sexta-feira, 28 de novembro de 2014

[1149] Fernando Fitas vence prémio Cidade de Almada de poesia

Fernando Fitas, que teve papel decisivo na homenagem que Almada prestou recentemente ao poeta cabo-verdiano Jorge Barbosa, recebeu ontem pela segunda vez o Prémio de Poesia e Ficção de Almada atribuído à obra "Alforge de Heranças". O autor foi também o vencedor da edição de 2003, com "O Ressoar das Águas". Ao poeta e amigo de longa data, Praia de Bote (que assitiu à concorrida e muito simpática cerimónia) dá com enorme satisfação os parabéns mais que merecidos. Ver mais AQUI, AQUI e AQUI (e em muitos outros órgãos de comunicação social patentes na Internet).

Em baixo, fotografia em que o presidente da edilidade, Dr. Joaquim Judas, entrega o diploma e o prémio ao laureado. Este ostenta um capote alentejano em homenagem à sua província, ontem também em festa com a atribuição do galardão de Património Imaterial da UNESCO ao cante alentejano.

Foto Local.pt


[1148] Para o Fogo, com amor

José Luíz Tavares
Aqui no Praia de Bote, uma sequência de coincidências relacionadas com a ilha do Fogo terminou com a inesperada erupção do vulcão, seu ícone e praga eterna: depois de falarmos de amigo nosso que estava a prever subir a montanha acompanhado de um dos mais famosos escaladores portugueses e de darmos aos leitores conhecimento do novo livro do poeta José Luiz Tavares (a sair em breve), eis que os desígnios do destino fizeram explodir o cone foguense, com todo o cortejo de desgraças habituais nestes casos (sem desastres pessoais, felizmente, valha-nos isso...). Assim, em vez de reproduzir notícias que a imprensa vai dando, Praia de Bote lançará para o mundo imagens e poemas da obra que desde já se configura como marco importante na poesia cabo-verdiana. E lembramos aos mais distraídos que nada tem de oportunista, pois foi escrita (e fotografada) quando ainda não se imaginava a desgraça que aí vinha.

Do livro "Coração de Lava", de José Luiz Tavares, em pré-publicação no Praia de Bote (foto de Duarte Belo)

Vês a casa na manhã do fogo.
O susto paralelo incitado pelos sinais
da catástrofe. Bangaeira, boca fonte
e portela eram nomes acesos nas gargantas
como vibráteis pedras queimando a planta
dos pés do primeiro peregrino

irrompendo pela mansuetude imaculada,
pela fome dos filhos percutindo, com
a facilidade com a que bem-aventurança inaugura
o caminho da ruína, a tábua roída dos feitos
memoráveis, esse homologado prelúdio
a um tempo de vivificados lamentos
espreitando à soleira da mudez essencial.

Conheces agora a angústia do animal
encurralado, o pavor do homem fixado
à correnteza do mundo, seguindo a metamorfose
inquietante, ou a quezília das parcas deliberando
sobre o teor do naufrágio e da solidão iniludível.

Mas é de prodígio que se trata quando a fé
e o presságio são todo o solo para a semeadura,
ou a enxada canta ao vento viandante
hasteando a branca bandeira do armistício
em meio às vozes narrando o retorno e o renovo.

E se é certo que a opacidade é a oferenda recolhida,
a mais alta graça é filha da premonição;
então a terra exulta desde a placenta da palavra
pedra, porquanto a mão que amacia o linho
tece a película e o prelúdio do novo dia,
e a neve é sonho na grande nave
que dezembro agita e aturde.

Mas grita, ó homem, que o inverno é uma memória
benigna, e a mão que persigna é haste e alvor,
e louvor o gesto que resgata ao exílio
e à terra quebrantada restitui o bulício das estações
inaugurais, o timbre e o sopro para invocar
o sagrado nome do fogo, ou a grande hossana
à vida que há de nascer, porquanto cantaste
na infância do poema (decerto com a dissonância
que não ignora o lastro da dúvida e a dívida
acumulados), as aflições substantivas.

Agora canta a pedra que te entra pelos poros,
tu, peregrino alevantado sobre os pináculos
da vida, vaga resgatada à orla do olvido, onde vês
o futuro mar anterior ao dilúvio, e onde a cinza
redemoinhando assinala a rota das grandes erupções
petrificando a casa na retina, essa humana memória
jazendo à sombra do pico mais cimeiro.


[1147] Crónicas do Norte Atlântico


Numa altura em que não pensávamos publicá-las em livro, demos à estampa aqui no Praia de Bote várias "Crónicas do Norte Atlântico" as quais ainda podem ser lidas no blogue. Porém, quando decidimos levar o projecto avante, e por razões que se compreendem, passámos a mostrar apenas um excerto inicial. 

Verificou-se no entanto que o facto pode gerar alguma confusão no leitor que assim fica privado do desenrolar do tema e vir a pensar que o assunto é um, quando afinal é outro. Deste modo, a partir de agora só daremos notícia do título de cada artigo mensal. Ainda assim, os interessados poderão ler os textos integrais no jornal cabo-verdiano "Terra Nova" ou em livro, quando tal se proporcionar.

Podemos adiantar desde já que o artigo de Dezembro será um contributo para a história da presença (forçada ou quase forçada) de cabo-verdianos em São Tomé e Príncipe, facto que constituiu e ainda constitui (pela indiferença a que têm sido votadas as suas consequências) um espinho cravado na consciência de Portugal e - não devemos escamoteá-lo - também na de Cabo Verde e de São Tomé.

[1146] Da Universidade em Cabo Verde - Uma reflexão

Arsénio de Pina
Num momento em que é generalizada a discussão sobre o presente e o devir da universidade em Cabo Verde, Praia de Bote tem o prazer de publicar (embora já não em primeira mão) um texto do nosso colaborador Arsénio de Pina, notável contributo para o debate sobre o tema em apreço.                                       

DAS NOSSAS UNIVERSIDADES

Vasculhando recortes de jornais, deparou-se-me um do amigo engenheiro Edgar Gomes dos Santos, datado de 2006/7, publicado no Terra Nova, intitulado Alfabetização e Universidade. Como o patrício é técnico de sólidos conhecimentos, longa experiência em vários climas e culturas e escreve com aquela elegância e propriedade de linguagem de alguns do seu tempo, reli com gosto e proveito o artigo, de que irei servir-me para complementar o que escrevi no meu último livro a páginas 277 e 294 (Das Energias Renováveis e Limpas, Artes e Ofícios e Tempos Modernos) quanto à metamorfose do ensino técnico-profissional, negligência na criação das nossas universidades, o despropósito do seu número e a necessidade de investir na melhoria geral da qualidade do ensino.

Através dessas linhas apercebemo-nos de que há países desenvolvidos que não possuem universidades, o Luxemburgo, por exemplo, o mais rico país da Europa e altamente desenvolvido, com uma população mais ou menos igual à nossa, que utiliza as universidades de países vizinhos – Alemanha, França e Bélgica – para a formação superior dos seus estudantes. Possui institutos em vários ramos técnico-profissionais, escolas e liceus de alta qualidade.

Nós, com o mesmo número de habitantes, equilibrando-nos mal no baloiço entre o subdesenvolvimento e o desenvolvimento médio, sem recursos nem para mandar cantar um cego, já vamos em sete instituições universitárias, no Mindelo, e outras tantas na Praia (com promessas oficiais de mais), e o atrevimento de formar mestres e doutores. Das universidades, duas são públicas, as restantes privadas, quando nem temos quadros qualificados suficientes para uma única universidade em condições. A maior parte dos professores são licenciados e o número de doutorados muito longe de respeitar a norma estipulada para uma universidade. Não obstante a pequena distância e as comunicações diárias entre S. Vicente e Santo Antão, esta ilha já quer também uma universidade, como se esta se constituísse por prestidigitação ou com a facilidade de um trapiche.

Com tamanha abundância de licenciados a saírem das nossas universidades para o desemprego, temos, por outro lado, sérias dificuldades em encontrar um electricista, carpinteiro, canalizador ou outro técnico, como se chamavam outrora, das artes e ofícios. Quem viveu em S. Vicente há alguns anos tem a grata recordação da Oficina da Pontinha com a Escola de Artes e Ofícios dirigida pelo invulgar Mestre Teodoro Gomes, vulgo Cunco, formado nas bem apetrechadas Oficinas das Companhias Inglesas, onde mestres ingleses formavam técnicos nossos sumamente competentes.

Infelizmente, como recomendou, debalde, René Dumond aquando de uma visita ao país, repetiu o colega Ireneu Gomes e eu próprio, diazá, em vez de enganarmos os outros com liceus, pseudo escolas técnicas e universidades, deveríamos ter investido nas componentes técnicas e práticas, as quais vão desaparecendo nas escolas técnicas em benefício da teoria e formação geral graças à ridícula aristocratização de profissões técnicas, de minguada utilidade. 

A licenciatura em Enfermagem com o encerramento da Escola de Enfermagem Pública, que funcionava no Hospital Baptista de Sousa, cujo apetrechamento foi financiado pela Fundação Gulbenkian, não consegui entendê-la. Qual o trabalho dos futuros licenciados em enfermagem? Se é simplesmente por uma questão de melhoria da qualificação, uma formação pós graduação seria suficiente. Se for somente para aquisição do título de licenciado ou de doutor, isso irá confundir muitos espíritos e baralhar os dados na Função Pública.

Sabe-se, dada a tendência de os nossos governantes imitarem o que de menos bom se faz em Portugal, ou que dá lucro aos nossos chamados operadores económicos (a denominação comum de comerciante já é quase ofensiva, dada a aristocratização da profissão) sem grandes canseiras e com poucos riscos, que as universidades privadas, nossas e portuguesas, licenciam profissões que não existem nos respectivos países, de baixa qualidade, também chamadas profissões e doutores da mula ruça, por lhes interessar mais o número do que a qualidade, dentro do seu espírito mercantilista, isto é, mais interessadas e vocacionadas para ganhar dinheiro, do que para a formação de profissionais competentes e de utilidade para o desenvolvimento do país. Não poderia ser de outro modo por a vocação do negócio ser de obter lucros a todo o custo, a maioria dos professores serem licenciados, havendo um ou outro doutorado para enganar o pacóvio e tranquilizar o ministério de tutela. 
Parece-me lícita a pergunta: serão universidades as nossas, ou simples imitações apressadas para venda a retalho de diplomas?

As universidades não têm o direito de defraudar as expectativas de jovens e das famílias, atribuindo-lhes diplomas sem préstimo e sem valor, de formar ignorantes com diminuta cultura. As universidades já não são apenas lugares de ensino mas também espaços de ciência e de criação que abrangem inúmeras iniciativas, onde se concretizam ideias e projectos sociais, culturais, empresariais e tecnológicos fundamentais para a vida económica e para o desenvolvimento social, como nos diz o Reitor da Universidade de Lisboa, Doutor Sampaio da Nóvoa.

Será que haverá uma avaliação e prestação de contas exigentes da gestão das instituições universitárias? Duvido muito, porque, se houvesse, já se teria suspendido a avalanche delas, e, até, algumas eliminadas. A qualidade da formação deveria avaliar-se, não pelo diploma em si mas pelo que o licenciado venha, ou possa vir a fazer com esse diploma. Igualmente essencial é a definição de políticas que liguem a educação à organização social e económica, de modo a não se formarem licenciados para o desemprego, como vem acontecendo entre nós e em Portugal.

Temos de ficar por aqui, que os jornais exigem prosa curta que não afugente leitores, além de o tempo de que disponho ser escasso para tratarmos da permissibilidade e laxismo em quase tudo na vida nos últimos tempos, o que vem provocando conclutas à lei, a regras, aos bons costumes e hábitos com que nos vínhamos amanhando até há bem pouco tempo. Esse laxismo atingiu vários sectores da sociedade, mais particularmente a família, a escola e o poder político. Os agentes provocadores foram vários e não me detenho neles por já os ter enumerado bastas vezes: a televisão e outros meios de comunicação social subalternizados ao capital e ao Estado, e a globalização com a sua vertente de economia de mercado subvertida pelo capitalismo selvagem.

S. Vicente, Agosto de 2013                                             

terça-feira, 18 de novembro de 2014

[1145] "Coração de Lava", novo livro do poeta José Luiz Tavares, para breve

Há coincidências MESMO... coincidentes. Acabado o Pd'B de anunciar a próxima expedição ao vulcão do Fogo em que participará amigo nosso na companhia de conceituado alpinista português (este, empenhado em subir ao ponto mais alto de cada um dos PALOP), eis que temos notícia da saída para breve do novel livro do premiadíssimo poeta santiaguense (e tarrafalense) José Luiz Tavares. A lançar no Fogo, Santiago e São Vicente, terá aqui lugar de destaque de cada vez que houver desenvolvimentos sobre o mesmo. 

Com lugar nas letras cabo-verdianas equivalente ao desempenhado por Germano Almeida no campo da prosa, José Luíz Tavares autor de escrita límpida e erudita, brinda-nos desta feita com "Coração de Lava", alusivo ao Fogo e dedicado a Antero de Barros. Resultante de colaboração com Duarte Belo, autor das belíssimas fotografias que ilustram a obra, ela é peça que (mais uma vez) honra o autor e a poesia das ilhas. 

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José Luiz Tavares - Foto Joaquim Saial
O poeta  José Luiz Tavares publicou Paraíso apagado por um trovão (2003),  Agreste matéria mundo (2004), Lisbon blues (2008) e Cidade do mais antigo nome (2009).

É provavelmente o poeta mais inusitado que surgiu nas literaturas africanas de língua portuguesa após as independências dos países. Cáustico, irreverente, aliando o classicismo das fontes e o conhecimento vasto da poesia universal ao canto da terra pátria, numa linguagem simultaneamente antiga e moderna, tem uma voz poderosa e altissonante, de uma criatividade completamente fora do habitual, que surpreende pela eloquência e ironia, como se uma raiva profunda chegasse em forma de soneto, domada, feliz, e, paradoxalmente, cuspindo fogo e melancolia.

Por isso, o que poderia parecer uma poética exacerbada, egolátrica, bebendo nas vísceras dos sentimentos e sensações (inadequação à sociedade, insulação, revolta individual, afirmação narcísica, prazer gratuito de chocar, todos os tipos de catarse e expiação), aparece com toda a força de um processo épico de metamorfose da história em matéria de nação e do esforço ético para a desconstrução do sofrimento psíquico: “combatendo a babugem/sou poeta de verso brabo”. Mas um “verso brabo” domado pelo soneto, em que o azul recorrente do arrebatamento romântico, no sentido da liberdade e da procura de vastidão, se associa à vigilante consciência de que “dar brilho aos reflexos é apenas literatura”. Este descer do azul alado dos céus, que exprimia o “horror à normalidade”, e que a busca alquímica da “matéria negra” compensava, para enfrentar, não as “ridentes metáforas”, mas a “pólvora/de muitos medos”, desarmado com um “coração dissonante”, consagra no poeta o “obstinado peso das raízes”.

Pires Laranjeira - professor de Literaturas e Culturas Africanas e investigador do Centro de Literatura Portuguesa da Faculdade de Letras da Universidade de Coimbra.

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A propósito de José Luiz Tavares, ver AQUI entrevista de 14 de Maio de 2012 ao programa "Mar de Letras", da RTP.


Poema inicial do livro

PRELÚDIOS

I.

No princípio era o fogo.
E as mãos do deus sobre a água fervente.
E o poeta com seus poucos dons na cabeça
obscura. E o canto das estrelas alheias
às reticências do destino.

Pousado nas margens como um barco imóvel,
vigia de fiel resfolegar, lá estavas tu,
silencioso colosso para o julgamento do tempo,
sem as evasivas que um corpo quebradiço
oferece ao escrutínio incontroverso da perenidade.

Ainda o lume vivo não se mudara
em fogo frio, à pacatez que embebe
os olhos no mar de aspereza vieram
as máquinas rasgar para que, cumprida
a voz da natureza, outro destino
mais humano ali nascesse:

traziam os construtores para junto
das searas os seus martelos rangentes;
encantados por esse ofício de paciência
viam a posteridade espelhada na pedra
lavrada, com seus sólidos vínculos
atando massa a massa.

Mas tu ergues-te sobre o chão do teu
destino, que eu bem vi prolongar-se
nesse parto de cinzas, esse grito austero
sobre as águas mergulhando num sonho
de catástrofe a minha cabeça de deus mortal,

ali onde a ilha se afunda ao bafo inclemente
de tal colosso, embora sejas a face límpida
que acolhe o peregrino alheio ao pio que incubas
nas entranhas e sagra-se nessa fala trôpega
subindo desde as reentrâncias onde tudo
solicita o afago da nossa terrena angústia.

Com os copiosos dedos assinala-se agora o teu
perímetro sobre os mapas. Vorazmente, os meus
olhos perseguem as curvas do teu destino
no labirinto dos dias descarnados, longe da névoa
dos sentimentos, como convém a um poeta
das pedras, sem os louros da conquista, mas imerso
na veemência com que tudo aqui cita o nascer da vida.

segunda-feira, 17 de novembro de 2014

[1144] Subida ao topo do vulcão do Fogo, para breve

NOTÍCIA DE ÚLTIMA HORA: um famoso alpinista português (com vasto palmarés a nível mundial) está a preparar expedições aos pontos mais altos de todos os PALOP. Na parte cabo-verdiana, o dito situa-se no topo do vulcão do Fogo, a 2829 metros de altitude. O aventureiro será acompanhado por um amigo nosso, com o qual estamos a combinar reportagens quase directas (no Pd'B) desta viagem que nos faz crescer imensa água na boca. Veremos se a coisa realmente se concretiza. Claro que aqui o "amigo" é amigo mesmo, filho de outro amigo que muito amava Cabo Verde, e não somos nós.

domingo, 16 de novembro de 2014

[1143] Joaquim Saial fala sobre arte pública de Lisboa nos Olivais

E assim, lá ficará o Praia de Bote mais uma semanita ou duas de pousio. Voltaremos, logo que estas saborosas obrigações, de há muito marcadas, nos dêem uma folga.


terça-feira, 11 de novembro de 2014

[1142] Praia de Bote suspende actividades durante uma semana, devido à tarefa que abaixo se descreve de novo

Entretanto, os nossos visitantes não precisam ficar inactivos, pois têm atrás deste 1146 posts para comentar - o que é bom e salutar divertimento... Espera-se no entanto que comentem o assunto dos posts e não outros assuntos que os mesmos não contêm... Lógico, não é verdade? O actual post não requer comentários.

Para os que gostam destas coisas, uma curiosidade altamente curiosa... Uma primeira edição do livro (ed. Charles Scribners Sons, 1952), pode valer entre 2200 e 22.500 dólares (sim, leu bem), consoante o estado de conservação em que se encontrar. A edição portuguesa actual, ainda a dos Livros do Brasil, sempre com a mesma capa e sugestivas ilustrações de Bernardo Marques, custa cerca de 10 euros. As capas de ambas podem ser vistas no cartaz abaixo.


segunda-feira, 10 de novembro de 2014

[1141] Tudo vale dinheiro...

Vale neste momento pelo menos 32 euros um cartaz destes, feito em 1966 pelo artista gráfico da (ou para a) Agência Geral do Ultramar Seabra Leiria em que a então província de Cabo Verde era sintetizada pelo Djéu dos Passo... Ver também AQUI


domingo, 9 de novembro de 2014

[1140] Concurso n.º 23 do Praia de Bote (RESULTADO)

Foto Joaquim Saial
Concurso n.º 23 revela-se um fracasso. Ninguém conseguiu chegar à resposta certa que, não sendo fácil, também não era impossível de descortinar. Tratava-se do médico naval Dr. António Manuel da Costa Lereno, natural da região de Viseu e falecido em Lisboa (1850-1916) mas longos anos ligado cívica e profissionalmente a Cabo Verde. Seu filho, Álvaro de Paiva de Almeida Lereno nasceu na Brava.

A ligação a Luís de Camões é porque o monumento que os santiaguenses lhe ergueram se situa nessa pracinha do platô (e no platô há rua com o nome do Dr. Lereno). Trata-se de um busto em bronze (por isso se disse que também existia em verde) sobre plinto de pedra, junto ao qual uma mulher do povo aponta ao filho a figura do ilustre médico que teve acção meritória na defesa da saúde das populações da ilha e de vários outros locais do arquipélago. O monumento é da autoria do escultor lisboeta Maximiano Alves, o mesmo que anos antes executara a figura jacente no túmulo da família Serradas no cemitério de São Vicente, que se pode designar por "A Dor" mas que o povo local baptizou de "Nha Marquinha". Lereno desempenhou ainda diversas outras actividades públicas como por exemplo a de vice-presidente da comissão municipal de São Vicente. Quanto ao tal café cibernético é o Cybercafé  Sofia, quase fronteiro ao monumento. Ver AQUI

Relativamente ao pessoal da cidade da Praia que por aqui passou, é óbvio que não tem desculpa. Tal como não tem quem faltou às diversas sessões sobre arte pública colonial em Cabo Verde realizadas recentemente, pois claro!!!... Embora haja um peixe que toma banho em arroz que esteve numa... mas que também não acertou. E assim, lá ficou o Praia de Bote com 5 ramos de acácia guardados no depósito, à espera de próxima oportunidade...

O Dr. Lereno será motivo da "Crónica do Norte Atlântico" a publicar no jornal Terra Nova deste mês, da autoria de um grande amigo nosso.


Pergunta simples e directa: quem é esta pessoa?


Seis indicações, para ajudar:

1 - Era oficial da Armada portuguesa; 
2 - Não era da classe de Marinha;
3 - Não era cabo-verdiano; 
4 - Foi imensamente estimado nas ilhas;
5 - Ele e Luís de Camões são unha com carne. Há décadas que estão juntos. E não, não é o Sá da Bandeira, não senhor, esse era maneta e este tinha os dois braços;
6 - Está sempre a olhar para um cybercafé, pensando como poderá enviar um email aos concorrentes, a contar quem é.

Como é um concurso difícil, o prémio será de 5 ramos de acácia.


sábado, 8 de novembro de 2014

[1139] Cerca de 100 anos depois, uma classe intemporal

Pé descalço, cenário de estúdio fotográfico à moda da época, com mesinha de madeira para o recipiente com flores, mas uma inegável e fenomenal classe que atravessou o tempo e chegou até nós intacta. Um luxo, um verdadeiro luxo, dignidade de rainha!


[1138] Joaquim Saial falará de "O Velho e o Mar", de Ernest Hemingway, em Almada. Num blogue oceânico e de Cabo Verde, justifica-se...


"He was an old man who fished alone in a skiff in the Gulf Stream and he had gone eighty-four days now without taking a fish. In the first forty days a boy had been with him. But after forty days without a fish the boy’s parents had told him that the old man was now definitely and finally salao, which is the worst form of unlucky, and the boy had gone at their orders in another boat which caught three good fish the first week. (...)"

"Era um velho que pescava sozinho num esquife na Corrente do Golfo, e saíra havia já por oitenta e quatro dias sem apanhar um peixe. Num dos primeiros quarenta dias um rapaz fora com ele. Mas, após quarenta dias sem um peixe, os pais do rapaz disseram a este que o velho estava definitivamente e declaradamente salao, o que é a pior forma de azar, e o rapaz fora por ordem deles para outro barco que na primeira semana logo apanhou três belos peixes. (...)"
Tradução de Jorge de Sena



[1137] Vivam as 9 Micás de Cabo Verde mais a de Coimbra

1.º Encontro de Académicas de Cabo Verde, entre 12 e 17 de Novembro.
Ver AQUI

Eis os emblemas de cinco das nove Associações Académicas de Cabo Verde.

Porto Novo

Mindelo

Sal

Maio
Fogo

[1136] Contra a droga em Cabo Verde (ou em qualquer outra parte do Mundo), cerrar fileiras

Uma pequena (grande) vitória da Polícia Judiciária de Cabo Verde contra o narco-tráfico.
Ver AQUI

quinta-feira, 6 de novembro de 2014

[1135] O escritor Ferreira de Castro esteve em São Vicente...

Sobre Ferreira de Castro, ver AQUI

Quem terá ficado com o livrinho de que abaixo se fala? Quem será o actual proprietário desse pequeno tesouro? Hoje, com esta e outras assinaturas importantes, deve valer umas boas coroas, melhor dizendo, uns escudos cabo-verdianos bem bons.

Acuse-se o possuidor, talvez até um dos que avançaram sobre a Rádio Barlavento no tal dia. O Pd'B promete que não conta a ninguém.

DN, NB, EUA - 9.Outubro.1959


[1134] Antero de Barros não foi só professor...

Para completar a foto do ilustre professor aparecida no Arrozcatum, o Pd'B foi ao fundo do baú e desenterrou esta notícia do DN de NB de 20 de Novembro de 1962 (data em que o Pd'B já estava no Mindelo). Que aproveite aos comentadores que conheceram o docente, bem como os posts mais recentes. Quanto ao palavrório, faz parte da verve da época e não macula ninguém. Era o que faltava...


[1133] Jorge Carlos Fonseca, Presidente da República de Cabo Verde, é bom da "Bola"

Ver AQUI


[1132] TAP começou a ligar regularmente Portugal e Cabo Verde há 50 anos (feitos anteontem)

Ver AQUI e AQUI

Super Constellation CS-TLC na ilha do Sal
DN, NB, EUA - 9.Julho.1949

[1131] Um cafizim lá na Tcham de Semitêr (ou Sumter) com o Valdemar e o Brito-Semedo

O dia está fresco, aqui por Portugal. Por isso, o Praia de Bote resolveu mandar vir a São Vicente o Valdemar lá das Franças (onde já se gela) e o Brito-Semedo da capital praiense para um falinha e um café na Tchã de Semitêr (ou Sumter, como se queira, sítio muito dos amores de ambos, embora o Pd'B prefira o bairro ao lado, o de Monte Sossego). Vamos relembrar coisas cabo-verdianas, falar do Mindelo e de São Vicente, para depois irmos até ao Café Lisboa beber um gin-tonic. Tiramos uma foto do dito, no seu copo ornamentado com rodela de limão (agora prefere-se a de pepino) e mandamo-la ao Zito pa fazê manha naquel desgraçóde. Que tal? Acham bem?

Quanto aos 18 meses apontados na notícia, já estão a ver em que época calharam, não é? Será que a torrefacção se concretizou? Só os mnine d'Tchã é que o poderão dizer...

DN, NB, EUA - 16.Fevereiro.1973



quarta-feira, 5 de novembro de 2014

[1130] Gente de São Vicente

Com a chancela da Casa do Leão, a editora de postais ilustrados são-vicentina (entre muitas outras coisas) dos anos 60 que nos deixou memórias únicas.



terça-feira, 4 de novembro de 2014

[1129] O "Maria Luiza"

A. Mendes enviou-nos um anúncio da agência de navegação "Macedo & Filhos, da Praia, saído no jornal "Voz de Cabo Verde" em 1911. Trata-se da partida do "Maria Luiza" do Fogo para New Bedford, em segunda viagem. Diz-nos o pesquisador que a foto do veleiro é do dito vapor "Maria Luiza", do qual infelizmente não se vê a chaminé dos escapes da maquinaria, mais parecendo navio exclusivamente à vela (note-se que o desenho que encima o anúncio é emblema de companhia ou gravura padrão da gráfica e não imagem do "ML"). O outro é o já nosso conhecido "Guiné", trambém referido no anúncio dos Semedo.

O Praia de Bote sabe pouco deste "Maria Luiza", desconhecendo se será o mesmo que naufragou em 1921 ao largo da baía de Manila com grande soma de mortos ou se será um outro que explodiu em Sesimbra como vapor pesqueiro em 1925. É no entanto mais certo ser aquele que também aportava a São Miguel Açores, por volta de 1910, de que temos algumas notícias. Até podem ser, todos três, o mesmo. Quem algo mais souber do "ML" que o diga... ou cale-se para sempre...

"Maria Luiza"
"Guiné"

segunda-feira, 3 de novembro de 2014

[1128] Depois da paragem forçada... chocolat Pupier a saber a gente crioula! (as duas imagens iniciais são dos anos 30)

Em particular para os nossos amigos cabo-verdianos em França (Valdemar e Luís) que, segundo parece, tiritam de frio, vão uns chocolatinhos Pupier (franceses, claro, que aqui na Praia de Bote há de tudo, mas sempre com Cabo Verde por fundo!...). Deve haver em Tours mas, caso isso não aconteça, é só descer um bocadinho até Saint-Étienne... Quanto ao José, em Aveiro não há mimos destes. Fica para a próxima viagem à Gália...