"Diário Popular", 7.Outubro.1948, p. 1
A IMERSÃO DO BATÍSCAFO DE PICCARD E COSYNS REALIZAR-SE-Á NAS ÁGUAS DE CABO VERDE. A EXPEDIÇÃO LARGA HOJE DE DACAR (especial para o «Diário Popular»)
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Piccard |
Dacar, 5 – Os professores Piccard e Cosyns renunciaram ao projecto de fazerem a sua imersão no golfo da Guiné. Em vez disso vão descer a 4000 metros nas paragens das ilhas de Cabo Verde. A decisão foi tomada tendo em conta os resultados das sondagens e a situação meteorológica.
O facto de a imersão se efectuar nas imediações de Cabo Verde tem a vantagem de evitar uma deslocação de 3500 quilómetros e adiantará as experiências em cerca de oito dias. Outras vantagens desta modificação dos planos são a segurança em caso de mau tempo, as facilidades de descarga da gasolina no regresso e, sobretudo, a transferência dos reservatórios que a contêm para o navio francês que tomará o batíscafo a seu cargo, operação que dificilmente poderia fazer-se em Port-Bouc.
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Max Cosyns |
Durante a sua estadia em Dacar, os professores Piccard e Cosyns têm tido entrevistas com Plumejeand, Tailliez e Cousteau, da Marinha de Guerra francesa, sobre a participação desta nas operações. Ficou decidido que, além do "Elie Meunier", a fragata meteorológica "Le Verrier" e a fragata de guerra "Cruz de Lorena", acompanhem o navio-mãe de hidroaviões "Paul Goffeny", que embarcará o batíscafo depois das experiências. Dois grandes aviões de reconhecimento da Armada, equipados com radar, poderão também intervir nas eventuais pesquisas. Terão a sua base na ilha do Sal, com autorização do governo português.
A largada do "Scaldis" de Dacar está prevista para hoje.