sábado, 22 de outubro de 2016
[2681] Histórias de "Copa", um cão marinheiro
Manuel Amante da Rosa |
O "Copa", foto MARosa |
Lá me explicou o bom do homem que o "Copa" era um vadio. Tinha namorada em quase todos os portos onde iam. Até no Sal, porto de Palmeira, onde havia uma cadela que o aguardava alegremente no cais. Que o "Copa" mal colocavam o portaló era o primeiro a descer por ele.
Calhava ficar por Palmeira, apanhar boleia num outro navio, desembarcar no porto de Mindelo e ir para casa a bordo do "Ribeira de Paúl".
Que mesmo ali no porto de Tarrafal, de S. Nicolau, ele tinha descido logo de manhãzinha e voltara à hora da partida mais morto que vivo. Que não sabia o que ele andava a fazer em cada porto para onde iam.
Que episódio bonito este. Ficará para mais tarde passar isto para uma prosa mais consistente à altura do "Copa".
O "Ribeira de Paul", barco que o Pd'B conheceu em viagem de 1999 entre São Vicente e Santo Antão. Foto MARosa |
Local: adivinhe o leitor. Foto MARosa |
[2680] Hoje, Praia de Bote vai à Guiné, Com o nosso amigo Manuel Amante da Rosa
O "Corubal - Foto de autor desconhecido |
Envio foto do "Corubal". dos anos 78/79, de autor desconhecido, à partida de Bolama e já uma sombra do que era, sempre limpo, bem pintado, airoso e sem mossas de espécie nenhuma.
Este acabou por ficar no canal de Bolama, junto dos tarefas porque alguém se lembrou de colocar um bidão de combustível perto do tubo de escape nos anos 80. A xxplosão parece ter matado mais de trinta pessoas. Ficou por lá a carcaça até hoje.
O "Formosa" acabou encalhado perto de Bissau por terem considerado irreparável o motor após tantas azelhices.
Um Abraço.
[2679] Empresa espanhola abre fábrica de transformação de atum no Mindelo
Ver AQUI
Quanto a quem inaugurou, das duas uma: ou quem deu a notícia não sabe que huve eleições em Cabo Verde e que o primeiro-ministro não é o mesmo ou então foi de facto o anterior primeiro-misnistro que inaugurou as instalações e estas só agora deram início à produção. Mas, para o caso isso pouco interessa. O que vale a pena considerar é que 300 habitantes da ilha de São Vicente ali vão ter emprego. Boas notícias, portanto.
quinta-feira, 20 de outubro de 2016
[2678] Grandes comentários que vale a pena ler duas ou três vezes
quarta-feira, 19 de outubro de 2016
[2677] Moinhos de vento de São Vicente
Adriano Miranda Lima |
Para publicação no Pd'B, foi-nos enviado este poema pelo nosso amigo e colaborador Adriano Miranda Lima, com a seguinte mensagem: "Sucede que a casa paterna de uma tia minha (por afinidade) tinha uma coisa dessas no quintal, em Fonte Cónego. Por acaso, ela é a avó paterna da Roanna Soulé, vencedora com bronze nas recentes VI olimpíadas de matemática da CPLP . Quando a tia fez 80 anos, homenageei-a com o poema em anexo, associando o seu crescimento ao som das pás do equipamento." Pd'B junta-lhe o anúncio recentemente publicado, mais uma foto do seu arquivo pessoal onde se vêem dois desses moinhos, na Ribeira de Julião
(À minha tia pela passagem do seu 80º aniversário)
SORTILÉGIO DE PRIMAVERA
Ao som cavo da bomba de água girando
A menina salta à corda em movimento sincopado,
Sua voz cristalina musicando cada pulo.
É uma flor crescendo no silêncio do quintal!
A tarde veste-se com a rútila incandescência
Do horizonte que algures desmaia em tons púrpura,
E instantes depois um halo de mistério envolve Fonte Cónego,
À luz baça dos candeeiros e ao cantar dos grilos.
É hora de mangatchada e jogos de roda e cabra-cega,
Os gongons espreitando ao virar da esquina.
Ela procura-se no seu labirinto serpenteando o luar,
Com a inocência mofina raiada no olhar.
Mas a voz da mamã quebra-lhe a euforia
E fica suspensa a respiração da noite.
Mas um dia tiram-lhe a lua e dão-lhe asas de sol
E começa outro breviário num tempo silente e grave
Porque até uma flor inocente tem de aprender
A ostentar-se em todas as lapelas da vida.
Suas pétalas foram exalando luz e fragrância cada dia,
E foi amor-perfeito para aquele que um dia
Levou uma serenata à janela do seu quarto.
Dez flores gerou e criou com afago de lírio
E bravura de acácia em chão duro.
Foram sementes de luz que a brisa guiou ao seu destino.
Hoje deslumbra-se com o crescimento do canteiro à sua volta,
Onde cada rosa, cravo ou jasmim é um conto jubiloso.
Mas a areia da ampulheta flui e reflui no seu regaço
Baralhando-lhe a noção do tempo,
E debalde vira do avesso o instrumento
Contando cada grão de areia sem atinar com a aritmética.
Fica sem saber se foram oito ou oitenta primaveras,
Porque a melodia que ouve dentro de si é eterna,
A da bomba de água do quintal em seu rodar gemido
Que embalava a menininha de cintura fina saltando à corda.
Uma algema de fogo prendeu o tempo no seu coração.
Adriano Miranda Lima
terça-feira, 18 de outubro de 2016
[2676] Os perigos da colheita da urzela, antiga riqueza de Cabo Verde
Do "Almanach de Lembranças Luso-Brazileiro", editado em Lisboa, em 1870. Repare-se no último parágrafo...
[2675] O Hino dos Sokols de São Vicente
Como hoje batemos mais um recorde pessoal no Praia de Bote (ver post anterior), resolvemos que o dia seria dedicado ao exercício físico, à música e ao companheirismo. Que coisa melhor para isso que começarmos por cantar o Hino dos Sokols de São Vicente? Reparemos que se por um lado se dedica à "glória de Portugal" (Portugal esse que acabaria por substituir os Sokols pela Mocidade Portuguesa), por outro refere-se que "o nome das nossas ilhas terá fama entre as Nações". Parece que aqui o José Lopes não se enganou muito.
[2674] Quando os moinhos de vento eram padeiros, perdão, BAKER
Praia de Bote continua a pulverizar records pessoais. Este é o post 138 deste mês (137 em Setembro). Nunca tal tinha acontecido em seis anos e tal de "Praia de Bote". Até ao final de Outubro, o número aumentará mais uns pontos, decerto, o que será depois muito difícil de ultrapassar. Mas isso logo se verá... Entretanto, o moinho continuará a girar no Porto Grande. E é um Baker, comprado na firma Ribeiro de Almeida, que julgam? O Mindelo tem tudo ou pelo menos tinha, em Setembro de 1933.
[2671] Em 1916, no Mindelo, era assim. Chateias? Então, adeus!
Jornal "O Lavrador Português" Tulare, California, EUA), 8.Julho.1916 |
segunda-feira, 17 de outubro de 2016
[2658] Djosa de nha Bia, imitador de B. Léza...
Toda a gente que gosta de Cabo Verde conhece as mornas de B. Léza e decerto também o mais famoso dos seus retratos. Pois o nosso colaborador Djosa de nha Bia, para além de mornista de créditos firmados (único predicado de jeito que tem, achamos nós), amante de bom grog, preguiçoso militante e aldrabão de primeira, deu agora em imitar o look do autor de "Lua nha Testemunha". Não lhe fica nada bem, convenhamos, apesar de clonar na perfeição o ar de sport roubado ao saudoso compositor. Quando o proprietário do Praia de Bote voltar à redacção do blogue, na Rua de Coco, depois do seu repouso de escrita, logo receberás um corte no ordenado por causa dessa mufneza, ó Djosa!...
Em baixo, B. Léza (à esquerda) e à direita, Djosa de nha Bia, o imitador...
domingo, 16 de outubro de 2016
[2657] Feita a coisa... está pronta a 48.ª "Crónica do Norte Atlântico" que teve direito a frase do mais conhecido colaborador do Praia de Bote
Excerto sem notas de "Ainda os Clandestinos de Cabo Verde"
(...) Ainda nesse ano de 59, encontrámos um caso de clandestino ligado ao gosto pelo futebol. Trata-se do ajudante de estiva Vitorino da Silva Pinto, de 23 anos, da Ribeira Bote, São Vicente, que vindo desta ilha chegou a Lisboa no "Ganda". Descoberto, explicou que aproveitando-se da sua profissão e misturado com colegas se havia infiltrado no navio e escondido numa casa de banho onde conseguiu manter-se ignorado durante dois dias, tendo apenas consigo uma garrafa de água. É claro que o local escolhido para esconderijo não era nada conveniente, pelo que acabou por ser visto por um marinheiro que o entregou ao comandante do navio. Qual era então o sonho do nosso clandestino, jogador do F. C. Derby de São Vicente? O seu anseio era ser contratado pelo Futebol Clube do Porto, agremiação que tinha as mesmas cores daquela em que jogava na sua ilha…
Desculpa menos "desportiva" teve Alberto Resende Carneiro, de 21 anos, que viajou no "Cartaxo" em Junho de 1961 até Lisboa. Entregue pelo capitão à Polícia Marítima, alegou que estivera a trabalhar num porão do navio, enquanto este esteve no Porto Grande de São Vicente e que ali adormecera…
Por motivos que o leitor compreenderá, não revelamos o nome do interveniente nem a data exacta de mais um episódio de clandestinos que se passou algures em meados de 1961 com um jovem natural da ilha do Sal. Curiosa e elucidativa do pensar da época, é a prosa do "Diário de Lisboa", jornal que até era pouco conotado com o regime mas que utilizava por vezes a mesma linguagem dos seus colegas afectos à ditadura. Eis um excerto do texto, tal como o vespertino no-lo apresenta: "Assim que a unidade que escolheu para a sua aventura – o 'Manuel Alfredo' –, se afastou da costa, apresentou-se ao capitão do navio e declarou-lhe peremptoriamente: 'Sr. comandante, acabo de tomar esta decisão, e desejo ser apresentado às autoridades militares, pois quero servir em Angola e combater os terroristas que perturbam a paz naquela nossa província'. O capitão do 'Manuel Alfredo' participou isso mesmo à Polícia Marítima, depois de atracar o seu navio à Estação Marítima de Alcântara. Esta manhã, por sua vez, o capitão-de-fragata Malheiro do Vale decidiu participar o caso às autoridades militares. Resta agora conhecer-se a decisão dessas autoridades. O jovem, (indicava-se o nome do mesmo), um Português de cor, onde será alistado? Na Marinha de Guerra? Na Força Aérea? Ou no Exército?" Rematava o jornal, com o facto "animador" de o clandestino ter um familiar a trabalhar num hospital de Lisboa. (...)
sexta-feira, 14 de outubro de 2016
quinta-feira, 13 de outubro de 2016
[2652] Bryan Ferry - "The Times They Are A-Changin", de Bob Dylan ("Dylanesque" Live)
E agora sim, final, final, mesmo finalmente, uma das mais conhecidas do Bob, por Brian Ferry (dos Roxy Music), de um CD de covers dedicado ao colega, de tal modo que o chamou de "Dylanesque" (2007).
[2651] E neste festivo dia dilanesco, acabemos as comemorações com algumas pinturas do rapaz. Que também aí ele tem talento de sobra.
Mostro apenas as que fui coleccionando para o meu arquivo. Claro que se forem à Internet esgrovetá, encontrarão muitas mais. Mas acho que estas são bom aperitivo do novo Nobel da Literatura.
Subscrever:
Mensagens (Atom)