domingo, 29 de dezembro de 2013

[0664] 100 000, "Torre de Belém" e mensagem de Natal de D.Ildo Fortes aos doentes, na Rádio Vaticano



Praia de Bote reabre pela última vez este ano, para comemorar as 100.000 visitas (já ultrapassadas) e agradecer a chegada de mais duas comentadoras (Dilita e Filomena Vieira) que, esperamos, continuem a frequentar a praia mais sabe na munde. Lentamente, a pouco e pouco, a família (falante e escrevente) da Praia de Bote vai aumentando (que a muda é já grande, como se vê). Voltaremos no dia 1 de Janeiro de 2014, para as habituais Boas Festas com a já conhecida foto da Banda Municipal de São Vicente e um cartão são-vicentino nunca aqui divulgado que deseja um Anu Nobu geladinho. Entretanto, deixamos fotografia recente feita pelo nosso amigo e colaborador Zeca Soares de parte da "Torre de Belém" (antiga Capitania dos Portos). Na zona do topo, albergou nos seus tempos áureos a sala dos sinaleiros; no andar que ostenta o escudo de armas de Portugal situavam-se as instalações da meteorologia (um dos dois departamentos de cariz civil, num edifício que nos restantes espaços era de índole militar - a Repartição Provincial dos Serviços de Marinha também apenas se ocupava da marinha de cabotagem e de pesca, nada tendo a ver com a de guerra, excepto no que tocava aos pagamentos de ordenados à guarnição europeia e cabo-verdiana.

"Torre de Belém", antiga Capitania dos Portos - Foto Zeca Soares
Veja a mensagem de Natal de D. Ildo Fortes aos doentes na Rádio Vaticano AQUI.

sexta-feira, 20 de dezembro de 2013

[0663] Um conto de Natal

Adriano Miranda Lima
UMA LUZ DE NATAL NO ALTO DO MONTE (1) - Veja estatística do dia em que este conto saiu, no final do mesmo

Conto de Natal, em homenagem à mulher anónima cabo-verdiana que ao longo dos tempos lutou arduamente para criar os seus filhos, e às vezes até netos, com honradez e dignidade.

Nha Sabina, mulher de rija têmpera, tinha da vida uma experiência agridoce, na sua maneira peculiar de sofrer as agruras do quotidiano sem hipotecar todas as reservas do seu ânimo. Os seus cinquenta e cinco anos de idade ensinaram-lhe desde cedo que o poder da imaginação logra por vezes autênticos milagres no encontro de novos estímulos para a vida. Por vezes, bastava-lhe a simples contemplação das luzes que bruxuleiam à noite nos mastros das embarcações estrangeiras fundeadas na baía para logo sentir o palpitar do mundo que se abre para lá da imensidão líquida do oceano. E é quando lhe vêm à lembrança os filhos da terra que saíram para longe a bordo de vapores estrangeiros. Por onde andariam, que destino deram às suas vidas? Este e outros devaneios do género transformam-na, com frequência, em avatar da vida fervilhante das grandes cidades que uma ou outra vez viu estampadas em coloridos postais. Mas ela logo se devolve, satisfeita consigo própria e com o pouco que tem, à pobreza honrada do lugar em que exerce a soberania do seu viver. A sua pequena casa, modesta, fica naquela zona do Monte junto à Muralha (2), permitindo-lhe um convívio permanente com a visão do mar. Não se poderá dizer que a sua habitação seja um tugúrio porque ela sabe mantê-la caiada e asseada, digna na elementaridade do seu recheio, e até mesmo o seu quintalinho atrás, palco da sua labuta diária, é um primor na arrumação do fogão de carvão de pedra, do pilão e do tambor de água de Madeiral. 

Este dia é véspera de Natal e seria mais um igual aos outros, não fosse o sonho que ela vinha acalentando e que graças ao seu Deus queria ver realizado logo à noite. Como sempre, levantara-se aos primeiros alvores da madrugada para pilar o milho destinado aos bindes de cuscuz que garantem o seu sustento, mais o do seu netinho Daniel de seis anos. Afora isso, concorrem também para o seu magro orçamento familiar os pastéis de milho e peixe com malagueta que fornece à mercearia de nho Ventura. Este, que aprecia o seu cuscuz, costuma exclamar mal ela franqueia a porta da mercearia segurando o recipiente com a ainda fumegante iguaria: “Sabina, o aroma do teu cuscuz lembra-me sempre um campo de milho em flor.” Esse piropo deixa-a feliz e satisfeita com o que faz.

Foi precisamente numa prateleira daquela mercearia que o sonho de Sabina começou a ganhar forma. Há muito que desejava ver-se livre daquela lamparina que mal lhe alumiava a casa à noite. Pensava ela: “isto é coisa com fraco jeito, fumega exalando um cheiro que já não suporto, e ainda por cima não me dá aquela luz que entra pela alma dentro. 

E por isso aquele candeeiro de vidro brilhante como cristal, exposto no estabelecimento de nho Ventura, desafiou-a durante os últimos dois meses. Mulher de imaginação viva, seduzia-se com as figurinhas gravadas a estilete de aço no vidro do candeeiro, que no seu entender só podiam ser obra de mão carinhosa.

E foi assim que começara desde há algum tempo a amealhar um escudo hoje, outro amanhã, e por vezes valores mais avultados quando o dia lhe corria de melhor feição. Arranjara uma antiga lata de conserva com uma ranhura e dela fez o cofre que haveria de realizar o milagre do seu sonho natalício da noite. Mas não seria só isso. A Sabina queria dar um “bedje” (3) de Natal ao seu Danielim, o neto cuja mãe a morte levou a seguir ao parto. Mãe solteira que foi da sua saudosa filha, passou a sê-lo também do seu netinho, com um desvelo extremo, prometendo criar e fazer dele um homem de bem, com a ajuda de Deus e do seu trabalho honesto. 

O Danielim, de seis anos de idade, vinha, pois, olhando embevecido, desde há tempos, para os carrinhos de arame que saíam das mãos habilidosas de nho Sarafe Funileiro. Com formato de automóvel ou de camioneta, aqueles carrinhos eram um deslumbre para a meninada e até os mais velhos se quedavam a admirar a perfeição da sua construção. Reduzidos a arame vulgar, de espessura variável com a natureza de cada um dos seus componentes, pareciam quase transparentes na sua vaga substância material, e a funcionalidade das suas rodas de uma circunferência precisa, com o respectivo mecanismo articulado de direcção, emprestava ao brinquedo a aparência de um estranho e enorme insecto animado. Pois, o Danielim ia ter logo à noite um “bedje” de Natal que ia regalá-lo...

Quando o Sol se pôs, a Sabina já estava em casa a esfregar as mãos de contente por ter realizado um dia de venda lucrosa. Compôs a sua mesa com especial esmero e nela dispôs os ingredientes da ceia natalícia, não coisa de gente rica, mas algo sempre melhor e mais composto do que no comum dos dias. Depois, quando já escurecia, foi buscar o candeeiro dias antes comprado a nho Ventura, seu “bedje” de Natal. Atestou-o de petróleo, aguardou que a torcida se embebesse do combustível, nivelou-a o suficiente, riscou um fósforo e chegou-lhe a chama. O compartimento foi subitamente inundado de uma luminosidade nunca antes vista na sua casa de único compartimento. Ela elevou a torcida ainda um pouco mais, na ânsia de atingir o máximo da incandescência, e de repente todo o interior da habitação pareceu ganhar tons caleidoscópicos, realçando-se os pormenores antes ocultados pela luz baça da antiga lamparina. Convidou a sua amiga e vizinha Josefa, viúva e a viver só, para a ceia. E a Josefa teve logo este espontâneo desabafo, mal entrou: “Sabina, isto hoje está outra coisa, mulher. É como se a luz deste candeeiro lavasse e renovasse tudo, incluindo os nossos corações”. A Sabina não coube em si de contente com o reparo da amiga. 

Cearam e conversaram longamente sobre o seu passado de raparigas novas, relembrando a dureza da vida de “mulher fêmea” em Cabo Verde, com as suas artimanhas e traições, mas também com as ilusões que se douram e renovam com a luz do sol nascente de cada dia. A cumplicidade entre a duas mulheres prosseguiu noite dentro até que o Danielim começou a dar sinais de sono. Foi quando a Sabina lhe fez a surpresa com o seu “bedje” de Natal, que o petiz não esperava dado o sigilo bem guardado. O menino deu um pulo de satisfação e fez-se logo chofer exímio da sua viatura, pois já se tinha habilitado com carta de condução mediante a simples observação do que vira fazer a um outro menino dono de idêntico produto saído das mãos de nho Sarafo. Começou a rodar o volante em curvas e mais curvas no chão da habitação, buzinando vez por outra: aguuuga, aguuuga. Radiante com a felicidade do seu neto, a Sabina a esmo foi observando as curvas que o brinquedo ia delineando nas suas mãos, umas mais largas e outras mais apertadas. E então comentou para a Josefa: “Vê tu, amiga, que a vida das pessoas é feita de curvas e mais curvas, como as que faz este carrinho de arame; tanto vale ser pobre ou rico, que a vida é, assim mesmo, feita de curvas, mas convenhamos que as do pobre são as que riscam mais fundo e deixam marcas inapagáveis”. A Josefa concordou, conhecedora das divagações do espírito da sua amiga, que muitas vezes não conseguia decifrar. 

Horas depois, o Danielim já dormia o sono da inocência e a sua amiga se tinha despedido. Lá fora silenciaram-se finalmente os ruídos da noite festiva, sempre mais pródiga de eflúvios do que o normal, mas para os lados da Praça Estrela ainda se ouvia estalejar um ou outro foguete natalício. Sabina ficou acordada mais algum tempo, sozinha com os seus pensamentos, inalando sofregamente a luz do seu novo candeeiro, sentindo um renovo de alma, como que banhada por outra luz, a luz divina.

Tomar, Dezembro de 2013
Adriano Miranda Lima

(1) A palavra Monte reveste aqui um duplo significado, simultaneamente real e metafórico. É que, para quem não saiba, Monte era, ao tempo recuado em que se quer situar este conto, um bairro periférico e pobre do Mindelo, e a designação se deve ao facto de ser uma zona de cota alta relativamente ao núcleo original da cidade. 
(2) Muralha foi o nome por que ficou conhecida a parte do lugar do Monte separada das antigas instalações da Companhia Miller’s por uma encosta alta e abrupta cuja consolidação foi solucionada com a construção de uma enorme parede. 
(3) “Bedje” é o termo em crioulo de S. Vicente com o significado de prenda.


quinta-feira, 19 de dezembro de 2013

[0662] Mais uma pazada na cova do património são-vicentino ou "Ó scola, quem mandóbe morrê?" ou "Cordá Soncente!" ou "Deus, Nossenhora da Luz, Soncente e Sanjom nos valham!" ou "Estamos entregues à bicharada!" ou "Chega de arrasar a História!"

O blogue Praia de Bote tinha encerrado as suas actividades por este ano mas "foi obrigado" a reabri-las por dois motivos fortes: um para reforçarmos a divulgação do pungente estado de abandono de mais um exemplar do património arquitectónico de matriz colonial da ilha de São Vicente (no caso, a Escola da Praça Nova); o outro, a pedido do amigo e colaborador Adriano Miranda Lima que no post seguinte publicará um conto seu. 

Escola Central João Belo, dita Escola da Praça Nova - Foto Joaquim Saial, 1999
Foto José Carlos Marques, Setembro.2014

Foto José Carlos Marques, Setembro.2014

O primeiro caso expõe-se em mais uma denúncia do "Notícias do Norte", neste caso relativa ao desleixo a que foi submetida a "Escola da Praça Nova", agora completamente vandalizada mas que já apresentava sinais de acelerado desgaste como mostram fotografias recentes do nosso amigo José Carlos Marques. Curioso é que como no caso do edifício do antigo Liceu Gil Eanes surge sempre alguém a dizer que as obras estão para breve, que há orçamento para as mesmas e que o mar é de rosas... Porém, nós não temos dúvida que o mar é d'canal, proceloso e aceleradamente destruidor dos assim não tão numerosos bens que a História depositou nas mãos dos são-vicentinos - o que mais levaria a estimá-los...

Foto José Carlos Marques, Setembro.2014
Aqui ficam quatro fotografias com 15 anos de diferença da primeira para as restantes e o filme da miséria, para vergonha de quem de direito... se é que a tem. Já agora, sempre dizemos que escrevemos estas linhas com a autoridade de quem ama a ilha do Monte Cara e ainda por cima fez exame da 4.ª classe nesta casa vilmente desprezada.  


[0661] "Ementa" para o início de 2014

Entre outros temas que surjam e que pela sua oportunidade exijam publicação, o Praia de Bote prevê começar o ano de 2014 com os seguintes temas (não necessariamente pela ordem apresentada):

A viagem científica de Auguste Piccard e Max Cosyns e do seu batíscafo a Cabo Verde, em 1948

Max Cosyns e Auguste Piccard, por volta de 1930

A viagem do Presidente Craveiro Lopes a Cabo Verde, em 1955

Chegada de Craveiro Lopes ao Mindelo - Fotologue de Djô Martins

Temas de escultura pública e arquitectura cabo-verdiana

Dezembro.1956

Duas "Crónicas do Norte Atlântico", sobre as aventuras e desventuras do capitão John de Sousa  e sobre a actividade do padre alentejano Cláudio Simões entre a comunidade cabo-verdiana dos Estados Unidos da América

Capitão John de Sousa
Padre Cláudio Simões

terça-feira, 17 de dezembro de 2013

[0660] Votos de Boas Festas do Pd'B e da Embaixada de Cabo Verde em Portugal - VEJA E COMENTE OS POSTS ANTERIORES

Foto José Carlos Marques - Monte Cara e Porto Grande vistos da Praia de Bote (Mindelo, São Vicente de Cabo Verde)
Estava já o nosso "escritório" encerrado, quando eis que nos chegou um simpático cartão de Boas Festas da Embaixada de Cabo Verde em Lisboa que aqui partilhamos com todos os patrícios das ilhas residentes em Portugal.


[0659] Quase na fim d'one... meia dúzia de pontos

1 - Este é o post geral n.º 663 e 364.º do presente ano. "Racionámos" os posts para darem exactamente a média de um por dia, coisa que se cumprirá no próximo e último de 2013, atingindo-se com ele a meta aritmética dos "certinhos" 365.

2 - Dentro de dias chegaremos às 100.000 visitas, talvez ainda em 2013 ou o mais tardar nos primeiros dias de 2014.

3 - Apraz-nos registar que na estatística de visitantes do blogue temos Portugal em primeiro lugar, os Estados Unidos da América em segundo e Cabo Verde logo em terceiro, lutando com a América pela segunda posição. De qualquer modo, é garantido que em  Portugal e nos States muitos visitantes serão cabo-verdianos. O que é uma grande alegria para o Pd'B, pois para eles ele é feito.

Estatística desde o primeiro dia do Pd'B até hoje, 17.12.2013 pelas 14h25. Não surgem aqui muitos outros países com visitantes em número inferior aos 356 de Macau, dado que se trata de um top-ten

4 - Prestes a fazer três anos de vida (iniciada a 7.Fevereiro.2011), o Pd'B consegue assim uma média de mais de 300.000 visitantes por ano o que é um regalo para o espírito e um incentivo para este blogue que se dedica em exclusivo às coisas de São Vicente e do Mindelo, embora também dê de vez em quando umas passeatas por outros interesses cabo-verdianos, nas ilhas e na diáspora.

5 - O Pd'B agradece a camaradagem e simpatia dos blogues parceiros "Arrozcatum" e "Esquina do Tempo", ambos também muito são-vicentinos e mindelenses, aos colaboradores o apoio e aos leitores as visitas. Lamenta porém que não haja mais participação em comentários, mas reconhece que é mal geral de blogues onde não se pratica o "mata e esfola" em que os leitores adoram "matar" e "esfolar". Como aqui não há sangue derramado, o silêncio da parte leitora é mais frequente... não nos queixemos, portanto.

6 - Seis palavras finais: Continuaremos, com muito gosto e ligria!

[0658] Dois anos sem Cesária Évora mas sempre, sempre, com a sua voz

No dia em que passam dois anos sobre a sua morte, leia AQUI o muito interessante artigo de Clara Silva em conversa com Joe Wuerfel (o fotógrafo alemão da diva) saído hoje no jornal português I-online.


segunda-feira, 16 de dezembro de 2013

[0657] A viagem inaugural do navio misto "Alfredo da Silva" que tantas vezes arribou ao Porto Grande


Foi ele que trouxe de São Vicente para Lisboa o administrador do Pd'B e respectiva família, na primeira de suas três "hora di bai". Era um navio relativamente pequeno, de passageiros e carga e, como seria de esperar, teve alguns tripulantes cabo-verdianos. Nesse longínquo fim de ano de 1965, por exemplo, trazia na equipagem o Romualdo, antigo motorista do Capitão dos Portos. E vinha sem carga, o barco que habitualmente sobretudo transportava banana de Santo Antão, pelo que saltitava que nem um louco, Atlântico fora... Na sala de estar de segunda classe, havia sempre pelo menos uma lata de sumo a rebolar pelo chão, de bombordo para estibordo, de estibordo para bombordo... Tinha um irmão gémeo, o Manuel Alfredo, de idêntica boa memória.

E tal como acontece a todos os barcos (ou quase...) este também teve a sua viagem inaugural, Dela aqui se dá conta, em notícia do extinto "Diário Popular", de Lisboa, directamente para os nossos leitores. As características do Alfredo da Silva podem ser vistas AQUI.

7.DEZEMBRO.1950, Pág. 9

ULTRAMAR – VIAGEM INAUGURAL POR S. VICENTE DE CABO VERDE DO PAQUETE ALFREDO DA SILVA – (do nosso correspondente J. Inocêncio da Silva) A chegada a este porto do paquete Alfredo da Silva, da Sociedade Geral de Transportes, na sua viagem inaugural, constituiu um verdadeiro acontecimento. O agente daquela companhia, sr. Serafim Adrião Lima, convidou o capitão dos portos, os chefes das Repartições do Estado, vários comerciantes e outras individualidades para uma visita a bordo. Ali foram os convidados recebidos pelo comandante do navio, capitão Joaquim Marques Pereira, e pelo médico de bordo, sr. dr. Joaquim Lobo, que os acompanharam numa larga visita pelo navio, a qual deixou as melhores impressões. Depois da visita, no «deck», foi servido um lanche, durante o qual o sr. dr. Joaquim Lobo, em breves palavras, se referiu à acção da Sociedade Geral de Transportes, recordando o nome de D. Manuel de Melo, que – afirmou – se tem mostrado continuador da obra de Alfredo da Silva. O orador fez o elogio do sr. ministro da Marinha, que considerou o grande renovador da nossa frota mercante. Falaram ainda os srs. António Augusto Martins e Augusto Manuel Miranda. A viagem do Alfredo da Silva, feita à média de 14 milhas à hora, correspondeu inteiramente ao que se esperava da nova unidade.

[0656] Mais um contributo do Praia de Bote para a história do teatro em Cabo Verde

Pormenor ampliado de parte da notícia, para melhor leitura
A notícia é do "Diário de Lisboa" de 9 de Junho de 1940. Estava em cena no palco de Belém a grande Exposição do Mundo Português, também conhecida por Exposição dos Centenários. Ideia de Salazar, congregou vultuosas quantias e meios técnicos e humanos, fazendo-se assim a propaganda de um regime que assentava as suas bases ideológicas numa história nacional de grande feitos, conquistas e descobertas. Para o memorial da representação cabo-verdiana à exposição ficou o bate-pé de B. Léza que ao ver que a sua gente iria ficar "instalada" em cubatas à africana ameaçou junto de Henrique Galvão (um dos homens fortes do magno evento de 40) com uma deserção, caso as palhotas não fossem substituídas de imediato por casas como as das ilhas.

Mas o propósito deste post é mais outro... Leiam-se, na notícia alusiva à chegada da representação da Guiné, as palavras de Casimiro Tristão sobre o teatro em Cabo Verde. O Valdemar Pereira e o João Branco hão-se gostar de saber. E os restantes leitores ligados às ilhas, também, decerto... Claro que a página inteira do jornal seguirá daqui a minutos para a Associação Artística e Cultural Mindelact (melhor falando, para o seu arquivo de teatro), no Mercado Municipal de São Vicente que é o mesmo que dizer "Plurim d'virdura"...



[0655] Viagem de uma granada soviética das matas da Guiné até ao Recife...


domingo, 15 de dezembro de 2013

[0654] Cabo Verde: Chineses vão construir porto de águas profundas em São Vicente

Mindelo. A cidade, vista do Porto Grande - Foto José Carlos Marques
A empresa "China Road & Bridge Corporation" vai construir um porto de águas profundas e um terminal de cruzeiros e reabilitar os estaleiros da Cabnave na ilha cabo-verdiana de São Vicente, noticia hoje a imprensa local. Ler AQUI

sábado, 14 de dezembro de 2013

[0653] Jacques Cousteau esteve lá...

O "Calypso" de Jacques Cousteau
A notícia abaixo é de 24 de Novembro de 1959, do vespertino "Diário de Lisboa". E mostra que tal como outros (Auguste Piccard, por exemplo), o comandante Jacques Cousteau se interessou pela fauna e pela flora de Cabo Verde.

Relativamente à viagem de Piccard, dez anos antes, no final de Novembro de 1948, o Pd'B dará desenvolvida atenção logo no início do próximo ano.


Comandante Jacques Cousteau



quinta-feira, 12 de dezembro de 2013

[0652] Clubes de futebol de São Vicente

Clube Sportivo Mindelense
Não estão aqui todos representados, não senhor. Falta pelo menos um de grandes tradições, o "Castilho", do Grémio Sportivo Castilho, menina dos olhos do nosso amigo e colaborador Valdemar. Mas é que o Praia de Bote não conseguiu encontrar na internet uma representação do mesmo. Fica o maior adepto do clube e seu representante oficioso em França encarregado de encontrar uma reprodução decente do símbolo e de a enviar ao Pd'B para que o mundo inteiro a possa ver. Quanto ao "Derby", Futebol Clube de Derby, o único que descobrimos é microscópico. Faltarão outros também, que desconhecemos. Boa oportunidade portanto para os leitores darem um ar da sua graça e nos enviarem materiais que colmatem estas falhas. O endereço do blogue é mindelosempre@gmail.com. Cá esperamos, então.

VER ABAIXO, A RESPOSTA AO LONGO E ÚTIL COMENTÁRIO DO VALDEMAR

Associação Académica do Mindelo

Batuque Futebol Clube

Futebol Clube de Derby

Sport Clube Corinthians de S. Vicente
RESPOSTA AO COMENTÁRIO DO VALDEMAR:

Falta imperdoável minha, por me esquecer do Amarante ao qual me liga um episódio engraçado que se passou exactamente a 19 de Julho de 1999.

Estava eu a chegar a São Pedro, regressado pela primeira vez à minha ilha, quando vi pela janela do avião uma imensa massa de gente junto ao aeroporto, com bandeiras por todo o lado (até do Benfica, do Sporting e do Porto de Portugal), mais ainda muitas do PAICV. Disse cá para comigo: às tantas, vem aqui no avião alguma alta personalidade que não conheço e daí tamanha agitação. Mas não, na minha nave não vinha ninguém que interessasse àquele povo que não parava de gritar e de saltar. Saí, tinha lá o amigo Germano Almeida à espera e foi ele quem me disse que era tudo pessoal do Grupo Desportivo Amarante que tinha ganho pela primeira e única vez até então o campeonato de Cabo Verde. Havia despachado os "Vulcânicos" do Fogo por 2-0 e 1-1, o que chegou para se sagrar vencedor nesse ano. A minha mala entretanto tinha ido dar uma volta a São Nicolau, pelo que tivemos de esperar por ela, o que deu tempo para chegarem os craques Amarantinos do Fogo e serem levados para o Mindelo em delírio pelos seus adeptos. Um pouco depois, para não sermos triturados pela multidão que enchia a estrada para São Vicente em "iaces", carrinhas de caixa aberta, automóveis particulares, bicicletas e a pé, fomos calmamente para a cidade, no automóvel do Germano. Pedi ao meu amigo e hospedeiro para passar pela antiga Capitania, soltei alguns suspiros frente a ela e assim começaram 18 dias inesquecíveis de Mindelo e Santo Antão.

terça-feira, 10 de dezembro de 2013

[0649] Medalha da visita de Ramalho Eanes a Cabo Verde em 1980

Embora com bastantes reticências do próprio, o general Ramalho Eanes foi recentemente homenageado em Portugal por um grupo de amigos e admiradores. Claro que não se trata de personalidade que gere consenso total entre historiadores e comentadores políticos e tal como tem apoiantes incondicionais também possui os seus detractores de estimação. Enfim, é assim com quase toda gente que se aventurou por revoluções ou altos cargos. Mas a verdade é que na sua biografia pesam a honestidade e um desprendimento pelos bens materiais e honrarias bastante incomuns nas áreas em que se moveu, configurando-se como uma das figuras mais verticais e carismáticas do pós-25 de Abril. 

Pd'B reproduz hoje a medalha comemorativa da sua segunda viagem a Cabo Verde (16-20/Abril/1980), país onde já tinha estado dois anos antes. Trata-se de uma obra de S. Machado (Raul de Sousa Machado, oficial da Armada e artista plástico nascido em 1921).


segunda-feira, 9 de dezembro de 2013

[0648] Mais Eden Park: aproxima-se o fim d'one e as festas multiplicam-se no Mindelo - VEJA (E COMENTE) OS POSTS ANTERIORES

Embora a notícia tenha sido conhecida nos States apenas em Fevereiro de 1933, ela reporta-se ao Dezembro anterior. Estamos perto do fim d'one e o Mindelo prepara-se para mais um Natal, sobretudo um grandioso São Silvestre. As meninas já têm os vestidos prontos, os rapazes os fatinhos arranjados e os sapatos a brilhar de graxa. O Eden Park e os sardentos bifes da Western Telegraph Company dão o mote (aqui, só para amigos, gente fina, nada de pé descalço...). Enfim, prevê-se que a passagem de 1932 para 1933 será animada... O Pd'B lamenta que o redactor da notícia dê tantos erros ortográficos mas, coitado do rapaz, ele vive há tantos anos na América que aquele português já está bastante embotado.


[0647] Para a história do Eden Park e do cinema em Santo Antão

Eden Park - Foto José Carlos Marques
Pede-nos em comentário ao post anterior o nosso amigo e colaborador José Fortes Lopes "uma história de filmes de Eden Park para recordar". Ora como no Praia de Bote há tudo (ou quase tudo) sobre São Vicente e Cabo Verde, ela aqui vai, para que os cegos vejam que o Eden Park tem uma história rica e longa e que sem as paredes dele ela ficará bem mais pobre. Trata-se de uma notícia de 1927, quando o cinema já estava enraizado na nossa ilha e dava os primeiros passos na ilha irmã, Santo Antão.


domingo, 8 de dezembro de 2013

[0646] A Rua Dr. Manuel Torquato Viana de Meira no Mindelo

Vem o Praia de Bote de um exílio de vários dias para lavrar escrita cabo-verdiana e depara na sua caixa de correio electrónico com a conversa de um boise de Queluz e de um sport de Tours sobre o nome de uma rua do Mindelo. Os dois rapazes queriam saber onde fica a rua Dr. Manuel Torquato Viana de Meira, médico epidemiologista assaz importante para Cabo Verde de quem falámos há tempos (ver post 0606 AQUI). Vai daí, o Praia de Bote fez as malas, comprou o bilhetinho de avião para São Vicente e levantou voo para o aeroporto Cesária Évora (que era o que os dois artistas deviam ter feito). Claro que antes de regressar, já sabedor do local, ainda teve tempo para beber cinco grogues no "Boca de Tubarão"... o que mais demorou a resposta. Aqui vai ela, então...

A Rua Dr. Manuel Torquato Viana de Meira fica na zona do Monte Sossego, concretamente na margem do castiço bairro da nossa cidade mais próxima do Atlântico (talvez o correcto mesmo seja dizer que se estende na zona dos Montes, tendo por detrás a morada e à frente o Campinho). Ou seja, situa-se entre a Rua do Matadouro Velho e a Rua Manuel Matos. Portanto, rapazes, quando regressarem a nôs terra, façam o favor de descer a Rua de Lisboa, viram à esquerda, visitam a Praia de Bote (o Val terá arrepios de raiva quando passar frente ao Mindelense), bebem um grogue (ou mais) no Boca, voltam a virar à esquerda do bar ali na Rua Eduardo de Balsemão ao fundo da qual dão com a Praça Estrela, continuam até ao Largo John Millers, viram á direita numa escolinha que lá existe e pronto, estão na rua cujo nome é o do famoso médico. O percurso não é o mais curto mas é bem bonito.

Querem mais? Mandem para o Pd'B um balaio com mangas, bananas e papaias di téra! Ou julgam que eu não tenho mais que fazer? Ah, já agora, também um pacotinho de café de Santo Antão...

[0645] Teté Alhinho na presidência do Cabo Verde Music Awards

Teté Alhinho é a Presidente do Júri CVMA 2014. A cantora e compositora aceitou o convite da organização e lidera agora o processo de selecção dos nomeados e posteriormente de votação.

Teté Alhinho nasceu no Mindelo e desde muito cedo demonstrou o seu talento para a música, crescendo numa família alegre e muito musical que a incentivou para o caminho artístico.

Em 1975 foi estudar para Cuba onde recebe várias influências de outros ritmos que a marcam até aos dias de hoje.

Seguiram-se vários anos a viver no México onde já participava em espetáculos, programas radiofónicos e outras iniciativas musicais.

Foi mais tarde em Portugal que grava o seu primeiro single e a partir daí faz várias digressões pela Europa ao lado de Bana.

Em 89 regressa finalmente a Cabo Verde para se dedicar em exclusivo à música.

Integra o grupo Simentera com quem faz várias tournées pelo mundo e grava 4 CD.

Quando os Simentera terminaram Teté seguiu, até hoje, com a sua carreira a solo que foi sempre consolidando, mesmo durante os tempos do grupo.

Já gravou 5 CD a solo e tem neste momento um projecto de mais um.é