Verdiana, comemorado em Assomada, Santiago

O Dia da Mulher Cabo-Verdiana é assinalado este ano com diversas atividades que têm por palco a Praça Central e o Centro Cultural Norberto Tavares.

A partir das 10h00 deste sábado, 27, a Praça Central de Assomada acolhe uma Feira de Saúde, com rastreio de hipertensão arterial e glicémia. A feira é organizada pelo Pelouro do Desenvolvimento Social, com o apoio da Vedefam.

À mesma hora, no Centro Cultural Norberto Tavares CCNT) abre uma exposição de produtos feitos por mulheres, de artesanato, doces e salgados, e uma outra da artista plástica e cantautora Sónia Lopes. Nas Padas (Meus Pedaços) é o nome da exposição de artes plásticas que junta a pintura ao artesanato.

Pelas 16h00, Sónia Lopes sobe ao palco do CCNT com o músico Pires Heber, para um Concerto Live a ser emitido através da página de Facebook da Câmara Municipal de Santa Catarina: https://web.facebook.com/CMSCST

O concerto é organizado pelo Pelouro da Cultura, sendo o acesso condicionado a 50 pessoas e ao uso obrigatório de máscara.



quinta-feira, 25 de março de 2021

[4810] Paulino Vieira, em "Um Minute de Silence"

[4809] Paulino Vieira, em "Ô Pão" (tradicional)

[4808] Paulino Vieira, em "M'cria Ser Poeta". O mestre, sempre, numa das suas mais belas criações! Um clássico!

[4807] Concerto Intimista junta Naty Martins e Silvino Tavares em Assomada, ilha de Santiago

Naty Martins e Silvino Tavares, dois conhecidos cantautores da ilha de Santiago, vão estar juntos, no mesmo palco, esta sexta-feira, 26, pelas 16h00, no Centro Cultural Norberto Tavares, em Assomada.

Integrado nas comemorações de Março, Mês da Mulher, da Poesia e do Teatro, a primeira edição do formato Concerto Intimista leva, ainda, ao palco, o músico e professor de guitarra David Rocha, que acompanha Naty Martins e Silvino Tavares.

O evento é organizado pelo Pelouro da Cultura da Câmara Municipal de Santa Catarina, sendo o acesso condicionado a 50 pessoas e ao uso obrigatório de máscara.



[4806] 94.ª "Crónica do Norte Atlântico" de Joaquim Saial, para o jornal "Terra Nova", a sair neste mês de Março


[4805] Escoteiros de Portugal (nomeadamente os de Moura, Baixo-Alentejo) apoiam Cabo Verde

Ver AQUI

[4804] Pence, pence!

O postal foi de São Vicente para Neuchâtel na Suíça. Quem o escreveu, em francês, disse que o que a miudagem que mergulhava junto ao navio chegado ao Porto Grande queria era pence (moeda inglesa). E era verdade...


quarta-feira, 17 de março de 2021

[4802] PdB em pausa, dado que o seu autor está a escrever um longo texto sobre o veleiro "Madalan" (antes, "Illyria"). Voltaremos, logo que possível


Foto do "Madalan", quando ainda se chamava "Illyria", publicada num jornal americano em 30 de Outubro de 1928, ano em que foi construído em Itália. É possível que seja a primeira imagem do navio publicada num periódico.

terça-feira, 9 de março de 2021

[4788] À venda na Amazon, livro escrito pela nossa amiga cabo-verdiana radicada no Brasil, Maria Helena Sato "O Médico Africano" (ainda em versão digital e para breve em papel). Prefácio da também nossa amiga Simone Caputo Gomes, estudiosa brasileira da literatura cabo-verdiana











Ver AQUI

Um excerto:

Em O Médico Africano, esculpem-se formas globais da identidade do emigrante. Que fio do destino une a brasileira Iracema, a francesa Adélie e o jovem dinamarquês Karl? No perímetro dos sonhos de cada um, volteiam gaivotas-das-asas-negras, apontando para as tépidas águas atlânticas que banham, em secreto recolhimento, o arquipélago de Cabo Verde.


Enquanto se dão as revelações necessárias que levam ao desfecho da história, as águas verdes do mar são reavivadas pela presença de uma biblioteca de livros impressos. Será um museu? Ou, simplesmente, uma narrativa que cedeu lugar à tecnologia vibrante dos livros digitais e de outros dispositivos da comunicação? Vale a pena conhecer a Casa de Papel. Ali, apesar de todos os avanços científicos do final do segundo milênio, discute-se ainda o caminho da criação poética, consagrando a sua universalidade e atemporalidade.

Desse modo, o arquipélago situado no Atlântico se integra à semântica do mundo, enquanto o olhar cosmopolita de São Paulo, de Paris e de Copenhague resgatam origens e unificam a vida de quem um dia partiu para o estrangeiro em busca de trabalho.

É nesse contexto mágico e de aventuras que presenciamos a cena a seguir:

As férias terminavam. A biblioteca da Ilha de Santiago não perdia o encanto com o qual se apresentara inicialmente aos olhos de Karl: a textura do papel, que dava materialidade às histórias; as cores das capas, esbatidas, desprovidas do atraente brilho e das cores de uma tela eletrônica, mas também repletas de vida própria, ocupando um espaço real nas estantes...


Essa disponibilidade constante dos volumes ali guardados não era um repouso, antes, permanente prontidão, um estar a serviço, de sentinela, para compartilhar com eventuais leitores inúmeras narrativas, vidas, passagens. Por outro lado, também se faziam respeitar – pois guardavam silêncios, em merecido descanso, após as inúmeras aventuras que um dia haviam presenciado e repetidamente, de cor, podiam contar...

sexta-feira, 5 de março de 2021

[4783] Um postal bélico, da época da Grande Guerra e do início da entrada de Portugal no conflito

É possível que o postalinho não tenha sido comprado em São Vicente, pois das centenas de imagens que possuímos alusivas a postais ilustrados, nunca este apareceu. É também possível que tenha sido comprado a bordo ou trazido de onde este remetente veio para a nossa ilha. Certo é que foi escrito a 23 de Março de 1916 (Portugal estava oficialmente em guerra com a Alemanha desde dia 9), metido no correio em São Vicente a 25 mas só chegado a Lisboa a 4 de Abril - o que, para a época, até nem foi muito demorado.

Diz ao amigo em Lisboa, o sujeito que o envia, que chegou a S. Vicente inteiro, apesar de a "atmosfera ameaçar desabar". Ou seja, que se safou de o navio em que para ali seguiu levar com um torpedo alemão...